Com questionamentos importantes sobre os processos de produção do cinema, a roda de conversa com o tema "Cinema e a comunicação insurgente" abriu as atividades da Tenda Multiétnica na manhã da última quarta-feira, 14, na 24ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), na cidade de Goiás.
A atividade, que aconteceu Câmpus Cora Coralina da Universidade Estadual de Goiás (UEG), recebeu convidados como Ivan Molina, do Cine Sin Fronteras, da Bolívia, o cineasta indígena Gilmar Galache, do Povo Terena, e professores do curso de Cinema e Audiovisual do Instituto Federal de Goiás (IFG).
Partindo da ideia de que grandes produções cinematográficas nascem de um sistema que visa, principalmente, resultados de bilheteira, o cineasta indígena Gilmar Galache localiza a relevância do cinema indígena, que rompe com paradigmas coloniais e mercantis. Para ele, suas produções são um exercício de resgate das raízes culturais indígenas. "Nós precisamos manter forte o nosso elo com a ancestralidade para que, assim, o cinema cumpra sua função e nasça com bons propósitos”, afirma.
A partir daí, o cineasta coloca a necessidade de aprender e preservar as referências ancestrais dos povos indígenas em suas singularidades para os jovens que sonham em ser cineastas. "Precisamos fazer uma mudança estrutural e não figurante. Tudo começa pela formação de jovens indígenas para a valorização de suas raízes”, ressalta.
Para a professora de Cinema e Audiovisual Cris Ventura, existe um olhar usual do cinema que deve ser revisto. Segundo ela, "fazer cinema é experimentar e não procurar resultados, é preciso acolher os processos criativos de produção respeitando as diversidades e entendendo o fazer".
Também participou da roda de conversa a estudante de Geografia Sara Foggia, que falou sobre essa primeira atividade da Tenda Multiétnica: “É uma oportunidade de trazer esses questionamentos para a vida e, a partir deles, refletir e mudar diversas posturas”.
Ainda participaram da conversa Nilton Rocha, representando o coletivo Magnífica Mundi da UFG; o cineasta do povo Tingui Botó, Marcelo Tingui; Ademilson Verga, cineasta do povo Guarani-Kaiowá; Cris Ventura, professora de Cinema do IFG; o cineasta César David Rodríguez Pulido; o professor de cinema do IFG, Antônio Evangelista; e o professor do IFG, Estevão de Pinho.
A Tenda Multiétnica segue até o dia 17. A programação completa está disponível do site do 24º Fica.
(Gilnara Peixoto, estagiária de Jornalismo| Comunicação Setorial|UEG)