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Cinemas, Histórias e Laranjeiras - Episódio 6

  • Cinema

Em 2026, o curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) celebrará seus 20 anos de existência. Para marcar essa trajetória e homenagear as conquistas ao longo de duas décadas, o CriaLab|UEG desenvolve o projeto “Cinema, Histórias e Laranjeiras”. A iniciativa tem como objetivo reunir depoimentos de egressos e egressas de destaque, além de pessoas que contribuíram para a construção do curso, por meio de entrevistas que serão divulgadas nos canais institucionais da UEG e, posteriormente, organizadas em um e-book comemorativo. Como parte das ações comemorativas, também será realizado, em 2026, o plantio de um pomar de laranjeiras na Unidade Universitária Goiânia-Laranjeiras, com uma árvore representando cada turma formada. Confira abaixo o 6º episódio da série, com Gabriel Newton.

***

O diretor e roteirista Gabriel Newton Oliveira tem emprestado sua voz, seu olhar e sua experiência narrativa para o cenário do audiovisual goiano. Ele é cofundador da Estratosfilmes e vem construindo uma carreira marcada por projetos que dialogam com as periferias e a identidade do Centro-Oeste. Em meio a desafios do mercado local e reflexões sobre suas origens, referências e expectativas, Gabriel compartilha conosco sua trajetória nesta conversa exclusiva para o projeto Cinemas, Histórias e Laranjeiras.

Me fale um pouco sobre você. Quem é o Gabriel?

Eu nasci e cresci em Aparecida de Goiânia, no setor Garavelo. Sou filho da Rosana e do Manuel. Me formei ali mesmo no ensino médio e acho que já era uma das poucas pessoas da minha turma que tinha escrito “Cinema” no uniforme. Desde muito cedo, sempre tive esse interesse — principalmente ligado à escrita, mas, ao mesmo tempo, sou muito ansioso para esperar até terminar um livro ou um texto mais longo. Então vi no audiovisual, no cinema, um espaço onde eu podia trabalhar e exercer essa criatividade da escrita, mas de uma forma mais ágil, transformando a ideia em imagem com mais rapidez. Desde pequeno eu sempre fui muito criativo.

Descobri recentemente, na verdade, que essa vontade de contar histórias vem desde a infância: meus pais me deram uma máquina de datilografia. Meu pai pegou essa máquina numa empresa que estava fechando, onde ele trabalhava. E eu tinha essa máquina em casa. Desde os nove anos eu escrevia. Só que, na época, eu não fazia ideia de que aquilo tinha a ver com minha futura profissão. Mas já era um tipo de preparo. Comecei escrevendo algumas histórias e lembro que, mesmo pequeno, já pensava: “Deixa eu tentar fazer isso aqui de um jeito mais interessante”. De certa forma, eu já começava a pensar em estrutura narrativa.

Quando eu era bem novo, a primeira coisa que quis ser foi astronauta. E queria muito mesmo. Só que era muito perigoso. Aí pensei: “Não, melhor não ser astronauta. Vou ser espião”. Espião era legal demais — sempre adorei filmes de espionagem. Gostava muito mesmo. Só que também era perigoso, envolvia viajar muito, ficar longe. Aí lembro de ter esse raciocínio: “Espera aí, se eu fosse ator, eu poderia viver a vida do astronauta e do espião... e continuar em casa”. Só que eu nunca tive nenhum pingo de talento para atuação. E aí, um dia, assistindo ao Lisandro Nogueira, na TV Anhanguera — na época ele tinha um quadro às sextas-feiras, em que falava sobre cinema —, lembro de vê-lo anunciando algum filme que ia estrear. E ali eu liguei os pontos: por que eu queria ser astronauta ou espião? Porque eu queria viver grandes aventuras. Mas viver grandes aventuras é algo perigoso. Foi aí que entendi que, na verdade, o que eu queria era contar histórias.

Acho que tudo começou ali. No ensino médio, já fui com essa intenção de seguir algo ligado à criatividade. E quando chegou o terceiro ano, aquele momento de escolher a faculdade e tudo mais, eu já estava decidido.

Fiz o ensino fundamental numa escola pública. No ensino médio, meus pais conseguiram juntar uma grana — com muito esforço — para pagar uma escola particular para mim e para o meu irmão. Minha irmã, Nívia, que hoje também trabalha com audiovisual, foi uma pessoa muito importante nesse processo. Ela teve um papel fundamental nisso tudo.

Aí, naquela época, eu tinha que escolher uma faculdade. Eu já tinha colocado “Cinema” no uniforme, mas nem fazia ideia de onde se estudava isso, onde tinha o curso. Depois fui descobrir que o curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Goiás tinha uma ligação muito direta com o audiovisual.

Lembro que passei tanto na UFG quanto na UEG. Mas Publicidade e Propaganda não era a minha praia. Desde o primeiro ano, eu vivia na UEG. Estudava de manhã e era comum ficar lá nas tardes com alguns colegas — para experimentar, assistir filmes, começar a estudar de forma mais específica. Era um tempo de aprofundamento mesmo. E, apesar da estrutura precária na época, a UEG nos dava esse espaço para explorar a criatividade que a gente tinha. Acho que foi um período muito importante de “ócio criativo” dentro da universidade.

Lembro que, ainda no primeiro ano, um veterano virou pra gente e falou: “Vocês são muito folgados! Como é que, com três meses de curso, já estão querendo fazer um filme?”. E era isso mesmo. Com três meses de curso, eu e um colega chamado Antônio Henrique Queiroz fomos apresentar uma ideia para a turma: “A gente tem um filme assim e assim, e queria gravar ali na praça, atrás da UEG”.

Esse veterano ficou meio bravo, falou que a gente estava sendo abusado, querendo chegar achando que era fácil. Mas acho que, apesar do discurso meio ríspido, havia ali um certo reconhecimento de que as gerações mais novas estavam pegando uma UEG em transformação. A estrutura estava começando a melhorar, havia mais possibilidades sendo abertas para quem estava chegando, comparado à turma anterior. Esse é um pouco do Gabriel.

Na UEG, qual foi a sua primeira experiência de contar as histórias da forma como você queria?

Acho que o curso, por mais carente que fosse em alguns aspectos, permitia que a gente experimentasse diferentes funções. A primeira coisa que eu quis fazer foi escrever um filme. E, na época, eu nem fazia ideia do que era um roteiro, o que era direção. Mas eu sabia que era um tipo de documento — um documento-guia, que a gente estava estudando. A partir disso, comecei a experimentar várias áreas até chegar numa constância que as próprias aulas puxavam: a gente precisava escrever, precisava produzir.

E acho que, por conta dessas demandas, tudo foi se tornando mais direto, mais preciso. Porque aí eu conseguia estudar roteiro de uma maneira mais concreta: “Ah, beleza, no final do ano vai ter um concurso para produzir um curta”. Então, comecei a pensar: “Peraí, vou sentar aqui e escrever alguns curtas”. A ideia era ter algo para apresentar, porque eu queria ver meu filme sendo feito. No fim das contas, eu ainda não sabia, mas já tinha muito interesse por direção. Então, não queria só escrever, queria que o meu filme acontecesse mesmo. Tinha essa ânsia.

Dentro da UEG, naquele momento, a gente ainda tinha uma produção mais restrita, porque a estrutura era limitada. Então era necessário criar um certo senso de competição, o que eu acho que ajudava muito no aprendizado. A gente precisava escolher um filme da turma para ser o filme da turma, aquele que seria produzido. Isso incentivava bastante quem tinha interesse real, como eu, a trabalhar com mais foco, com mais dedicação na criação das primeiras histórias.

Logo cedo, nesses exercícios, entendi que meu objetivo era a ficção. Desde o início, dentro da UEG, ficou claro para mim que era isso que eu queria fazer. E fui estudando e tentando aprimorar esse caminho, sempre a partir das demandas das disciplinas. Ao mesmo tempo, a gente foi entendendo que existia também um mercado. Eu entrei na faculdade em 2011, e o país estava perto de implementar a Lei 12.485, a lei da TV paga. Existia um senso de comunidade muito forte — todo mundo falando: “Isso vai dar certo, isso vai ser bom, isso vai ser muito legal”.

Então a gente percebia: vai precisar de mais filmes, vai precisar de mais roteiristas. E com esse incentivo, que era também político, no sentido mais amplo, fui entendendo que o mercado precisava desse tipo de criatividade. Acho que foi por esses dois eixos que tudo começou a se construir para mim.

Como é que você vincula a questão academia e mercado? Como foi essa transição, ou pelo menos esse diálogo?

Acho que esse é um questionamento muito presente, porque muita gente acaba não terminando o curso da UEG. Muitas vezes, essas pessoas entram direto no mercado, se envolvem num fluxo intenso de trabalho e acabam sendo puxadas para dentro de um ciclo que se retroalimenta. Você começa a trabalhar demais e, com isso, não consegue se formar.

Desde muito cedo, eu entendi que queria me formar. Talvez por uma sensação de que eu precisava do título, sabe? De ter o diploma em mãos. Mas também porque eu percebia que a faculdade oferecia uma base muito interessante — uma base que o mercado não tem. O mercado, até hoje, tem uma deficiência grande nesse sentido. Por exemplo: quando você vai fazer uma publicidade, dá para perceber a diferença entre quem vem com uma bagagem construída na faculdade — especialmente se essa pessoa passou pela formação de forma atenta — e quem se formou apenas pela prática de mercado, mais no modo “mão na massa”. Isso faz diferença. E acho que esse tipo de estrutura te permite se destacar.

Tenho absoluta certeza de que o primeiro trabalho de roteiro que recebi, que não era ligado diretamente a um projeto meu, aconteceu por causa da faculdade. Eu e uma turma éramos apaixonados por Breaking Bad. Assistimos ao último episódio juntos, tinha um senso de comunidade muito forte ali — de discutir com veteranos, com alunos de outros anos. E, por conta disso, todo mundo sabia: “O Gabriel gosta de roteiro. O Gabriel gosta de Breaking Bad”. E aí surgiu um convite da Revista Janela, que estava produzindo um podcast sobre séries. Me chamaram por causa dessa reputação que eu tinha na faculdade — sempre próximo dos veteranos, dos professores, de quem já estava atuando no mercado.

Participei do podcast, e aí o diretor Rob Day Bruno, do Cinema Goiano, escutou. Ele estava montando uma sala de roteiro para desenvolver a primeira série de ficção dele — uma série de ficção científica com elementos de fantasia. Me ouviu falando no podcast sobre meu interesse em séries, e isso despertou o interesse dele. Depois a gente fez uma entrevista, alguns processos seletivos… mas tudo começou ali. Para mim, foi uma conciliação entre o ambiente acadêmico e o mercado. Foi através dessas discussões que aconteciam dentro da faculdade — entre professores, alunos, turmas diferentes — que acabei inserido no mercado de trabalho. E, de certa forma, foi algo até meio prestigioso. Porque eu estava atuando como roteirista numa sala de roteiro — o que, na época, não era algo muito comum por aqui.

Quem são os profissionais e as obras que compuseram o seu gosto?

Cara, acho que sempre fui muito ligado à televisão. Estava, inclusive, passando por esses questionamentos recentemente, enquanto desenvolvia um projeto aqui. A gente vive nessa dúvida constante, né? Tipo: “Quem sou eu no mercado? Qual é o meu perfil?”.

Acho que cresci assistindo muita TV porque era a diversão mais barata, mais acessível que eu tinha. E assisti a muitas séries. Eu vi todas as temporadas de CSI, especialmente CSI: Las Vegas. Vi tudo mesmo. Hoje entendo que não são obras de altíssima qualidade, mas, na época, consumi tudo. Vi quase todas as séries antigas — tudo de Breaking Bad para trás. E, mais recentemente, Game of Thrones. Série sempre foi uma coisa que mexeu muito comigo. É um tipo de narrativa que me acompanha há muitos anos. Se eu tivesse que escolher uma obra que me inspira há muito tempo, seria Lost. Sempre fui um grande fã de Lost. Acho que tem ali muitos elementos com os quais eu gosto de trabalhar: uma ficção científica com um lado fantasioso, mas com um drama pessoal muito forte, muito profundo. Lost é uma obra que me guia até hoje. Volta e meia eu revisito.

Desde o começo, fui muito movido por esse gosto misto entre séries e filmes. Acabei assistindo muita coisa ao longo dos anos. Lembro que o Stanley Kubrick foi, por um tempo, uma obsessão. Passei por uma fase de hiperfoco nas obras dele — gostava muito mesmo. Outro diretor que me marcou bastante foi o David Fincher. Sempre gostei muito do trabalho dele também.

E, tentando virar esse olhar mais para o cinema brasileiro, acho que não tem como não falar do Walter Salles. A obra dele, ao longo do tempo, foi muito importante pra mim. E o Karim Aïnouz também — um diretor que sempre mexeu muito comigo, justamente por fazer um tipo de cinema que, no meu ponto de vista, consegue reunir vários dos meus interesses dentro de uma obra nacional, e ainda com repercussão internacional. Acho que é essa a minha base formadora.

QUOTE

E o que é o cinema goiano?

Acho que essa é uma discussão que a gente já vem tendo há alguns anos. O cinema goiano teve uma época em que ele tinha uma identidade mais clara. Houve um período em que as produtoras funcionavam de um jeito mais unido — e acho que isso acabava reverberando nas obras também.

Quando saí da faculdade, ali por 2013, 2014, teve um momento importante com o surgimento de Juli, Agosto e Setembro, do Jarléu, que era um projeto da Panacéia. A Panacéia, com a Larissa Fernandes e outros nomes, era uma dessas produtoras que representavam bem esse momento.

Naquela época, eu sentia que havia uma produção com unidade — filmes que estavam tentando correr por fora do circuito nacional, mas que, ao mesmo tempo, traziam muito da identidade do Centro-Oeste. Um Centro-Oeste interpretado de formas diferentes por diretores diferentes, mas que ainda se reconheciam num mesmo território estético e narrativo.

Nos últimos anos, porém, acho que o cinema goiano tem passado por uma crise de identidade. Já não vejo mais aquela força — nem na proximidade entre as produtoras, nem na construção de uma obra que dialogue entre si. Talvez agora, no pós-pandemia, a gente esteja entrando num momento de retomada — com produções maiores voltando a acontecer. Mas, hoje, eu diria que o cinema goiano ainda está em formação.

Inclusive, percebo que muita gente nem se classifica mais nesse lugar de “cinema goiano”. Existe uma certa dispersão, talvez até um afastamento dessa ideia coletiva.

Você acha que isso se deve à pandemia?

Claro, acho que a pandemia teve um impacto muito forte, sim. Ela causou, principalmente, um êxodo de profissionais goianos. Hoje, temos muitos profissionais que estão em outros estados e que voltam para cá apenas para projetos muito pontuais.

Isso acontece porque, no fim das contas, o mercado goiano não consegue pagar o que o mercado de São Paulo, por exemplo, consegue oferecer. E muitos goianos acabaram migrando para lá. Mas, sinceramente, sinto que essa crise de identidade do cinema goiano vem de um pouco antes da pandemia. Talvez de um momento em que se tentou construir muitas coisas — como, por exemplo, a GoFilmes, que é a associação de produtores. Só que, nos últimos anos, acho que a atuação da GoFilmes tem sido muito tímida. Ela vem perdendo espaço nas decisões do mercado, no diálogo com o governo, nas políticas de fomento.

E isso está muito ligado às crises financeiras que o cinema goiano vem enfrentando. Se a gente olhar bem, desde antes da pandemia — com a mudança de governo, com a chegada do governo Bolsonaro, mudanças na Lei Goyazes e outras questões —, tudo isso já vinha prejudicando o setor financeiramente. Essas dificuldades acabaram gerando dois efeitos: o êxodo de profissionais (que a pandemia só agravou e evidenciou) e essa falta de unidade que talvez tenha começado uns três anos antes da pandemia.

As crises financeiras tiraram muita gente do circuito e acabaram gerando um comportamento mais isolado entre os produtores. Hoje, sinto que cada um está muito focado em “fazer o seu”. E isso não vem de uma escolha egoísta, mas de uma necessidade de sobrevivência.

Existe essa lógica: “como eu vou fechar o meu orçamento?”, “como eu vou realizar meu projeto com o pouco que tenho?”, e isso vem de uma estrutura que foi enfraquecida pelas políticas públicas — ou pela ausência delas. O cinema goiano tem perdido verba com muita facilidade, e isso afeta todo o ecossistema.

Acho que essa falta de unidade tem muito a ver com isso. Se a gente conseguisse ter uma nova frequência — uma sensação de que, por exemplo, o ano que vem vai ser razoável (não precisa nem ser ótimo, só razoável) —, acho que as produtoras voltariam a se conversar de forma mais colaborativa. Hoje, parece que todo mundo está comendo o “primeiro pedaço”, tentando garantir o seu antes que acabe. E isso é algo que não só eu, mas muitas pessoas vêm percebendo.

Me fala um pouquinho da Estratosfilmes Filmes.

A Estratosfilmes nasceu no meu último ano de faculdade, dentro de um ônibus. A gente tinha acabado de aprovar nosso primeiro curta, Horizontes — que também foi meu primeiro curta como diretor — num edital do FAC. Se não me engano, era algo em torno de 20 mil reais.

Na época, eu estava indo de ônibus com o Micael, meu sócio mais longevo — Micael Vieira Bispo da Silva. Hoje ele mora em São Paulo, é um desses profissionais que acabaram saindo daqui nesse êxodo que a gente falou. A Estratosfilmes foi fundada por nós dois, junto com o Victor Vinícius e a Jéssica Gregório — que hoje não mora mais no Brasil. No começo éramos quatro, e a ideia era equilibrar dois produtores e dois criativos/diretores. Desde 2014, a gente não parou mais.

Entre 2014 e 2019, fizemos muita coisa. A Estratosfilmes chegou a ser uma das produtoras responsáveis pelo coletivo Formigueiro, que funcionava no Setor Sul. A gente teve até duas sedes. Gastamos muito dinheiro da própria Estratosfilmes com isso, mas era um projeto no qual acreditávamos muito. Talvez até isso seja um sintoma da diminuição do espírito coletivo hoje: naquela época, investir em coletivo fazia parte da nossa lógica de existência.

A Estratosfilmes nasceu com um perfil mais burocrático também. A gente começou aprovando muitos projetos. A verdade é que a gente nem sabia muito bem como “entrar no sistema”. Se existia alguma “panelinha”, a gente entrou sem querer (risos). Foram cinco curtas meus aprovados, mais uns seis de outros diretores. A gente atuava forte na produção executiva e foi se especializando em montar projetos pensados principalmente para ficção — e para os diretores.

Com o tempo, a estrutura da empresa foi mudando. A sociedade mais longa que a gente teve foi entre eu e o Micael. Eu ficava com a parte criativa — direção, roteiro, escrita e elaboração dos projetos — e ele fazia a frente da produção executiva, articulando com outras produtoras e com a parte administrativa.

Hoje, a Estratosfilmes é uma das poucas produtoras de nível 2 da Ancine em Goiás — acho que são só seis ou sete no estado. A gente já tem dois projetos de série rodados: Sal a Gosto, que é uma série de ficção minha, com dez episódios de 26 minutos; e Dias de Luta, também com roteiro e direção meus, uma série documental com cinco episódios, cada um retratando um dia importante para a população negra brasileira.

Hoje, a Estratosfilmes tem esse foco: produzir conteúdo do Centro-Oeste, com olhar da periferia, mas em diálogo com o mercado audiovisual nacional.

Atualmente, temos um curta de ficção em fase de distribuição, também meu. Em agosto, vamos filmar dois episódios da série Pontos Finais, aprovada pela Lei Paulo Gustavo. E, no fim do ano, vamos filmar nosso primeiro longa-metragem de ficção, chamado Estrelinha. Vai ser meu primeiro longa, depois de já termos feito série de ficção antes. Estrelinha é um filme sobre a periferia de Goiânia — um tema muito caro à Estratosfilmes.

Hoje, a equipe fixa da Estratosfilmes sou eu, a Nívia — que é formada em matemática, trabalha com produção executiva e também é atriz —, e a Wilma Moraes, que é coordenadora de produção, diretora de arte e atua bastante na organização dos projetos, dando corpo à produtora. A verdade é que a gente acabou abraçando o mundo. E agora estamos num momento de olhar mais para dentro e fortalecer o que é interno.

De um ponto de vista artístico, como é fazer uma série?

Fazer uma série foi um sonho que eu tinha há muito tempo. O Sal a Gosto foi meu primeiro projeto de série de ficção — 10 episódios de 26 minutos — e foi um processo muito interessante. Ele acabou sendo bastante marcado pela pandemia. A produção executiva seria feita pelo Micael Vieira Bispo e pela Adriana Rodrigues, que era sócia e dona da Flow Projetos. Mas, durante a pandemia, a Adriana faleceu de covid-19, e a gente começou o projeto lidando com essa perda.

A Adriana era uma pessoa muito experiente no mercado, generosa, que me deu várias oportunidades no começo da minha carreira. A morte dela no início do projeto nos deixou um tempo meio perdidos, e isso marcou muito o desenvolvimento do Sal a Gosto. Por isso, o processo demorou um pouco para se organizar, para virar uma construção de série mais “normal”.

Para mim, produzir uma série é algo que ainda pretendo fazer muitas vezes na vida. É um gênero e uma linguagem que me interessam muito, porque possibilitam um diálogo mais amplo, uma conversa que pode se estender, falar de temas com profundidade.

No Sal a Gosto, a construção dos personagens principais foi essencial. A série acompanha o Sal Augusto, que é o cabeça de uma família de periferia que administra um restaurante que ocupa metade da casa — metade é restaurante, metade é residência. A gente queria mostrar como algumas profissões acabam consumindo nosso estilo de vida, e essa família era o ponto de partida para isso. O processo foi muito de criar a voz singular de cada personagem e, a partir daí, construir o arco narrativo da temporada inteira.

A série começa no final de 2019, e acabou virando uma série de época porque só gravamos em 2022. A narrativa vai até o início da pandemia, porque, durante o aperfeiçoamento do roteiro e dos tratamentos, percebi que um restaurante de periferia em Goiânia tem dois momentos: antes e depois da pandemia. Então, o Sal a Gosto termina essa primeira temporada com o início da pandemia, o momento em que os restaurantes precisaram fechar. Esse é o gancho da temporada.

Mas a gente não tem intenção de fazer uma segunda temporada. Além da perda da Adriana Rodrigues, o projeto também perdeu a protagonista, Valéria Vieira, que faleceu antes de assistir à estreia da série aqui em Goiânia. Outro amigo importante, Jonathan Barroso, que era produtor de objetos e arte do Sal a Gosto, também faleceu depois da produção, mas antes do lançamento.

A série foi exibida na TV Brasil e na TV UFG, e estamos ainda buscando uma janela em alguma plataforma de streaming para disponibilizá-la.Apesar dessas perdas pesadas que marcaram o projeto, eu aprendi muito sobre o desenvolvimento de uma série, sobre as dificuldades de manter um arco longo narrativamente, e sobre a quantidade de histórias que são necessárias para preencher 10 episódios de 26 minutos. 

O que você diria para os estudantes que estão hoje no curso de cinema e audiovisual?

Então, atualmente a Estratosfilmes conseguiu, finalmente, trazer duas pessoas estagiárias da UEG. E aí eu fui percebendo — parecia que eu estava querendo dar aula, sabe? Passar o máximo de conhecimento para essa nova geração. E eu sinto muito isso, de verdade. Eu acho que, de certa forma, o mercado existe, mas é importante entender que nem todo mundo que está na faculdade vai continuar na área ou vai trabalhar com audiovisual. E isso não é uma obrigação — é algo que tem que estar no imaginário de quem está começando, para aliviar a pressão. Conheço muita gente da minha turma que não trabalha com audiovisual hoje, mas que tentou ao máximo se dedicar, se jogar nessa área enquanto estava na faculdade. Então, para essa nova geração, eu diria que é importante tentar, se arriscar, mergulhar no curso, nas oportunidades, enquanto puder.

Sobre o mercado, eu acho que o mercado goiano existe — talvez mais o mercado do que o cinema em si. O mercado goiano ainda consegue absorver muitos profissionais e há uma demanda, mesmo que pequena, para alguns deles.

Porque, assim como em outras áreas, o audiovisual é um campo instável. Pode surgir, por exemplo, uma inteligência artificial que seja incrível em design e isso pode impactar a área criativa. Então, o audiovisual, enquanto existir do jeito que existe hoje, é uma arte que vale muito a pena investir e explorar.

 

 

(Comunicação Setorial|UEG, com informações do CriaLab)

Notícia publicada em 06/08/2025

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