Pesquisador(a): PRISCYLLA KAROLINE DE MENEZES
Linha de Pesquisa: Formação de Professores de Geografia
Justificativa: Como previsto pela Constituição de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB de 1996), a Base Nacional Comum Curricular é um documento contemporâneo que vem para estabelecer aprendizagens essenciais e indispensáveis que todos os estudantes, crianças, jovens e adultos, têm direito; desse modo é de fundamental importância que os cursos de Licenciatura promovam a discussão de tal documento entre os acadêmicos e traga o professor das escolas para o debate, haja vista que a escola é um dos futuros campo de trabalho para os nossos acadêmicos.
Pesquisador(a): MAURICIO SILVEIRA MAIA
Linha de Pesquisa: Avaliação e reabilitação das disfunções musculoesquelétias
Justificativa:
O Tratamento manipulativo osteopático (TMO) é uma ótima alternativa para pessoas que sofrem com tratamentos medicamentosos, sem a extensa lista de efeitos contrários. O TMO é realizado por osteopatas devidamente licenciados e podem por meio de raciocínio de cadeias lesionais, identificar a causa dos problemas e assim realizar técnicas baseadas principalmente na anatomia, fisiologia e biomecânica para corrigir as disfunções de mobilidade encontradas (AMERICAN ACADEMY OF OSTEOPATHY et al., 2010).
Na abordagem osteopática, após uma avaliação criteriosa, são mapeadas as possíveis causas dos sintomas. As tensões e contraturas musculares, articulares, disfunção arterial e visceral (via nervo vago e fáscias), modificam a circulação sanguínea que entra e sai da cabeça, dificultando as funções cerebrais por não manter uma demanda suficiente de oxigênio, além de outros nutrientes importantes.
O TMO comprova sua precisão nas técnicas realizadas, levando a condições em que o próprio organismo do paciente possa buscar o equilíbrio e a melhora. Muitas pessoas ainda estão submetidas a tratamentos farmacológicos. O medicamento acaba tratando apenas o sintoma, e não sua causa (AMERICAN ACADEMY OF OSTEOPATHY et al., 2010).
Pesquisador(a): FERNANDO LIONEL QUIROGA
Linha de Pesquisa: Educação Especial
Justificativa:
O papel fundamental deste projeto consiste na elaboração de pesquisas que abordam os campos da educação e saúde sob uma perspectiva intersetorial. Apoiados em nossa experiência no ensino, especialmente a partir da disciplina Educação e Saúde, hoje ofertada pelo PEAR, do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear), sentimos a necessidade de que temas cuja natureza dialoga entre os campos da educação e a saúde possam suscitar investigações diversas sobre este c ampo interdisciplinar. Deste modo, assuntos como, o Burnout ou mal-estar associado a carreira docente, o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), a Classe Hospitalar, as diversas dificuldade de aprendizagem, dentre outros assuntos, constituem aspectos que encontram espaço privilegiado nesta perspectiva investigativa.
Pesquisador(a): LINDALVA PESSONI
Linha de Pesquisa: Didática e questões emergentes
Justificativa: A humanidade passa por difíceis experiências. Os problemas se avolumam e, cada vez mais, é necessário a consciência de que esses fatos não são isolados e esclarecidos por meio de um único campo de conhecimento. Salles e Matos (2016, p. 216) afirmam que “[...] não é possível observar o mundo e a vida somente através de abordagens disciplinares fechadas, onde uma área pretende resolver as situações complexas da vida, sem conexão com o todo que compõe a vida e as circunstâncias”. Essa configuração do cenário atual tem exigido de pesquisadores e professores, reflexões sobre o papel da educação e da escola frente às questões engendradas de forma muito intensa na contemporaneidade. Este macroprojeto se apoia em autores e grupos de pesquisadores que defendem a ressignificação dos processos educativos; ou seja, advogam por práticas, modos e desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem, no intuito de desenvolver os sujeitos e construir conhecimentos, valores e atitudes que sejam transformadoras dos seres e das realidades. Desse modo, defendem que tais processos não sejam lineares, mas, contextualizados a partir de uma concepção mais complexa da realidade. Moraes (2010) destaca a importância do compromisso com o desenvolvimento de uma aprendizagem que favoreça a reforma de pensamento almejada por Edgar Morin, mediante o aprimoramento da capacidade de reflexão e consciência sobre os grandes desafios que a contemporaneidade nos apresenta. Em consonância com essas questões, este macroprojeto está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática e Questões Contemporâneas – Didaktiké Fe/UFG (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7805627761585698). O grupo desenvolve pesquisa vinculada a Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC e a Associación de Escuelas Creativas – ADEC. Na percepção do Didaktiké e da RIEC estão sendo desenvolvidas iniciativas marginais, ou seja, iniciativas que emergem às margens da cultura institucional tradicional da sociedade e dos destaques midiáticos. Elas se manifestam por meio de reorganizações na relação com o conhecimento; reorganizações do saber; mudança no estilo de pensamento em prol de um pensar complexo. Essas iniciativas necessitam ser identificadas, estimuladas, bem como terem visibilidade. Morin (2011) esclarece que são fruto de uma efervescência criativa na atualidade, que são significativas no movimento de reforma do pensamento, reforma da educação, dentre várias outras reformas. As pesquisas mostram que escolas, projetos e/ou práticas pedagógicas emergentes,marginais, criativas e inovadoras são aquelas que rompem com o paradigma moderno, o que significa que transcendem e recriam concepções, fundamentos, valores e ações. Assim, contribuem para transformar as pessoas, os processos escolares, os contextos e a realidade social. São experiências, fruto de uma nova consciência nutrida por uma cultura de mudanças ontológicas, epistemológicas e metodológicas. Segundo Tomio, Adriano e Silva (2016, p. 368) “[...] existem algumas instituições de ensino que priorizam processos de ensinar inovadores e criativos, para promover uma educação transformadora baseada em valores, potenciais humanos e habilidades para vida”. Ao acreditar na potencialidade dessas perspectivas é que este macroprojeto propõe investigar, analisar, sistematizar e compartilhar com o maior número possível de educadores, gestores, comunidade acadêmica, escolas, práticas pedagógicas e/ou projetos que transcendem práticas usais fundamentados por uma cultura de mudanças. A proposta desse macroprojeto se justifica nas reflexões de que, por séculos, as práticas pedagógicas foram desenvolvidas por meio de um modelo cartesiano, positivista, fragmentado e desconexo. Segundo Moraes (2014) a fragmentação que herdamos da modernidade reflete na cultura escolar dificultando os processos de ensino-aprendizagem; o que compromete a formação dos alunos e a relação com o mundo em que vivem. Segundo Diniz e Moraes (2016), é necessário que a escola possibilite uma reflexão sobre as crises da humanidade a fim de que o sujeito participe das decisões sociais e políticas de seu tempo como cidadãos sociais, culturais e terrestres. A busca, então, é por essas escolas, projetos e práticas pedagógicas que adotam novas posturas e atitudes frente às questões culturais, sociais, econômicas e ambientais. Nesse sentido, com o intuito de atender as demandas atuais pretende-se investigar, analisar, sistematizar e socializar projetos e práticas que primam por uma outra relação com os conhecimentos e estes com a vida. O que se propõe é pesquisar experiências que são capazes de religar, não apenas os diferentes saberes, mas também as diversas dimensões do triângulo da vida - indivíduo/sociedade e natureza (MORAES, 2010). A intenção é investigar propostas que tem estabelecido um diálogo entre os conhecimentos sistematizados e o contexto sócio-histórico-cultural contemporâneo, suas demandas e especificidades.
Pesquisador(a): WELLINGTON RIBEIRO DA SILVA
Linha de Pesquisa: História do Pensamento Geográfico
Justificativa: A geografia brasileira, sobretudo a que é ensinada nos centros de ensino superior, sejam eles públicos ou privados, é tributária de uma marcante herança francesa. Mesmo que se leve em conta o afluxo de outros aportes teórico-metodológicos, provindos de outros centros e respectivas escolas geográficas (com relevo especial à geografia teorética de origem anglo-saxônica e que ganhou considerável importância a partir de fins da década de 1950 no Brasil), a presença do “modo francês de fazer geografia”, mesmo que mitigado pelos êmulos de outras matrizes teóricas concorrentes, ainda se faz presente a ponto de não esgotar o já desgastado debate entre determinismo ambiental e possibilismo que, a nosso ver, lança ainda mais luz a um certo privilégio retórico e político dado à matriz francesa quando comparada com outras matrizes. Nesse sentido, a presente abordagem se assenta na ideia que é preciso buscar os primórdios da geografia n’outras paragens que não aquelas que se limitam aos contributos da escola francesa. O fundamento de tal ideia coloca como horizonte heurístico a produção de obras de autores que são considerados precursores da geografia brasileira, como, por exemplo, as obras de Delgado de Carvalho e as de Aroldo de Azevedo. Evidentemente que o estudo mais percuciente dos passos decisivos na entronização de um saber geográfico não pode ficar premido pelo condão científico, uma vez que este só ganhou corpo entre nós no início do século XX. Assim, os ensaios de eruditos, recensões temáticas diversas de analistas da situação política brasileira do período, bem como, os produtos das viagens dos viajantes naturalistas europeus e nacionais, podem ser revisitados com o fulcro de se erigir estudos que possam minimamente evidenciar o papel, os efeitos e todo o raio de alcance de tais estudos.
Pesquisador(a): ALESSANDRA CARLOS COSTA GRANGEIRO
Linha de Pesquisa: História e Literatura. Poesia Goiana. Incentivo à leitura
Justificativa:
De acordo com a exposição de A. J. Saraiva e Óscar Lopes em Condições gerais da literatura ocidental contemporânea; a sua evolução (s/d), O final do século XIX é caracterizado por uma série de transformações que são, extremamente, significativas não só para a literatura, mas também para todos os segmentos da sociedade. No campo científico, com o avanço dos cálculos matemáticos, foi possível o desenvolvimento da termodinâmica ou energética (Carnot, Mayer, Joule, Maxwell); depois da eletrônica, da física atomística (Rutheford, Borh etc.) e da teoria da relatividade (Einstein). Na química orgânica, na fisiologia e na biologia o desenvolvimento não foi em escalar menor. Evidentemente, diante de imensas transformações tais como as descritas anteriormente, as artes, também, sofreriam imensas transformações e são essas transformações que este projeto pretende apreender e compreender.
Esta pesquisa pretende ser um trabalho de crítica literária, pois pretende apreender a revolução ocorrida na ficção moderna e, além disso, pretende percorrer os desdobramentos dessa ficção na produção literária contemporânea. Sendo assim, considera, inicialmente, autores que, pela peculiaridade de suas obras, são considerados os fundadores do romance moderno, pois, dentre outras questões, desfizeram a ordem cronológica, fundindo o passado, o presente e o futuro: Proust, Joyce e Faulkner. A partir da leitura deles, esta pesquisa procurará identificar, nas produções posteriores, o diálogo com esses autores, especialmente no que diz respeito às seguintes questões:
• sujeito moderno, ou pós-moderno?, sua crise existencial e sua relação com os acontecimentos históricos, dentro de uma perspectiva do tempo e da memória, esta individual e coletiva;
• radicalização da técnica narrativa que, segundo a hipótese desta pesquisa é uma espécie de reflexo da crise do sujeito, provoca o embaralhamento da estrutura do romance, especialmente do tempo, fazendo com que esta se torne um verdadeiro quebra-cabeças;
• multiplicidade de pontos de vista: vários narradores, resultado, também, da crise do sujeito e, portanto, do embaralhamento da estrutura da obra;
• consciência crítica dos autores/narradores, o que seria a construção de um projeto estético;
• questão autobiográfica, relacionada às tensões familiares e históricas;
• percepção das relações dos processos de colonização e de pós-colonização. Como se configuram nas obras a percepção dessas relações?
A questão do tempo e da memória está presente nas três tradições e uma questão interessante é procurar identificar o porquê dessa recorrência e a que ela estaria relacionada. Depois disso, buscar na produção contemporânea o diálogo com essas tradições. Os autores contemporâneos serão os seguintes: brasileiros: Milton Hatoum, João Gilberto Noll, Cristóvão Tezza, Letícia Wierzchowski, Bernardo Carvalho, Chico Buarque; peruano: Vargas Llosa; argentinos: Ricardo Piglia, Juan José Saer; caribenho: Caryl Phillips, indiano: Salman Rushdie; escocesa: Ali Smith; sul-africano: J.M. Coetzee; alemão: W. G. Sebald; trinidadino: V.S. Naipaul; mexicano: Ignácio Padilha; espanhol Rosa Montero e outros.
Partindo-se do pressuposto de que é essencial à literatura, segundo Antonio Candido e Otto Maria Carpeaux, uma relação com a sociedade, sem deixar de lado seus elementos estéticos, o que se propõe como objeto de investigação dessa pesquisa, justifica-se porque trata-se de tema relevante para, em primeiro lugar, contribuir com os trabalhos que perseguem a episteme do objeto/fenômeno literário. Em segundo lugar, discutir a criação da obra como emergente da historicidade literária e circunstancial das relações de força entre a tradição e o contexto histórico social. Em terceiro lugar, o estudo dos textos literários da modernidade, aqueles que, segundo João Alexandre Barbosa, são marcados pela crise da representação, nos confirma uma particularidade cada vez mais acentuada do texto literário,. Em quarto lugar, os autores mencionados farão com que compreendamos melhor o espírito de nossa época, o que consideramos de fundamental importância, tendo em vista que é característica do homem a construção intelectual que possibilita a compreensão da sua realidade histórica. Em quinto lugar, porque os romances, segundo Mario Vargas Llosa (2009), são essenciais à sociedade, não são um passatempo de luxo e não são uma atividade meramente feminina, mas, ao contrário, são uma das ocupações mais estimulantes e fecundas da alma humana e insubstituíveis para a formação do cidadão numa sociedade moderna e democrática. Em sexto lugar, porque reforça o estudo das humanidades. Por fim, este projeto se justifica porque a Universidade tem a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade em todos os seus aspectos. A produção do conhecimento só terá sentido se esse conhecimento melhorar as condições de vida não somente materiais, mas também morais e intelectuais do ser humano.
Pesquisador(a): JOAO FELIPE DA SILVA FLEURY
Linha de Pesquisa: Desconstrução da heterocisnormatividade. Direitos.
Justificativa:
A concepção de gênero tem encontrado a necessidade de reformulação para a compreensão da pluralidade de sujeitos de direito que através dos tempos foram olvidados,
marginalizados e oprimidos. Gênero é algo performativo, na medida em que se constitui discursivamente e, por meio da reiteração de uma norma ou conjunto de normas, produz o que nomeia. O papel do Direito nesse contexto, torna-se primordial para além das normas. É necessário o debate para a inclusão de todos os sujeitos na sociedade como exercício e reconhecimento de cidadania. O Direito, ainda bastante dicotômico, precisa ampliar seus conceitos e hermenêutica jurídica para que possa atender a justiça.
Pesquisador(a): JUVAIR FERNANDES DE FREITAS
Linha de Pesquisa: Geografia Urbana
Justificativa:
A presente pesquisa propões analisar o crescimento do valor imobiliário na cidade de Anápolis nos últimos anos a partir de duas variáveis: 1) o ITBI (imposto de transmissão inter vivos); 2) pesquisa nos enunciados nos editoriais locais para finalidades de vendas de imoveis local, em especial nos finais de semana.
O ponto chave dos estudos sobre as cidades, na atualidade, assenta-se sobre o fenômeno da reestruturação urbana nas últimas décadas. Spósito (2007, p. 3) compreende que a “estruturação ou reestruturação urbana são as dinâmicas e os processos atinentes aos espaços regionais e/ou ocorridos no âmbito das redes urbanas; como estruturação ou reestruturação da cidade”. A autora, assim, trabalha com a articulação entre duas escalas geográficas, a regional e a intra urbana.
A preocupação em compreender a forma como as cidades se estruturam, principalmente na escala intra urbana, permeia todas as discussões. Nos últimos anos o Brasil tem passado por momentos muito particulares no que se refere ao processo de inclusão social, diminuição da pobreza e ao mesmo tempo uma politica intensiva de construção de casas populares, que de forma particular tem orientado a estruturação urbana nas cidades de porte médio, impactando no valor imobiliário . Ao diagnosticar este fenômeno, sugere-se que a cidade de Anápolis compõe uma problemática para analise dos seus agentes, como empreendedores,especuladores,o estado, agentes financiadores etc.
A região onde Anápolis está inserida relaciona-se à tendência de valorização de determinadas localidades, capazes de promover melhores retornos dos investimentos nas atividades produtivas. Além disso, constata-se que a cidade foi beneficiada, nos últimos anos, pelo fenômeno de concentração e desconcentração dessas atividades, bem como da diversificação do setor de serviços e das mudanças ocupacionais relacionadas à essa diversificação. Dentro desta perspectiva, considera-se que a cidade formam motivos justificadores para o estudo da temática
Pesquisador(a): HAMILTON AFONSO DE OLIVEIRA
Linha de Pesquisa: Dinâmica socioeconômica nos ambientes urbano e rural
Justificativa: Sendo a História um campo do conhecimento que se caracteriza por ser multidimensional e polidisciplinar, que situa no tempo tudo o que é humano permitindo unificar o estudo de todos os fenômenos culturais e nos conduzem a uma reflexão do presente (MORIN, 2001). Esta proposta de pesquisa pretende, analisar e refletir sobre a dinâmica histórica do desenvolvimento dos meios de comunicação e transportes em Goiás, a partir das transformações iniciadas com o advento da República que se tornou o principal elemento precursor da modernidade e do desenvolvimento. Em Goiás, a estrada de ferro, juntamente, com o posterior desenvolvimento do transporte rodoviário, que teve como marcos a construção de Goiânia (1936) e, especialmente, de Brasília (1960) que aceleraram o processo de urbanização e industrialização a partir do aprimoramento das técnicas de produção e exploração dos recursos naturais no cerrado impulsionado pelo discurso ideológico do progresso e da modernidade. Goiás esta inserido no contexto das políticas de modernização implementadas a partir do advento do período republicano, sobretudo, a partir de 1930, com Getúlio Vargas em que o discurso do progresso e da modernidade torna-se a base ideológica das políticas de governo e, também, uma alternativa ao atraso. Foi em torno do discurso do progresso e da modernidade é que as políticas públicas de desenvolvimento no Brasil foram e continuam sendo conduzidas pelos governos. E são estas políticas responsáveis pelas abruptas transformações sociais e culturais que deram lugar a um país moderno, urbano e industrializado, em detrimento, de um país tradicionalmente agrário até o último quartel do século XX. No entanto, embora os objetivos do país tenham sido a da ânsia pelo progresso e pela modernidade, ao longo destes mais de cinco séculos de história, o país não conseguir se desvencilhar de antigas tradições e vícios que tem impedido conciliar desenvolvimento com crescimento econômico sustentável e com responsabilidade social. Antigas tradições e vícios alicerçados em passado remoto que, segundo Sérgio Buarque de Holanda (1995), provém da ação colonizadora portuguesa cujo princípio ético, moral e ideal que prevaleceu na mentalidade brasileira é o da aventura, em detrimento, do trabalho sistemático. Espírito aventureiro que ignora as fronteiras, os perigos (ou consequências) e tende sempre a transgredir (ou burlar) as leis visando alcançar objetivos imediatos e pessoais (ou de alguns grupos), em detrimento, da coletividade. Os esforços tem como premissa a recompensa imediata, em detrimento, de ações previamente planejadas que visem o retorno de longo prazo, objetivando o bem comum. O espírito da aventura é que tem orientado ações, seja individuais ou coletivas, manifestadas de forma inconsciente nos costumes e tradições do hábito de não planejar. Isto se manifesta nas ações políticas de governos (e não de Estado) profundamente caracterizadas pelo personalismo de quem (ou de grupos) se encontram à frente do poder Executivo, que, na maioria das vezes se sobrepõe sobre os poderes Legislativo e Judiciário e, pela inexistência de políticas de Estado de médio e longo prazo para o desenvolvimento. Também, nas relações mais simples da vida cotidiana, quase tudo é tratado de forma muito provisória e, quase sempre, as ações individuais ou coletivas não são devidamente planejadas e não se tem a consciência clara das eventuais consequências positivas ou negativas de determinadas destas ações. O resultado das políticas de desenvolvimento no Brasil ao longo do século XX e neste limiar do século XXI tem acentuado as desigualdades regionais que evidenciados pelos diversos problemas sociais, econômicos e ambientais que se manifestam em todas as localidades do território nacional, inclusive, no cerrado, decorrentes da não ruptura definitiva das velhas tradições do passado. Na década de 1930, uma parcela expressiva da elite política e intelectual, inclusive, Sérgio Buarque de Holanda, acreditavam que a alternativa para a superação do atraso viria com a modernização, mas, passado mais de 80 anos, o que realmente mudou? Ou, o que não mudou? Quais foram as consequências das políticas de modernização e integração nacional implementadas a partir do advento da República em 1889? Hoje, somos um país moderno? Que modernidade nós temos? Quais foram (ou, são) os custos (ou, impactos) econômicos, sociais, culturais e ambientais desta modernidade? Sendo que a História permite a unificação do estudo de vários fenômenos culturais decorrentes das ações humanas no tempo, cuja finalidade não é apenas a reconstituição do passado por si mesmo, mas, uma reflexão do presente a partir dos problemas do presente, o projeto pretende contribuir para uma reflexão das venturas e desventuras da modernidade no contexto histórico-cultural e no território, em especial, no cerrado brasileiro na relação passado/presente.
Pesquisador(a): JEAN ISÍDIO DOS SANTOS
Linha de Pesquisa: Movimentos Sociais
Justificativa:
O tema da presente pesquisa diz respeito ao MTST, movimento social que se organizou no fim da década de 1990, no Brasil, com o intuito de atuar nos grandes centros urbanos, na luta pela garantia da moradia para os trabalhadores sem teto. O MTST é um movimento heterogêneo que no seu núcleo interior é constituído por indivíduos de classes, (proletários, lumpemproletários) e subdivisões (jovens, adultos), que lutam no combate à segregação social e atuam na busca por um modelo de cidade mais justa e que garanta o direito à moradia. A pesquisa a ser realizada tem como objetivo a compreensão das experiências e do impacto político do MTST no contexto e na luta contra a hegemonia neoliberal. A presente pesquisa visa refletir sobre a dinâmica política e prática do MTST frente ao aparato repressivo estatal.
Convergindo com essa intensificação da mobilização de organizações da sociedade civil, a articulação coletiva das lutas urbanas e tendo como tema de pesquisa o MTST que surgiu no intuito de aglomerar as lutas urbanas que reivindicam a moradia, o presente projeto de pesquisa vincula-se à linha de pesquisa Movimentos Sociais, Poder Político e Transformação Social do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFG. Assim como essa linha de pesquisa, este projeto busca compreender o MTST e a sua dinâmica de luta, os enfrentamentos contra o poder político instituído e a suas lutas cotidianas pela transformação social. Neste sentido, os movimentos sociais, no seu processo de organização coletiva, passam a interferir na história na medida em que as dinâmicas das lutas sociais se avolumam. Nosso intuito é o de buscar compreender se estas organizações criam formas alternativas de ação política autônoma.
Por isso, acreditamos que o objeto deste estudo pode ser mais bem desenvolvido a partir da contribuição de categorias, conceitos e teorias que serão fundamentais no processo investigativo, Gohn (2012) Alonso (2009) Bottomore (1981), Viana (2016), (2017), Scheren-Warren (1987), Jensen (2016) Harvey (2009), Castels (1980), etc. A Sociologia dos Movimentos Sociais tem se constituído como um campo teórico em expansão tanto no Brasil quanto na América Latina, principalmente com a formação e ampliação de novos movimentos sociais e de embates contra o Estado tão evidentes neste século. No que diz respeito à formulação teórica, este projeto de pesquisa se justifica por ser uma tentativa de identificar a dinâmica das formas alternativas de ação política, processo que vem crescendo na contemporaneidade e que se apresenta como modelo organizacional alternativo às formas hegemônicas de participação política, sobretudo as enraizadas nas instituições estatais, nos partidos políticos, etc. Sendo assim, acreditamos ser um projeto relevante para a contribuição e ampliação dos estudos relativos aos movimentos sociais, as participações e lutas populares, a luta pela moradia urbana, ou seja, às lutas que contribuem para a transformação social.