O curso de Fisioterapia da Unidade Universitária Goiânia-Eseffego da Universidade Estadual de Goiás (UEG) melhorou seu desempenho nos indicadores de qualidade do ensino superior em 2023, ressaltando sua qualidade acadêmica em Goiás e no Centro-Oeste. Com conceito 4 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Conceito Preliminar de Curso (CPC), as notas atribuídas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) refletem a eficiência do curso em diferentes dimensões, como rendimento dos estudantes, estrutura e qualificação do corpo docente.
O resultado acompanha o avanço geral da UEG, que registrou o maior Índice Geral de Cursos (IGC) contínuo de sua história, consolidando-se na faixa 3 e com um passo importante rumo à faixa 4 dos indicadores.
Em entrevistas com a coordenação do curso, docentes, estudantes e membros da comunidade externa, ressaltam-se sentimentos comuns em relação ao curso de Fisioterapia da Eseffego: resiliência, dedicação e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Os projetos de pesquisa e extensão, a Clínica-Escola e as ligas acadêmicas têm contribuído significativamente para a formação prática e humanizada dos alunos, ao mesmo tempo em que geram benefícios diretos à população. Atividades voltadas à promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação têm alcançado diferentes públicos.
A coordenadora do curso, Martina Brom Vieira, destaca que os resultados positivos refletem o processo de amadurecimento que vem se desenrolando desde a última avaliação do Inep, em 2019. Segundo ela, apesar dos inúmeros desafios enfrentados nos últimos anos – como a pandemia, a reforma da unidade e as constantes adaptações logísticas –, docentes e alunos sempre demonstraram resiliência e comprometimento. “Eu sou ex-aluna daqui e percebo a evolução do curso para continuar sendo o primeiro e melhor curso de fisioterapia do estado de Goiás”, afirma.
A Clínica-Escola de Fisioterapia da Eseffego é um dos pilares formativos da graduação e exerce papel fundamental tanto na consolidação do conhecimento técnico dos alunos, quanto no atendimento gratuito à comunidade. Prevista no Projeto Pedagógico do Curso (PPC), conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), a clínica está em funcionamento desde a criação do curso, em 1994, e tem se consolidado como um espaço de prática supervisionada e responsabilidade social. Atualmente, atende 130 pacientes por mês, tendo realizado 1.120 sessões em abril de 2025, com mais de 14 mil atendimentos em 2024.
Sob a supervisão direta de professores fisioterapeutas, os atendimentos são realizados pelos estudantes do oitavo período. Para atuar na clínica, eles devem ter concluído todas as disciplinas obrigatórias, restando apenas o trabalho de conclusão de curso (TCC).
Tratamento gratuito e ensino integralizado
A Clínica-Escola da Eseffego adota o modelo de internato supervisionado, no qual o aluno aplica os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação em situações reais, com pacientes encaminhados por médicos, unidades de pronto-atendimento (UPAs) e outros serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), além de clínicas particulares. Os atendimentos ocorrem nos turnos matutino e vespertino – cada aluno realiza em média quatro atendimentos por período, totalizando até oito por dia.
Atualmente, a clínica conta com 24 estagiários divididos em quatro grupos. Eles atendem com base em listas de espera, já que a demanda da comunidade é elevada. Para ser atendido, o paciente precisa apresentar um encaminhamento para fisioterapia. Ao surgir uma vaga – geralmente por alta de outro paciente ou ampliação dos grupos de estágio –, a equipe entra em contato para agendar a triagem e início do tratamento.
Egressa do curso, a fisioterapeuta e responsável técnica pelo local, Ingredy Paula de Morais Garcia, destaca que os atendimentos seguem rigorosamente as normas do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) – cada docente pode supervisionar no máximo seis estagiários por grupo. Todos os documentos, laudos ou relatórios gerados são elaborados pelos alunos e revisados e assinados pelos professores, que detêm a responsabilidade legal pelos procedimentos realizados.
A experiência na clínica é vista com orgulho por estudantes e docentes. “O trabalho na Clínica-Escola faz parte de uma das etapas da integralização do currículo do curso de fisioterapia. Depois que os alunos cumprem todas as disciplinas teóricas, têm a oportunidade de treinar, em uma situação mais próxima da prática profissional, os conhecimentos que adquirem em sala de aula. No estágio, têm a oportunidade de avaliar e tratar pessoas com condições de saúde diversas”, explica o professor Darlan Martins Ribeiro, supervisor de estágio e membro do Crefito em Goiás.
Durante as sessões, os acadêmicos discutem avaliações e planos de tratamento com os docentes, o que enriquece a formação. “A Clínica-Escola tem uma importância imensa não só para a integralização do currículo, mas também para a comunidade. Acredito que esse período de estágio aqui tem influência no nosso bom desempenho na prova do Enade, porque aqui os alunos têm uma carga horária grande, além da oportunidade discutir, rever conteúdos e colocar em prática o que aprendem durante a graduação”, avalia o professor.
A estudante Ana Elisa Costa e Lima define como gratificante a experiência de acompanhar o paciente e participar das decisões, sempre com o auxílio dos professores. "É incrível perceber que o tratamento está funcionando; que aquilo que estudamos está dando certo e gerando resultados positivos”, diz.
O retorno da Eseffego à região da Vila Nova dá um contorno emocional a esse momento. Além de reconstruir sua rotina em um espaço familiar, o curso promove a reaproximação da Unidade com a comunidade externa. Com mais de dois anos de acompanhamento na clínica, a professora aposentada Adelice Teixeira de Oliveira, de 63 anos, relata sua experiência. Seu atendimento teve início para tratar a coluna, e, atualmente, contempla o tratamento de artrite e artrose. Ela conta que passou a frequentar a clínica logo após o fim da pandemia e, desde então, realiza ali sessões de fisioterapia e musculação. Adelice elogia a dedicação dos alunos e o acompanhamento dos professores, ressaltando que já recomendou a clínica para amigos e familiares, inclusive levou o marido para ser atendido. “Tanto os alunos, quanto os professores são ótimos”, reitera.
Credenciamento ao SUS
A Clínica-Escola de Fisioterapia da Eseffego está em processo de adequação para solicitar credenciamento junto ao SUS, o que deverá ampliar a capacidade de atendimento. “Quando conseguirmos conquistar isso, será muito benéfico, considerando os investimentos que passam a ser destinados, além da possibilidade de termos um fluxo mais ágil para o paciente vir à clínica. E os estagiários terão a oportunidade de atender quase que imediatamente após um procedimento realizado, como, por exemplo, em casos pós-operatórios”, explica a fisioterapeuta Ingredy Garcia.
Para a professora Martina Brom, que também já foi estagiária no local, acompanhar seus alunos nesse espaço é motivo de grande satisfação. “Tem pacientes que costumam vir aqui só para estar com a gente, mesmo depois de terem recebido alta. Eu estive na clínica como aluna estagiária, e agora ver os meus próprios alunos aqui é extremamente gratificante. É um retorno que a universidade dá para a comunidade, e eu tenho muito orgulho de todo o funcionamento da clínica”, afirma.
Ligas acadêmicas e laboratórios: pesquisa aliada ao atendimento à população
Outra parte essencial da estrutura do curso de Fisioterapia são as ligas acadêmicas, que integram ensino, pesquisa e extensão. Conduzidas por alunos, sempre orientados por docentes, essas iniciativas aprofundam conteúdos curriculares e prestam serviços à comunidade. Entre elas, destacam-se a Liga Acadêmica de Terapias Aquáticas (Lataq), com atividades terapêuticas em piscinas; a Liga de Fisioterapia em Saúde da Mulher (Lafismu), que presta atendimentos em ginecologia, obstetrícia e cuidado integral da mulher; e a Liga Acadêmica de Queimaduras (LAQ), voltada para ações educativas e reabilitação. Também atuam a Life (Fisioterapia Esportiva), a Lifti (Terapia Intensiva) e a Lapedi (Pesquisa e Estudos do Desenvolvimento Infantil).
As ações são registradas como projetos de extensão na UEG. As atividades incluem triagens, parcerias externas, eventos e atendimentos. “A prioridade, sempre, são as pessoas atendidas pelo SUS; o paciente da comunidade mais carente e necessitada”, reforça a coordenadora Martina Brom.
O trabalho se complementa com os laboratórios do curso, como o de Pesquisa em Musculoesquelética (Lapeme), criado em 2010 e coordenado desde então pelas professoras Cibele Formiga e Tânia Hamu. O Lapeme também integra ensino, pesquisa e extensão, com foco nas ciências do movimento humano e suas relações com o sistema musculoesquelético. Desenvolve estudos voltados às funções neuromusculares e articulares, utilizando procedimentos de medida e avaliação que permitem investigar aspectos como força muscular, flexibilidade, equilíbrio e postura, tanto em contextos fisiológicos quanto patológicos. Para isso, conta com equipamentos considerados "padrão ouro" para essas avaliações.
A profa. Tânia explica que as pesquisas do laboratório são apoiadas por editais de agências de fomento, como o Edital Universal do CNPq e o Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), entre outros. Além disso, é vinculado ao grupo de pesquisa “Avaliação e intervenção no movimento humano, fisiológico e patológico”, do CNPq, originado no curso de Fisioterapia da UEG. Assim, o Lapeme contribui para o desenvolvimento de estratégias de intervenção fisioterapêutica, reforçando sua atuação voltada à assistência em saúde pública no âmbito do SUS.
Também está sendo implantando um estúdio de pilates para atendimento à população, por meio do Laboratório de Avaliação Física-Funcional e Pilates (Laffpi). Ele tem origem no antigo Laboratório de Avaliação Física e Funcional (LAF), voltado à realização de avaliações da comunidade atlética, com o projeto de extensão “Saúde no Desporto”. Nesse laboratório, já foram feitas avaliações físicas e funcionais para diversas modalidades esportivas: futebol, handebol, natação, karatê, atletismo, futevôlei, beach tênis e futebol americano, além do atendimento a paratletas de voleibol sentado, atletismo e natação.
O laboratório conta com estrutura para verificação de força, salto, potência, arremesso, flexibilidade e mobilidade – capacidades relevantes para o desempenho esportivo. “São medidas de testes funcionais bem simples, que usam desde fita métrica no chão até plataforma de contato para salto vertical, que mede a potência e a altura do salto do atleta”, explica a professora responsável, Rina Marcia Magnani. No ano passado, o laboratório foi reestruturado e se tornou o Laffpi, com um estúdio de pilates equipado com cinco aparelhos. Atualmente, o espaço é utilizado por um projeto de extensão em que alunas estão sendo treinadas para, em breve, aplicar sessões de pilates para comunidade.
PET-Fisio
Outro eixo estratégico da formação estudantil na UnU Eseffego é o PET-Fisio, o Programa de Educação Tutorial da Fisioterapia, que reúne estudantes de diferentes períodos sob a tutoria da professora Tânia Hamu. O programa desenvolve projetos internos e externos, promovendo campanhas de saúde, organização de eventos científicos, produção de conteúdo como o podcast “Ser Fisioterapeuta” e ações de acolhimento aos calouros. Os estudantes do PET passam por seleção e, ao final do ciclo, participam de uma cerimônia de encerramento, reconhecendo a jornada e o impacto da experiência. “É muito emocionante perceber o quanto eles são gratos por ter participado do programa durante a vida acadêmica”, afirma a profa. Martina Brom.
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Fotos: Estudantes prestam atendimento à comunidade na Clínica-Escola de Fisioterapia da Eseffego
(Comunicação Setorial|UEG)