O teste de micronúcleo tem sido utilizado por pesquisadores para avaliar a qualidade ambiental no município de Quirinópolis. O teste avalia os danos na fita do DNA gerados pela exposição de espécies a determinados contaminantes presentes no ambiente. O estudo é fruto da tese de doutorado "Efeito dos atributos da paisagem na dieta e frequência de dano genotóxico em pequenos mamíferos do Brasil central" do discente Hermes W. P. Claro, aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (UFG) orientado pela profa. Dra. Daniela Melo Silva, e sob a co-orientação do prof. Wellington Hannibal, do Câmpus Sudoeste da Universidade Estadual de Goiás. Trata-se portanto de uma parceria entre as duas instituições de ensino superior.
Por não ser invasiva, a técnica evita que animais sejam sacrificados para a realização de estudos científicos. Para isso, são coletadas amostras de saliva de pequenos mamíferos que são capturados em armadilhas montadas pelos pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Biogeografia de Mamíferos da UEG (Lecobioma), em parceria com professores que atuam no Laboratório de Mutagênese (Labmut) da Universidade Federal de Goiás, na Unidade de Conservação Refúgio da Vida Silvestre Serra da Fortaleza.
O discente Hermes Claro diz que o meio ambiente é exposto diariamente a diversos contaminantes. "Fatores como agrotóxicos, metais pesados, e resíduos industriais, podem afetar a qualidade do ambiente, refletindo, assim, na frequência de mutações que cada indivíduo manifesta. Dessa forma, as mutações celulares são um reflexo do ambiente em que o animal vive. Tais mutações podem prejudicar no desenvolvimento do animal, além de servirem como um alerta para a sociedade quanto a qualidade do ambiente em que vivem", salienta.
O pesquisador explica que os impactos dessas ações na vida selvagem ainda são incertos, mas ressalta o trabalho realizado por cientistas para fazer essas pesquisas de forma a não sacrificar animais. "O teste de micronúcleo, ao contrário de outros métodos, não é invasivo e exclui a necessidade da eutanásia do animal", destaca.
Os trabalhos têm como foco a coleta de amostras de saliva de pequenos mamíferos capturados. Após a captura dos indivíduos, é realizada sua pesagem e medição. Em seguida, é retirado material dos animais para a aplicação do teste de micronúcleo. Hermes diz que o procedimento do teste de micronúcleo consiste na raspagem da mucosa oral do animal com o auxílio de um cotonete umedecido com soro fisiológico. Em seguida, o material é transferido para lâminas limpas, seco e fixado em metanol por dez minutos.
A pesquisa na Serra da Fortaleza teve início em 2020. De lá para cá, explica o professor Wellington, foram realizadas quatro amostragens por ano, com sete dias de duração cada, durante as estações seca e chuvosa. O pesquisador diz que até o momento não foi possível detectar qualquer contaminação, pois, para isso, seria necessária a realização de testes mais sofisticados. "O teste de micronúcleo só avalia a exposição e não qual o contaminante", justifica.
(Dirceu Pinheiro|Comunicação Setorial|UEG)