Os minicursos terão duração de até 2h por sessão e serão ofertados em um ou dois dias (conferir programação abaixo).

Cada participante poderá se inscrever em até dois minicursos, desde que não haja conflito de horário.

 

10 DE NOVEMBRO 

17h às 19h

Minicurso 2: Plurilinguísmo e transculturalidade na educação linguística com crianças – Profa. Dra. Giuliana Castro Brossi (UEG)

Neste minicurso, objetivamos revisitar conceitos e construir sentidos acerca da educação linguística (PESSOA; SILVA; FREITAS, 2021) com crianças (TONELLI, 2021; TONELLI; KAWACHI-FURLAN, 2021), abarcando vivências e possibilidades por meio do plurilinguismo e da transculturalidade (REZENDE, 2020; BROSSI; SILVA; FREITAS, 2020). No decorrer do minicurso, teremos momentos de reflexão, problematização, vivências e co-criação de atividades e projetos temáticos que ultrapassam as barreiras disciplinares, envolvendo também os multiletramentos. As praxiologias apresentadas no decorrer do minicurso compõem o repertório desenvolvido em parceria com diversos grupos interinstitucionais e interestaduais que têm em comum a educação linguística crítica com crianças de todas as idades, e se fortalecem no esperançar (FREIRE, 1987; 1991) promovido em contextos diversos. A temática do minicurso pode interessar a professoras/es que atuam na educação infantil, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, em contextos públicos e privados. Professoras/es em formação inicial nos cursos de Letras e de Pedagogia fazem parte do público-alvo neste minicurso, para além do ensino de línguas nomeadas, considerando que as línguas/linguagens nos constituem (BAKHTIN, 2018; VOLÓCHINOV, 2021) no decorrer de todas as experiências (não)escolares. Quando compreendemos nossas salas de aula como espaços constituídos pela diversidade cultural e linguística, expandimos nossos olhares e nossas vivências, ressignificamos a construção de repertórios, multiplicando e diversificando as possibilidades de práticas sociais locais e situadas, rompendo com discursos centralizadores e monolíngues.

 

Minicurso 8: Introdução à Análise Multidimensional – Profa. Dra. Maria Cláudia Delfino (FATEC)

A Análise Multidimensional (MDA) é uma abordagem metodológica desenvolvida por Biber (1988), que identifica padrões de co-ocorrência de características linguísticas, que são chamados de dimensão, onde diferentes padrões de co-ocorrência representam diferentes dimensões de variação linguística. É uma técnica baseada em análise fatorial e esses padrões de co-ocorrência podem ser interpretados funcionalmente (Biber, 1988), lexicalmente (Berber Sardinha, 2014) ou semanticamente (Berber Sardinha e Delfino, 2022). Neste minicurso falaremos sobre: a) visão geral da Linguística de Corpus; b) importância do registro nos estudos linguísticos; c) critérios de coleta e armazenamento de textos para formar um corpus a ser analisado; d) etiquetamento semântico de um corpus de letra de música em língua inglesa; e) passos para desenvolver uma análise multidimensional; f) interpretação dos resultados.

 

Minicurso 12: O mitológico em "A Sibilia de Augustina Bessa-Luís" – Profa. Me. Nair Fernandes Pereira (UFG)

A Sibila, romance de Agustina Bessa-Luís publicado em 1954, vencedor dos prêmios Delfim Guimarães e Eça de Queirós, apresenta em seu título uma das figuras clássicas da mitologia greco-romana, as sibilas, mulheres virgens, sacerdotisas de Apolo, detentoras de saberes e poderes especiais, capazes de realizar profecias. A obra de Bessa-Luís traça o perfil de Quina, uma espécie de sibila contemporânea, detentora de sabedoria única, que instaura um matriarcado e reconstrói o patrimônio perdido de sua família. Este minicurso propõe explorar o mitológico no romance de Bessa-Luís, de modo a contrastar a imagem da sibila Quina com as sibilas da Antiguidade Clássica. Para tanto, embasamo-nos em Beauvoir (2009), Bloch (1995), Brandão (2014), Fonseca (2010, 2013 e 2017), Kury (2009) e Moisés (2001 e 2013).

 

10 E 11 DE NOVEMBRO

08h30min às 10h30min

Minicurso 1: Como pesquisar autoras medievais – Dndo Luã Áquila Freitas 

O estudo e a pesquisa de mulheres autoras é difícil, considerando uma série de questões que se alastram e reverberam um olhar misógino dentro e fora da academia. Observamos, de um geral modo, a escassa presença de autoria feminina nos currículos universitários e nos currículos do ensino básico. Ora, mulheres existem e existiram no decorrer da humanidade, produzindo escrita e intelectualidade de modo brando. No presente minicurso, iremos enfocar nas dificuldades e problemáticas de se realizar estudos de autoras medievais. Para além disso, focaremos em diferentes estratégias que possibilitam a execução de tais estudos. Em minha trajetória, pessoal e enquanto pesquisador e acadêmico, houve um interesse profundo pela escrita de mulheres do período medieval. Esse interesse se deu de modo concomitante com a revolta pela indisponibilidade e dificuldade em acessar esses escritos, considerando a falta de tradução e de acessibilidade virtual e física dos livros e textos, de um geral modo. Dentro desse cenário e, agora, ao final de um doutoramento de escrita religiosa de autoras medievais, foi necessário encontrar maneiras, recursos, estratégias, etc. para a realização dos estudos acima mencionados. Encontramos, ainda, dificuldades e truncamentos na recepção crítica dos escritos de autoras mulheres do período medieval, algo que, também, enfocaremos em nosso diálogo. O minicurso terá um caráter expositivo e dialogado, que contará com a presença de uma exposição acerca da realização de pesquisas sobre autoras medievais, seguido de um diálogo com os participantes do curso. Assim sendo, proponho um diálogo acerca de diferentes caminhos e possibilidades para a realização de pesquisas de autoras medievais.

 

17h às 19h

Minicurso 3: A pesquisa em História Social da Língua – Prof. Dr. Hélcius Batista Pereira (UEM)

A “História Social de uma língua é o estudo das condições que levaram determinadas comunidades a desenvolver uma língua própria, a receber uma língua transplantada, ou mesmo a desaparecer, levando consigo sua língua” (CASTILHO, 2010, p.169). Necessariamente transdisciplinar, a História Social da Língua explora as interações entre o linguístico e o socio-histórico, lançando mão de diversas perspectivas da Linguística, mas também da História, da Sociologia e de outros campos científicos. Nesse minicurso, o participante poderá refletir sobre as possibilidades de pesquisa nessa área e será convidado para pensar a História da Língua para além dos limites da mudança gramatical.

 

Minicurso 4: Personagens no diminutivo: os contextos formativos e educacionais em narrativas literárias do século XX – Prof. Dr. Luciano de Jesus Gonçalves (IFTO)

Este minicurso abordará narrativas breves de autores, obras e contextos distintos que se aproximam na forma e no tema. Escritores como Alcântara Machado, Osman Lins, Clarice Lispector e Samuel Rawet possuem em suas produções personagens que parecem criar uma linhagem de heróis no diminutivo, linhagem esta anunciada já em seus títulos, a exemplo de Gaetaninho, Doidinho, Mineirinho e Gringuinho. A partir do nome que encerra diminuição, de maneira comparativa, o minicurso apresentará tais obras e personagens tendo como fio condutor os contextos formativos que as ambientam, bem como as escolhas e efeitos estéticos ali presentes.

 

Minicurso 5: Interfaces entre cinema, literatura, violência e psicanálise – Profa. Dra. Iza Toledo e Prof. Dr. Ewerton de Freitas Ignácio

Este minicurso, à luz das teorias freudianas do social e de outras contribuições de cunho psicanalítico e filosófico (LACAN, 1948/1998), (COSTA, 2021), (ARENDT, 2014), versará sobre o manejo da violência no âmbito da literatura e do cinema sob um viés psicanalítico. Nosso objetivo é explorar as maneiras pelas quais a violência é perpetrada, sofrida e representada no (con)texto literário e no cinematográfico, bem como estudar as contribuições da psicanálise sobre o tema. O corpus de análise se compõe de contos da obra Insubmissas lágrimas de mulheres (2020) de Conceição Evaristo, Terra sonâmbula (1992), romance de Mia Couto, e do filme homônimo que resulta da transposição desse romance para o cinema, produção dirigida por Teresa Prata, em 2007. Dessa maneira, por meio da leitura e análise comparativa dessas produções literárias e do fruto da reelaboração de uma delas para o cinema, estruturas clínicas e abordagens psicanalíticas, em sua relação com a irrupção da violência, serão consideradas, buscando evidenciar que arte e psicanálise, em seus intercambiamentos, propiciam compreensões possíveis da natureza humana em sua profunda complexidade.

 

Minicurso 6: Poéticas do visível: variações sobre poesia e imagem – Prof. Dr. Paulo Eduardo Benites (UNIR)

Este minicurso tem como foco a poesia brasileira contemporânea em sua relação com os modos de aparição das imagens. Partindo do pressuposto de que há um processo de sobrevivência da imagem na escrita, à luz de teóricos como Anne-Marie Christin, Georges Didi-Huberman e Marjorie Perloff, analisaremos as variadas formas como a poesia brasileira contemporânea tem articulado a aproximação com outras artes e mídias. Serão levados em consideração procedimentos como a colagem, a montagem, a poética do iconotexto, os efeitos fantasmáticos, a poética da contenção, as práticas poéticas do gênio não-original, como variações da aproximação entre a poesia e a imagem. Para tanto, o minicurso propõe, em seu primeiro momento, articular a investigação teórica sobre a interação entre a escrita e a imagem, a literatura e as artes para, no segundo instante, se debruçar em obras de poetas como Carlito Azevedo, Micheliny Verunschk, Ana Martins Marques, Natália Agra, Ricardo Aleixo, entre outros, a fim de promover exercícios críticos de leitura que favoreçam o estudo das relações intermídias no campo das poéticas contemporâneas.

 

Minicurso 7: Canção e Cinema brasileiros: crise e reinvenção na periferia do capitalismo – Glauber Lopes Xavier (UEG) e Émile Cardoso Andrade (UEG)

Compreender o Brasil através de sua música e de suas imagens é tarefa de todo estudioso das ciências humanas e da linguagem. Compreender os atravessamentos políticos entre crises e criações destas manifestações culturais é também um procedimento fundamental nesse sentido. Este minicurso tem o intuito de perscrutar uma parte da produção cultural brasileira desde os anos 50 até hoje, mais especificamente as canções e a filmografia que reflete sobre questões político-econômicas do país desde então. Interessa-nos voltar os olhos a um panorama do cancioneiro popular brasileiro – desde o Tropicalismo até as manifestações musicais contemporâneas – e do cinema nacional – desde o Cinema Novo às películas produzidas agora. Nesse sentido, concentramos nossa atenção para o contexto político econômico destas obras e o conjunto de temas abordados por elas, em especial as relações entre as crises que atravessaram o país e suas reverberações nas letras e imagens produzidas por nossos artistas neste período. Interessa-nos ainda, perceber de que maneira e sob quais procedimentos estéticos-artísticos estas mesmas crises são.

 

Minicurso 9: Linguística Funcional Centrada no Uso: teoria e método – Prof. Dr. Monclar Guimarães Lopes (UFF)

A Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU) é um modelo de análise linguística que se define como um desdobramento recente da Linguística Funcional Norte-Americana, com aportes teóricos da Linguística Cognitiva e da Gramática de Construções (cf. GOLDBERG, 1995, 2003; CROFT, 2001). Nessa perspectiva, compartilhamos a ideia de que a estrutura linguística reflete a estrutura da experiência – isto é, “o conhecimento do mundo e do conhecimento linguístico seguem, essencialmente, os mesmos padrões” (FURTADO DA CUNHA, BISPO e SILVA, 2013, p. 15). A LFCU desenvolve suas análises empíricas a partir de propriedades formais (sintaxe, morfologia e fonologia) e funcionais (semântica, pragmática e discurso), de modo holístico. Sob essa perspectiva, a categorização, o uso e a mudança linguística são o resultado de processos cognitivos e interacionais gerais, motivo pelo qual se devem considerar as funções semântico-cognitivas e discursivo-pragmáticas na descrição e explicitação dos fatos linguísticos, sempre com igual atenção para os aspectos formais. Neste minicurso, temos como objetivo apresentar os pressupostos gerais da LFCU, alguns princípios analíticos, bem como o método misto para a análise de dados sincrônicos das línguas naturais. Por meio de discussão e reflexão, pretendemos levar os cursistas a refletir sobre a necessidade de descrever a gramática sob um modelo holístico de análise linguística, que conjugue parâmetros estruturais, semânticos, pragmáticos e discursivos.

 

Minicurso 10: Ensino de língua portuguesa balizado pelas teorias de Análise do Discurso: possibilidades de trabalho com a leitura e produção textual – Prof. Dr. Guilherme Figueira-Borges, Profa. Me. Sueli Paiva dos Santos (UFCAT) e Profa. Me. Gislene de Sousa Oliveira Silva (UFCAT)

A análise do discurso tem se delineado um campo teórico, na linguística, que fornece instrumentos conceituais relevantes para o ensino-aprendizagem do funcionamento da língua portuguesa. Os estudos discursivos abrem a possibilidade de se trabalhar/pensar a constituição subjetiva dos alunos por meio da relação constitutiva e constituinte com a língua em espaços sociais. Nesse sentido, esse minicurso tem por objetivo analisar possibilidades de ensino de língua portuguesa balizado pelas teorias de Análise do Discurso, lançando o olhar para trabalhos com a leitura e produção textual em sala de aula. Para tanto, inscrevemo-nos no campo da Análise do Discurso foucaultiana (1996, 2008, 2009, 2010, 2011, 2018) em diálogo com o campo da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2006; Pennycook, 2006). A partir das discussões empreendidas nesse minicurso, demonstraremos que a leitura deve, por um lado, ser pensa enquanto uma construção de sensibilidades do olhar que remarcam jogos de posições do sujeito em relação práticas de linguagem na qual ele se encontra inserido. A escrita, por outro lado, evidencia um gesto subjetivo do sujeito na construção de realidades de língua(gem), delimitadas em orações, períodos e parágrafos.

 

 

Minicurso 11: Misoginia em personagens vicentina – Me. Leicina Alves Xavier Pires e Profa. Dra. Márcia Maria de Melo Araujo

A Misoginia ocidental tem herança na antiguidade clássica, se estendendo e desenvolvendo na Idade Média. Gil Vicente não ficou imune a essa situação, mesmo tendo um olhar adiante do seu tempo. Nesse sentido, o minicurso tem como proposta investigar vestígios misóginos em três personagens vicentinas: Constança, do Auto da Índia (1509); Isabel, de Quem tem farelos? (1515), e Inês Pereira, da Farsa de Inês Pereira (1523). Para o minicurso, selecionamos tais personagens sob a ótica da misoginia estudada por Howard Bloch (1995) e Pedro Carlos Louzada Fonseca (2017), para demonstrar, por meio das características e diálogos das personagens, aspectos misóginos, que se solidificaram na cultura medieval. O minicurso delimita-se em torno dessas personagens, para mostrar como o comediógrafo português sofistica o pensamento misógino, e, mimeticamente, reproduz vários dos topoi da cultura misógina.

 

11 DE NOVEMBRO

17h às 19h

Minicurso 13: Translinguagem, ensino e identidades – Prof. Dr. Diogo Oliveira do Espírito Santo (UFRB)

A translinguagem representa um esforço de educadore(a)s e pesquisadore(a)s para construir alternativas de estudo das práticas de linguagem contemporâneas em bases que acolham os mais diversos recursos que os sujeitos empregam para fazerem sentido de seus mundos. Situada na intersecção entre linguagem, identidade, sociedade e ensino, a translinguagem, como uma ação transdisciplinar e transformadora, tem nos permitido repensar como compreendemos e ensinamos línguas. Frente ao exposto, este minicurso tem como objetivo apresentar tal força potencial a partir de três perspectivas, a saber: a translinguagem como uma prática discursiva fluida que indexa e incorpora as biografias e experiências de sujeitos lidos como bi/multilíngues; a translinguagem como pedagogia que se embasa nos recursos semióticos trazidos pelo(a)s aluno(a)s como um modo de negociar novos conhecimentos; e a translinguagem como um conjunto de propostas teóricas que se opõem à herança monolíngue, monocultural e monomodal de se fazer pesquisa. Para isso, serão debatidos exemplos extraídos de diferentes mídias, almejando apresentar as possibilidades de investigação que a translinguagem nos oferece. Com isso, o minicurso está voltado para aquele(a)s que se interessam por estudos críticos da linguagem, especialmente os realizados no âmbito da Linguística Aplicada, Sociolinguística e Educação, bem como para o(a)s que atuam com ensino de línguas adicionais em seus mais diferentes contextos (educação básica, escolas/programas bilíngues, ensino superior etc.). Espera-se, com isso, discutir caminhos possíveis para o desenvolvimento de pesquisas e práticas de ensino mais sensíveis aos sujeitos que são atravessados por uma multiplicidade de identidades, ideologias e linguagens.