Com uma atuação que integra ensino, pesquisa e extensão de forma orgânica, o curso de Fisioterapia da Eseffego|UEG se consolida entre os melhores do estado de Goiás. Em 2024, foram desenvolvidos 30 projetos de pesquisa e 18 de extensão. A atuação prática dos estudantes se reflete também nos números de atendimentos fisioterapêuticos gratuitos: nesse período, foram realizados 59.232 acompanhamentos, por meio dos estágios obrigatórios que envolvem os cinco períodos finais do curso.
Um dos projetos de maior impacto comunitário é o “Cinesiologia e biomecânica aplicada à saúde”, conduzido pelo professor Sinésio Virgílio Alves de Melo, fisioterapeuta e docente da instituição há 32 anos.
Criado há 25 anos, o projeto é voltado à população idosa, recebendo majoritariamente participantes dos bairros Vila Nova, Setor Leste Universitário e região, sobretudo mulheres. Tem como base as disciplinas de Cinesiologia e Biomecânica, ministradas pelo professor, além da Fisioterapia da Saúde do Idoso. Com atividades semanais planejadas, o projeto visa estimular todos os grupos musculares e articulações do corpo humano, por meio de exercícios multimodais. O trabalho envolve mobilidade, flexibilidade, força e equilíbrio - aspectos fundamentais na prevenção de quedas e no enfrentamento de limitações físicas decorrentes do envelhecimento.
Segundo o professor Sinésio, o projeto se estrutura a partir de um planejamento criterioso, com roteiros semanais voltados à movimentação correta e completa de todo o corpo, respeitando os princípios da cinesiologia clássica. “A gente trabalha tronco, membros, pescoço, coluna, pelve, cintura escapular, ombro, cotovelo, quadril, joelho, tornozelo, pé”, enumera. As atividades ocorrem entre março e dezembro, com participação de seis a dez alunos de 3º a 5º período por edição, e atendimento médio de 30 a 50 idosos por semana.
O impacto é direto na qualidade de vida dos participantes. “Todo mundo sabe que as atividades físicas são o melhor remédio para a longevidade”, enfatiza o professor. O foco principal está na atenção primária à saúde, com ações preventivas frente a patologias metabólicas, articulares e cardiovasculares. “A gente busca manter a flexibilidade e a força por meio de exercícios de alongamento e, acima de tudo, o equilíbrio, a fim de evitar quedas, que são o grande vilão da idade”, resume.
Produção científica
O prof. Sinésio também destaca o papel do projeto na formação profissional dos estudantes e no desempenho do curso em avaliações externas. Como decano na instituição, avalia que a incorporação da Eseffego à UEG potencializou a tríade ensino, pesquisa e extensão, elevando a qualidade acadêmica. “As listas de concurso público são sempre encabeçadas pelos meus ex-alunos. Já recebi inúmeras comunicações de ex-alunos que foram beneficiados em mestrado e em residência com o certificado que obtiveram aqui no projeto. Muitos que se formaram na Eseffego fazem atendimento de fisioterapia na área de gerontologia; outros já são profissionais especialistas na saúde do idoso. Todos que participam projeto saem com um valor diferenciado, porque é uma estrutura acadêmica excepcional”, afirma. Segundo ele, o projeto também incentiva os alunos à produção científica desde cedo. “Só vão colar grau escrevendo bem, escrevendo cientificamente. Isso eu já começo desde o projeto de extensão”, reforça. Em 2024, foram 21 publicações acadêmicas vinculadas apenas a esse projeto.
Entre os alunos que participam da iniciativa está Amanda Cândido Barsanulfo, do 6º período. Ela relata que, no início, tudo parecia um grande desafio, mas com o tempo, percebeu a evolução das participantes e o valor do aprendizado. “A gente consegue ver a fisioterapia aplicada mesmo. É muito satisfatório ver que conseguimos contribuir para a melhora das idosas, trazendo interação, alegria e dinamicidade”, avalia, refoçando o ganho técnico que o projeto proporciona. “A gente vai aprendendo a ser fisioterapeuta, a aplicar, demonstrar, corrigir, posicionar certo o paciente”, diz.
Matheus Madureira Gomes, aluno do 5º período e participante do projeto há cinco meses, destaca que a experiência o motiva a buscar embasamento científico para as práticas realizadas, despertando curiosidade e senso crítico. “Alguma coisa que não tenha um consenso muito específico pode ser debatido e aquilo que já é estabelecido pode ser aplicado”, afirma, acrescentando que a troca de conhecimentos entre alunos de diferentes períodos é um dos pontos fortes da iniciativa.
Do outro lado da prática extensionista, os depoimentos da comunidade reforçam o valor do projeto. Nicácia Rodrigues de Oliveira, de 81 anos, é uma das frequentadoras mais assíduas. Há 15 anos participa das atividades na Eseffego. “Faço aula todos os dias. Acho que é fundamental para as pessoas, tanto para homens quanto para mulheres. Mas acho que os homens deveriam vir mais. Eles são mais preguiçosos, principalmente quando vão chegando à 3ª idade”, comenta, com bom humor. Para ela, a participação no grupo trouxe benefícios visíveis: “A gente vai perdendo a mobilidade e vão aparecendo os problemas de saúde. Quanto mais participamos disso, melhor ficamos. E eu me sinto muito bem aqui: os professores são ótimos, e os meninos que ajudam também são muito educados e participativos”, afirma, ressaltando os aspectos socioemocionais do projeto: “Se eu fico em casa, fico sozinha. É melhor ficar exercitando, rindo, do que ficar em casa sozinha esperando o tempo passar. E o tempo passa”, conclui.
Atividade Curricular de Extensão integra ensino e cuidado a pessoas com Parkinson
Uma das ações que reforçam a formação prática no curso de Fisioterapia da Eseffego é a Atividade Curricular de Extensão (ACE) vinculada à disciplina de Fisioterapia Neurofuncional, ministrada pelo professor Aurélio de Melo Barbosa. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a Associação Parkinson Goiás (Aspark-GO) e oferece atendimento fisioterapêutico a pessoas com doença de Parkinson, promovendo benefícios tanto para os pacientes quanto para os estudantes.
Segundo o professor Aurélio, o trabalho atende seis pessoas da Aspark - limite estabelecido pelas normativas do Conselho Regional de Fisioterapia. “A disciplina ensina aos alunos o que é a fisioterapia neurofuncional, sobre doenças neurológicas, como é o atendimento de reabilitação e, nessa Atividade Curricular de Extensão, os alunos aproveitam e exercitam a prática, oferecendo o atendimento extensionista para a sociedade”, explica. “Achamos que era interessante fazer essa parceria com a Aspark porque as associações de pessoas com transtornos, quaisquer transtornos de saúde, permitem um contato mais próximo, por serem grupos organizados. E oferecer esse apoio a grupos organizados é de interesse social”, sublinha.
A parceria com a Aspark nasceu de um ensaio clínico realizado em 2018, que demonstrou resultados positivos da atividade, motivando a continuidade do trabalho em forma de extensão. “É a oportunidade de os alunos aprenderem e essas pessoas terem atendimento de fisioterapia complementar ao que já fazem em outros locais”, ressalta o docente.
Os estudantes do 6º período, que participam da ACE, desenvolvem uma carga horária prática de 30 horas na disciplina, sendo metade dedicada à ACE, com aplicação em pacientes reais, e a outra metade reservada para os exercícios entre os próprios alunos.
Maria Rosiclea Alexandrino de Souza, representante da Aspark, acompanha de perto a participação do esposo, João Ribamar de Souza, no projeto. Ela destaca o impacto positivo da iniciativa na qualidade de vida dos atendidos. “O meu esposo tem Parkinson desde 2016, e é atendido aqui há dois anos. Ele tem fisioterapeuta que vai em casa, mas o trabalho aqui é melhor pelo seguinte: é o complemento, a socialização, autoestima, a convivência com os demais... Isso é muito importante! O professor Aurélio está de parabéns. Ele e os alunos são muito dedicados", elogia.
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Fotos: Projeto"Cinesiologia e biomecânica" com idosos e ação de extensão com Parkinsonianos
(Comunicação Setorial|UEG)