Degustação Crítica - Mostra Indígena - Panorâmica

13/06/2025

Degustação Crítica 

 

Já se passaram alguns dias e a saudade da experiência FICA 2025 começa a surgir no horizonte. E sabemos que, em quesito de horizontes, a Cidade de Goiás serve uma natureza exuberante, assim como os seus sabores possíveis de serem encontrados por toda a sua extensão, são diversos e não deixa a desejar para ninguém. Pensando nesse contraponto entre as diversas coisas que essa maravilhosa cidade apresenta e ao mesmo tempo na identidade local que elas possuem, nossos críticos desenvolveram três críticas panorâmicas sobre as mostras presentes no evento e convidamos você a fazer essa degustação conosco!

Por último, mas não menos importante, fechamos essa temporada de degustação com a crítica da Mostra Indígena feita por Helena Versiani, aluna da Universidade de Brasilia - UnB e Laura Carvalho Baby, aluna do Instituto Federal de Goiás - IFG Cidade de Goiás. Saboreiem o texto delas na íntegra

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Cinema-flecha e novos protagonismos ainda silenciados no FICA
Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais - FICA 2025
Por Helena Versiani e Laura Baby

 

A segunda edição da Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais, realizada no FICA 2025, exibiu nove filmes de realizadores de comunidades indígenas e tradicionais. As críticas completas sobre as duas primeiras sessões podem ser conferidas aqui no site do Encontro das Escolas de Cinema do Brasil Central. A curadoria do cineasta Takumã Kuikuro trouxe à tona um panorama amplo de temas, como a disputa de territórios, preservação da tradição cultural e a diversidade cultural dos inúmeros povos originários brasileiros. Na discussão sobre essa produção audiovisual, tem se popularizado o termo “cinema-flecha” como forma de elevar o fazer cinematográfico ao status de arma na luta do movimento indígena. Essa ideia se faz presente em toda a mostra, inclusive explicitamente em Minha câmera é minha flecha, curta de Natália Tupi.

Entre os filmes selecionados, aqueles com linguagem audiovisual mais elaborada - mesmo que minimalista - se destacaram sob os que focaram em entrevistas, aproximando-se ao vídeo institucional ou jornalístico. Takumã Kuikuro em entrevista sobre o festival: “Temos que superar a narrativa etnográfica como única linguagem [sobre indígenas no cinema], essa tem sido a minha preocupação. E explorar a fundo a linguagem cinematográfica para contar nossas próprias histórias, criar nossos personagens, fazendo, por exemplo, mais filmes de ficção”. Possivelmente por falta de opção, foram exibidos somente documentários.

Durante sua vigésima sexta edição, o FICA vivenciou uma disputa de território entre suas quatro mostras competitivas, e a Cinema Indígena e Povos Tradicionais caiu em grande desvantagem. Becos da Minha Terra, Washington Novaes e Cinema Goiano se revezaram no tradicional Cine Teatro São Joaquim, sala principal de exibição do festival. Enquanto isso, a Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais foi relegada a outro espaço: uma sala de exibição improvisada no Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário do Estado de Goiás, com exibições concomitantes aos outros filmes. Para agravar a situação, a sala tinha condições precárias de exibição e conforto, diminuindo a atratividade para o público e rebaixando as produções dos povos indígenas e originários à uma condição de segunda categoria dentro do festival.

Essa situação causou indignação entre os realizadores e público da mostra. Suas manifestações de descontentamento vieram nas rodas de conversa promovidas pelo festival e foram minimizadas pela organização. O descaso foi tanto, que no segundo encontro de realizadores nenhum diretor da mostra esteve presente. Ao apresentar seu filme Bye Bye Amazônia na terceira sessão da mostra, Neville d’Almeida destacou a discriminação racial presente na disposição das mostras do FICA. Sua fala recebeu grande apoio do público presente, porém foi ironizada pela apresentadora da sessão, que riu dizendo que a Washington Novaes também tem sessões pela tarde. É inadmissível que essa seja a resposta às críticas dos realizadores que trouxeram ao festival produções de alta relevância temática e estética para o cinema ambiental.

Primeira sessão - Intimidade como potência narrativa

O curta Djaexá Porãa - Um olhar para o futuro se constrói pela narração do diretor Cacique Adolfo Werá Mirim em uma história de três atos, e serve como uma introdução à algumas das questões do movimento indígena contemporâneo. O retrato contemplativo do dia a dia da aldeia guarani é estremecido pelo temor de que essas tradições um dia se percam, e a ansiedade pelo futuro abala a narração do Cacique. Ela se reergue em uma cena sublime de ritual religioso de frente ao mar, reafirmando seu compromisso enquanto diretor: “Esse filme levará a tradição para frente”. Uma afirmação de fé quase absoluta no potencial de preservação do cinema. Entretanto, a sensação que fica ao final é de que falta ao filme, seja de emoção, de discurso ou algo indefinido. Esse sentimento parece refletido nas cores das imagens, todas acinzentadas, como se com medo de mostrar ao que vieram, e também no distanciamento visível entre câmera e sujeitos filmados.

Momat - Ritual da Tucandeira na Comunidade Waikiru em Manaus/Amazonas, de Jeane Morepe e Daniel Tavares, ao contrário do tom etnográfico do seu título, apresenta um olhar íntimo sobre essa tradição de iniciação masculina. Nela, os meninos do povo Sateré-Mawé vestem luvas repletas de formigas com enormes ferrões. A presença das mulheres é destacada no filme, tanto na figura das moças que ajudam no cerimônia propriamente como também na simbologia feminina da formiga. O curta, produzido inicialmente com o intuito de ser exibido em escolas, termina com um chamado para que a juventude Sateré-Mawé mantenha viva a sua tradição. O fato do público alvo ser os próprios indígenas torna o filme uma peça única do festival, sendo o único representante desse tipo de circulação dentro da mostra.

Por tratar de questões de gênero, Momat dialoga com o longa do mesmo programa: Originárias, de Marcília Cavalcante Barros, mistura entrevistas de lideranças indígenas femininas com representações teatralizadas dos encantados. As falas das mulheres são costuradas com naturalidade, transitando entre momentos de leveza e de forte engajamento político. A espiritualidade se expressa no filme como algo intrínseco ao modo de pensar dos povos indígenas, adotando sua cosmovisão como forma de discurso do longa. O foco nas entrevistas valoriza as relevantes falas das entrevistas, mas enfraquece Originárias como produção audiovisual. Ainda assim, o filme faz jus ao prêmio de melhor longa da mostra, entregue pela comissão de jurados do FICA.

Segunda sessão - Triunfo dos curtas aldeados

A segunda sessão da mostra trouxe dois curtas com linguagem cinematográfica inventiva e autoral. Minha câmera é minha flecha, de Natália Tupi, e Sukande Kasáká (Terra Doente), de Kamikia Kisedje e Fred Rahal, demonstram a força do cinema produzido por indígenas ao registrar a história de seus personagens com intimidade, fugindo do formato etnográfico característico ao cinema hegemônico não indígena.

Em um movimento metalinguístico, Minha câmera é minha flecha utiliza imagens produzidas por seu protagonista junto a suas captações para traçar o paralelo do cinema como arma do movimento indígena. A ideia de cinema-flecha têm se consolidado no cinema indígena brasileiro, e ressoa em várias produções da mostra do FICA. Sukande Kasáká (Terra Doente), de Kamikia Kisedje e Fred Rahal, é um retrato belo e devastador dos processos de

luto do povo Kisêdjê, merecidamente premiado como melhor curta da mostra pelo festival. O filme acompanha essa comunidade, que se vê obrigada a mudar sua aldeia de lugar. Quando o lento processo de adaptação parece ter concluído, uma perícia revela que o novo território também é assombrado pelo inimigo invisível dos agrotóxicos, envenenando a terra, os animais e as pessoas.

O longa Aldeia Multiétnica - Território da Diversidade foi o momento de menor destaque da sessão. Apesar do interesse do tema, o filme apresenta uma abordagem que se aproxima do vídeo institucional, focado em entrevistas e com diversas imagens plásticas de drone, que se assemelham ao visual publicitário, salvo algumas poucas cenas mais interessantes. Ainda assim, o filme acrescenta à uma das discussões centrais da mostra: as especificidades e similaridades dos diferentes povos indígenas e tradicionais brasileiros.

Terceira sessão - Variação estética, mesmo fim

A terceira e última sessão da mostra abrangeu os filmes selecionados que destoam estéticamente das outras sessões. Um dos maiores destaques da mostra, Aguyjevete Avaxi’i, de Kerexu Martim, é íntimo, simples e cativante. A câmera acompanha de perto o processo do plantio do milho, desde a separação das sementes até a colheita, partilha e consumo do alimento. Na tela, a narrativa cronológica; nos ouvidos, a partilha consciente da história das sementes e da personagem Jera Poty Mirim. É uma prece tão constante e particular que se torna uma conversa fluida entre a personagem, o espectador, o milho e o universo. O auge do filme é o nome, ou melhor, quando o nome é enunciado pela criança que ouve os ensinamentos da mãe durante o plantio. A obra de Kerexu Martim é além de um agradecimento, ao plantar as sementes - “Aguyjevete, Avaxi’i”, seguidos de dois ou três tapinhas na terra, “Obrigado, milhozinho” - é um afago visual, sonoro e sentimental.

O segundo curta espaventa os ouvidos com seu início e, se fecharmos os olhos, imaginamos a abertura de realitys de sobrevivência. Adobe - Habilidades tradicionais da construção kalunga, de Carlos Pereira, Hugo Casarisi e Gabi Cerqueira, possui uma potência escondida de alcançar o cinema em sua totalidade se não fosse pelas suas escolhas, a falta de dispositivos para se chegar numa narrativa sem ser somente por meio da entrevista, o visível desconforto com a presença da câmera em um dos personagens, a trilha sonora forçando o tom de alguns momentos, até a finalização do documentário como uma reportagem, afastam a potência de uma experiência cinematográfica e nos leva para uma poltrona.

Ficamos 84,3% do tempo do filme em uma sala de tv, os outros 15,7% tentam levar a poltrona para a sala de cinema, os aspectos que salvariam são a proximidade visível do diretor-apresentador com a comunidade, o canto inicial com fotografia e montagem dignos de apreciação, alguns rápidos planos com a feitura do adobe e rotina da casa, porém não conseguem destaque durante o filme. No debate com os realizadores, o assistente de direção definiu o filme primeiramente como apelativo ou mesmo panfletário. Porém, apenas a estética é apelativa. O conteúdo é voltado para jovens, talvez para escolas? Para o youtube? Qual é o alcance e qual é o público que os diretores Carlos Pereira, Hugo Casarisi e Gabi Cerqueira pretenderam atingir de acordo com essas escolhas? São todas propositais? Se for o caso de toda construção do filme, não “pegamos a referência”.

Diferentemente do último filme exibido, Neville D’Almeida, figura do cinema marginal brasileiro, marcado pela satirização, estética do “lixo” e abordagem crítica do sistema, lança Bye, Bye Amazônia abruptamente no peito do espectador e o chama de “filme manifesto”. É importante lembrar que o filme foi gravado durante o governo Bolsonaro, e se as analogias à ditadura militar eram de fácil execução nessa época, a estética marginal é utilizada para fim parecido ao daqueles tempos.

O longa-metragem não foi bem aceito pelo público: a satirização é quase onipresente, principalmente pelas atuações e performances muito teatrais dos personagens, a montagem tensiona a obra, entre imagens de arquivo, performances, cartelas e jornais com dados importantes sobre a amazônia, desmatamento e violência. Neville D’Almeida brinca com a coragem e a estranheza, o espectador se encontra “rindo de desespero” por algumas vezes. O filme machuca e é mais fácil não gostar do que pensar sobre, é um choque.

Gravado no Rio de Janeiro, Bye Bye Amazônia é um aceno de adeus na “lonjura” que induz a exaltação da voz para ser ouvido. Estamos distantes, assistindo ao fim anunciado há muito tempo. A referência é nitidamente marginal, e é no subterrâneo, abafado no vácuo, que ideias rompedoras de paradigmas começam a surgir, a necessidade se torna o choque, a ironia aparece para ridicularizar, o sufocamento causa delírios, é hora de soltar, o grito gemido ou esgoelado rasga, a agitação do tanto engolido converte-se em imagens e zumbidos agudos em ondas cíclicas. Apela-se, tudo vale a partir disso. Um questionamento válido é se nos encontramos no momento em que se encontrava O bandido da luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968) onde o protagonista diz: “quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha, avacalha e se esculhamba”.

A Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais é simbólica do avanço dos debates sobre representação dentro do audiovisual. Para além de filmes sobre os povos originários, é urgente o cinema concebido por povos originários. A auto-representação, fabulação e narração é essencial para que essas comunidades possam se verem e serem vistas sem o intermédio do olhar colonizado dos não indígenas. E os filmes exibidos no FICA apontam alguns caminhos que têm sido tomados nas produções de realizadores indígenas e de povos tradicionais brasileiros.

Pela sua intimidade com os sujeitos retratados e propostas estéticas interessantes, os curtas Djaexá Porãa, Momat, Minha câmera é minha flecha, Sukande Kasáká e Aguyjevete Avaxi’i se destacaram como os filmes mais relevantes da mostra. Os longas Aldeia Multiétnica e Originárias ainda se apresentam enraizados no dispositivo de entrevistas e proporcionam ao espectador uma experiência mais verbal do que propriamente audiovisual. Originárias foge mais disso, em seus momentos de performance, mas que são pequenas pontuações ao longo do filme. Bye Bye Amazônia destoa do resto da mostra em vários sentidos: estéticos, discursivos e em seu formato de produção. É uma escolha ousada para terminar a mostra também pelo seu tom de desesperança, já expresso no título do filme, mas serviu para manter o debate acesso após o fim da sessão.

É essencial que o FICA, o maior evento de cinema ambiental da América Latina, dê à devida atenção ao cinema dos povos indígenas e tradicionais. Criar uma mostra dedicada à essa produção não é o suficiente: ela deve ser exibida em condições iguais às outras mostras

competitivas, favorecendo que o público do festival entre em contato com esses filmes tão caros ao cinema brasileiro. O debate proposto pela Mostra dos Povos Indígenas e Tradicionais é urgente e dialoga profundamente com os outros filmes exibidos no FICA. Que o público e os realizadores presentes assistam os filmes da mostra é a condição mínima para promover essa conversa.

Em entrevista para a EBC, Takumã Kuikuro falou sobre as possibilidades do cinema indígena: "Tem duas formas de fazer cinema nas aldeias. Uma é documentar, registrar o conhecimento [oral] que vai ficar para sempre circulando para o povo nas aldeias. O outro jeito de produzir é criar uma narrativa própria sobre a realidade, traduzir para o português para que o não indígena entenda nossa realidade, e exibir através do cinema". As duas vertentes aparecem em sua curadoria, mostrando a pluralidade em expansão do cinema indígena e dos povos tradicionais. Ficamos na expectativa de que as próximas edições do FICA tragam mais destaque para essas produções, exercendo sua função de janela de exibição para as poderosas visões dos povos originários e sua relação profunda com a questão ambiental na contemporaneidade.

 

Sinopses:
Programa 1:

Djaexá Porãa - Um olhar para o futuro | Djaexá Porãa - A Glance into the Future (BRA/SP, 2025, Doc, 15’, DIR.: Adolfo Werá Mirim, Edward Davies)
Djaexá Porãa - Um olhar para o Futuro é um retrato utópico de uma comunidade indígena guarani nos dias de hoje. O filme apresenta o Cacique Adolfo Timotio Werá Mirim e seus temores sobre o futuro e a perda de identidade dos jovens da comunidade.

Momat - Ritual da Tucandeira na Comunidade Waikiru em Manaus/Amazonas | Momat - The Tucandeira Ritual at the Waikiru Community in Manaus-Amazonas (BRA/AM, 2024, Doc, 25’, Dir.: Daniel Tavares, Jeane Morepe)
O Ritual da Tucandeira é considerado sagrado ao povo Sateré-Mawé. Esse rito de passagem ou de iniciação masculina acontece quando o jovem indígena tem que enfiar as mãos em luvas cheias de formigas tucandeira e resistir às dores, para demonstrar força e coragem. Durante o ritual são entoadas as músicas de ensinamentos/aconselhamentos e os jovens (Kurum ou Sari kãg) têm que resistir às essas dores das ferroadas. Com isso eles passam a ser considerados guerreiros prontos para a vida adulta, podendo formar uma família. Segundo os anciãos Sateré-Mawé, os meninos que passam por este ritual são bons caçadores e pescadores e, o mais importante, são saudáveis. Esses são os benefícios do Ritual da Tucandeira para a sociedade indígena Sateré-Mawé. Sem canto, sem dança, sem grafismo, sem cantores e sem curumim Sateré, não existia o ritual sagrado da Tucandeira. Aqui, buscamos registrar, com objetivos de promoção, transmissão e segurança, essa prática dos grupos sateré-mawé, na cidade de Manaus - Amazonas, bem como suas reflexões sobre a importância e a necessidade de realização do ritual.

Originárias | Native Worldviews (BRA/BA, 2025, Doc, 70’, Dir.: Marcília Cavalcante Barros)
No sul da Bahia, sete mulheres indígenas convidam à reflexão ao compartilhar suas mitologias, ancestralidade e caminhos para o bem viver. O filme apresenta um pensamento crítico em torno das estruturas sociais, promovendo uma análise sobre os desafios da sociedade contemporânea e questionando paradigmas dominantes por meio de visões de mundo indígenas. Uma jornada que une tradição, resistência e a busca por alternativas coletivas e harmoniosas de existir.

Programa 2:

Minha câmera é minha flecha | My camera is my arrow (BRA/SP, 2024, Doc, 18’, Dir.: Natália Tupi)
Richard Wera Mirim é um jovem Comunicador Indígena do Povo Guarani Mbya da Terra Indígena Jaraguá, território que ainda resiste às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O filme traz um pouco de sua trajetória, aliada à força do audiovisual e do uso das redes sociais na luta e resistência indígena. Mostra a câmera como uma flecha, uma ferramenta de comunicação poderosa, uma arma para registrar e retratar, com o olhar de quem vivencia a cultura, os conhecimentos, os territórios e demais aspectos dos povos originários pelo direito de existir.

Sukande Kasáká | Terra Doente | Ailing Land (BRA/MT, 2025, Doc, 30’, Dir.: Kamikia Kisedje, Fred Rahal)
Kamikia e Lewaiki, do povo Kisêdjê, são obrigados a abandonar sua maior aldeia após detectarem a contaminação por agrotóxicos, que envenena suas terras, rios e alimentos. Cercados por monoculturas de soja, eles lutam para proteger sua cultura, suas famílias e seu território, enfrentando um inimigo invisível que ameaça sua existência.

Aldeia Multiétnica - Território da Diversidade | Multiethnic Village - Diversity Territory (BRA/GO, 2025, Doc, 70’, Dir.: Juliano George Basso, Lappa Amary, Pedro Guimarães, Ester de Maria)
O filme "Aldeia Multiétnica - Território da Diversidade" conta a história da idealização, construção e trabalho de continuidade a partir do encontro entre diferentes povos indígenas no território Aldeia Multiétnica.

Programa 3:

Aguyjevete Avaxi’i (BRA/SP, 2023, Doc, 21', Dir.: Kerexu Martim)
O documentário celebra a retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, onde antes havia uma área seca e degradada, consequência de décadas de monocultura de eucalipto. Considerado como um dos verdadeiros alimentos que os seres divinos possuem em suas moradas celestes, o milho passa por rituais e bênçãos desde o plantio até a colheita, quando a aldeia se junta para festejar. Comê-lo mantém a vitalidade dos seres humanos em equilíbrio, à semelhança das divindades.

Adobe: Habilidades tradicionais da construção Kalunga | ADOBE: Traditional Competences from the Kalunga Construction (BRA/GO, 2025, Doc, 29', Dir. Carlos Pereira, Hugo Casarisi, Gabi Cerqueira)
No coração do quilombo reconhecido pela UNESCO como Sítio Histórico Patrimônio Cultural Kalunga, o documentário “ADOBE: Habilidades Tradicionais da Construção Kalunga” mergulha na riqueza cultural e nas técnicas de construção vernacular da comunidade Kalunga. Através de entrevistas com anciãos, líderes comunitários e jovens, o filme revela como o uso do adobe e de outros materiais naturais não apenas constrói casas, mas também tece a identidade, a resistência e a história de um povo que preservou suas tradições por gerações.

Bye Bye Amazônia | Bye Bye Amazon (BRA/RJ, 2023, Doc, 70', Dir.: Neville Duarte Almeida)
Em uma abordagem panorâmica e ensaísta que segue o uso singular da linguagem cinematográfica desde seus primeiros trabalhos, Neville D'Almeida se debruça sobre os problemas seculares que assolam a maior floresta tropical do mundo e seus habitantes. O cineasta impõe questionamentos sobre o desmatamento, o garimpo ilegal e o tratamento do Brasil com os povos negros e indígenas. O filme rememora o passado recente do Brasil, mas com o olhar apontado para o futuro do país e do planeta.

 

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A Degustação Crítica integra a Residência de Crítica Cinematográfica é parte de uma iniciativa que visa ampliar os espaços de formação e circulação da crítica no Brasil Central, incentivando o olhar autoral e analítico de novos críticos em diálogo com uma das mais importantes vitrines do cinema ambiental no país. A produção textual dos residentes é feita sob coordenação e orientação do professor do Instituto Federal goiano da cidade de Goiás, Estevão de Pinho Garcia, com auxílio em monitoria do aluno de cinema da Universidade Estadual de Goiás, Antonio Ribeiro.
O Encontro das Escolas de Cinema e Audiovisual do Brasil Central conta com o financiamento da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás (Secult - Go) e da Universidade Estadual de Goiás (UEG), além do apoio executivo da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Fundação RTVE. O evento tem sido transmitido pelo CriaLab - UEG, a UEG TV e a Radio UEG Educativa.