A Universidade Estadual de Goiás (UEG) segue ampliando suas ações de pesquisa e formação voltadas aos biomas brasileiros, unindo ciência, território e vivência em campo. Um grupo composto por 20 pesquisadores e pesquisadoras de Goiás, sob coordenação da UEG, embarcou em uma travessia educativa que percorreu mais de 1.700 quilômetros entre a Cidade de Goiás (GO) e Petrolina (PE), com destino final em Juazeiro (BA). As duas cidades do Nordeste ficam na divisa entre a Bahia e Pernambuco, separadas apenas pela ponte que cruza o Rio São Francisco. Em Juazeiro, o grupo participa nesta semana do Festival Internacional de Cinema Agroecológico (Ficaeco), onde integra a equipe de trabalho, e do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), o maior evento do país voltado à agroecologia e às soluções climáticas, no qual também apresenta trabalhos.

A travessia é uma ação do Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo (Gwatá) da UEG, em parceria com os Programas de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO|UEG) e em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (Promep|UEG), ofertados no Câmpus Cora Coralina. A iniciativa também tem a colaboração de representantes da Magnífica Mundi, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e do curso de Agronomia com ênfase em Agroecologia do Instituto Federal de Goiás (IFG).

Durante os três dias de deslocamento, o grupo fez paradas estratégicas nas cidades de Formosa (GO), Barreiras (BA), Monte Alegre do Piauí (PI), Igarité (BA), Bom Jesus (PI), São Raimundo Nonato (PI) e Remanso (BA). Entre os pontos altos da viagem esteve a visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara, unidade de conservação criada em 1979 e reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. O local abriga o maior conjunto de sítios arqueológicos e de arte rupestre das Américas, com registros milenares da presença humana. De grande relevância científica e ambiental, o parque contribui para a conservação da Caatinga e para a compreensão da ocupação humana dos biomas Caatinga e Cerrado.

Impactos socioambientais

A iniciativa tem como propósito aprofundar os estudos sobre o Cerrado e a Caatinga e fortalecer a integração entre ensino, pesquisa e extensão. “As semelhanças entre o Cerrado e a Caatinga não estão somente na escassez hídrica que se assevera, mas também nas resistências dos povos e populações tradicionais que defendem estes territórios. A observação direta da paisagem e os diálogos realizados nos apresentam um contexto preocupante, mas que contribui na educação daqueles que participaram da travessia. [...]”, explicou o coordenador das atividades, o prof. Murilo de Souza, docente do curso de licenciatura em Geografia e dos programas de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) e Recursos Naturais do Cerrado (Renac) da UEG. 

Entre as observações registradas pelos pesquisadores, o prof. Murilo destacou que, na região conhecida como Matopiba, atualmente considerada a principal fronteira agrícola do país, têm avançado os processos de contaminação da água e do solo por agrotóxicos. Ele explicou que, em áreas como o município de Gilbués (PI), a desertificação já alcança níveis preocupantes, comprometendo a sobrevivência das comunidades locais. 

Para Eduardo Alves de Oliveira, mestrando em Geografia pela UEG, a travessia representou uma imersão reflexiva sobre “o grito de resistência dos territórios e das comunidades por onde passaram”. Da vivência, ele destacou ainda a importância das Unidades de Conservação para conter as mudanças climáticas e defender a vida no Cerrado e na Caatinga.

Ficaeco e CBA

O 3º Festival Internacional de Cinema Agroecológico (Ficaeco) promove espaço de diálogo entre cinema, agroecologia e diversidade cultural. Com programação até o próximo sábado, 18, o evento reúne exibições de filmes, rodas de conversa, oficinas e apresentações artísticas.

Realizado em conjunto com o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), o Ficaeco é um dos principais eventos do país voltados ao audiovisual ambiental e agroecológico. Nesta edição, o festival se consolida como um espaço de articulação e debate em preparação para a COP 30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).

(Comunicação Setorial|UEG. Fotos: PPGEO/Gwatá|Câmpus Cora Coralina)