A Universidade Estadual de Goiás (UEG) estará representada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 deste mês, em Belém, PA. A presença da instituição no evento ocorrerá por meio do Núcleo de Pesquisa em Materiais Sustentáveis e Fibras Naturais (Nupmat|UEG), selecionado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) para integrar a Blue Zone, espaço diplomático de negociações oficiais e encontros entre chefes de Estado, delegados e organizações internacionais.
Criado em 2019 e vinculado ao curso de Arquitetura e Urbanismo, o Nupmat será representado por sua fundadora e coordenadora, profa. Dra. Anelizabete Alves Teixeira, por três estudantes do curso (Ana Clara de Brito, Beatriz Oliveira e Gabriel Costa Pereira) e pela bióloga Letícia Martins, que é egressa da UEG. O Nupmat foi convidado a integrar a delegação nacional, representando as universidades brasileiras, após um processo seletivo voltado à sociedade civil. “Sinto-me honrada em poder representar a UEG num evento tão importante, que vai discutir o futuro do planeta”, afirma Anelizabete. Segundo ela, mais de 30 mil pessoas de diversos países se inscreveram para participar da conferência, mas apenas cerca de 5% foram selecionadas, com base na trajetória e na contribuição para a sustentabilidade ambiental do país.
Com 286 eventos distribuídos em quatro auditórios nas Zonas Azul e Verde, a COP30 reunirá representantes da comunidade brasileira e internacional para discutir Mudança do Clima, os 30 Objetivos Estratégicos da Agenda de Ação, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, da sigla em inglês) e o Plano Clima.
Entre os temas que serão debatidos estão floresta, água e bioeconomia, inovação e sustentabilidade frente à urgência climática e o papel das florestas brasileiras no combate às alterações climáticas. Para a profa. Anelizabete, o encontro é uma oportunidade única para destacar o papel do ensino superior e da pesquisa científica na conservação ambiental, restauração ecológica e na inovação tecnológica.
Integrante do grupo Nupmat que estará em Belém, o estudante Gabriel Costa Pereira, do 7º período de Arquitetura e Urbanismo da UEG, irá colaborar com a apresentação da professora Anelizabete e apresentar um trabalho desenvolvido em parceria com outros colegas do núcleo.
Segundo Gabriel, a pesquisa é estruturada em duas frentes complementares. “A primeira busca compreender a arquitetura efêmera no contexto das mudanças climáticas, especialmente por essa arquitetura ser utilizada para abrigar pessoas que atravessam momentos pós-catástrofes”, explica. Já a segunda linha de investigação se volta para a justiça climática, tema que, de acordo com ele, “direciona o nosso olhar para os direitos humanos e sobre como países pobres passam crises mais graves em razão da desigualdade e falta de estrutura". Ele acrescenta que "A arquitetura é um instrumento que atravessa esse debate".
Referência mundial
A trajetória que levou o grupo de estudantes até a COP30 começou a ser construída muito antes da inscrição para o evento, motivada por inquietações sobre como a arquitetura pode responder aos desafios socioambientais da atualidade.
Entre os integrantes, a estudante Ana Clara de Brito dedicou um ano de iniciação científica ao estudo das “cidades-esponjas”. O conceito recente na história da Arquitetura foi criado pelo arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, referência mundial em urbanismo ecológico, que morreu em setembro, em um acidente aéreo em Aquidauana, no Pantanal sul-matogrossense.
A proposta das “cidades-esponjas” é repensar a relação entre as cidades e seus rios, projetando áreas urbanas capazes de absorver o excesso de água em períodos de cheias, ao invés de retificar ou canalizar os cursos d’água. O conceito reconhece o rio como parte essencial do espaço urbano, prevenindo enchentes e tragédias como as registradas recentemente no Rio Grande do Sul.
O grupo de alunos teve a oportunidade de conhecer pessoalmente Kongjian Yu durante uma palestra em Brasília, pouco antes do acidente. O encontro marcou ainda mais suas percepções sobre o papel da arquitetura diante da crise climática e inspirou a continuidade das pesquisas no Nupmat.
Na COP30, Ana Clara apresentará um banner sobre o arquiteto e o conceito arquitetônico, representando a UEG e o núcleo no evento que reunirá as principais lideranças globais para debater soluções sustentáveis para o planeta.
Nupmat|UEG
O Núcleo de Pesquisa em Materiais Sustentáveis e Fibras Naturais da UEG promove estudos sobre o uso do bambu e de outras fibras naturais na construção civil e em diversas aplicações sustentáveis. A iniciativa envolve pesquisadores das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal e Biologia.
O Nupmat desenvolve projetos que difundem o uso de materiais ecológicos e valorizam saberes tradicionais sobre o manejo de recursos naturais, contribuindo para a formação acadêmica, a pesquisa aplicada e a conscientização socioambiental. Entre os materiais estudados, o bambu se destaca pela resistência, leveza e versatilidade, sendo utilizado em construções, design, mobiliário, utensílios e produtos sustentáveis.
Em preparação para a viagem, Letícia Martins, egressa de Ciências Biológicas (à esq.), se encontra com os colegas de Nupmat Gabriel Costa e Ana Clara Brito, do curso de Arquitetura e Urbanismo, no Câmpus Central da UEG, em Anápolis
(Comunicação Setorial|UEG)