" Quanto ao saber, logo eu, que não pude ter uma educação formal, tenho feito muito mais pela educação do que governantes que tinham verdadeiras coleções de diplomas. Em meu governo, estamos criando 14 novas universidades, 104 extensões universitárias, concedemos 540 mil bolsas de estudos a jovens de baixa renda para curso superior, duplicamos o ingresso de estudantes nas universidades federais e estamos construindo 214 escolas técnicas. Agora, com o pré-sal, vamos criar um fundo de recursos para investimentos na educação e na inovação tecnológica."
Lula
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ECONOMIA
Crise estimulará procura por ensino superior, diz OCDE
Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil
Segundo OCDE, investir em educação é meio de lutar contra recessão
O período pós-crise econômica mundial será caracterizado por “uma demanda sem precedentes” pelo ensino universitário, afirmou, nesta terça-feira, Angel Gurria, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris.
Segundo a organização, o desemprego, que provavelmente se manterá elevado no período em que as economias começarem a sair da recessão, além das vantagens de um maior nível de educação, “vão incentivar cada vez mais jovens a continuarem seus estudos por mais tempo”.
“Os investimentos em capital humano contribuirão para a retomada do crescimento, sob a condição de que os estabelecimentos de ensino estejam em condições de responder a essa demanda”, diz Gurria.
Em seu relatório anual Olhar sobre a Educação - 2009, publicado nesta terça-feira, a OCDE recomenda aos governos que levem “em conta a tendência de maior demanda por formações de ensino superior na elaboração de suas políticas de educação”.
Benefícios
O estudo analisa os sistemas educacionais de 36 países, sendo 30 membros da organização e seis países “parceiros”, entre eles o Brasil.
“Considerando que as pessoas mais qualificadas têm mais chances de trabalhar, assistimos a um aumento do valor da educação”, afirma o relatório.
A OCDE afirma ainda que “investir na educação é um meio para lutar contra a recessão e aumentar a renda futura”.
A organização diz também que um maior nível de ensino beneficia não apenas as populações - que recebem salários mais elevados - mas também a economia dos países, “que tiram benefícios do maior número de pessoas com diplomas”.
“A análise da OCDE mostra que os resultados positivos do ensino superior se traduzem, posteriormente, em salários mais elevados, melhor saúde e menor vulnerabilidade ao desemprego”, diz o relatório.
Diferenças
Segundo os cálculos realizados para o estudo, um homem com diploma universitário pode obter, nos países da OCDE, uma vantagem salarial acumulada ao longo de sua vida profissional de US$ 186 mil brutos, em média, em relação a alguém que cursou apenas o ensino secundário.
A diferença é menor no caso das mulheres - de US$ 134 mil, em média -, o que revela a disparidade dos salários entre homens e mulheres, afirma a organização.
Os Estados Unidos registram a maior diferença salarial entre os que cursaram e os que não cursaram o ensino superior.
Um americano com diploma universitário pode ganhar, ao longo de sua vida, mais de US$ 367 mil a mais do que uma pessoa que cursou apenas o segundo grau.
No caso do Brasil, os titulares de um diploma universitário “beneficiam-se de uma vantagem salarial muito superior a 100%” em relação às pessoas que cursaram apenas o segundo grau, diz o estudo.
O número de pessoas que obtiveram diplomas do ensino superior aumentou, em média, 4,5% por ano nos países da OCDE entre 1998 e 2006, informa o relatório.
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Discurso de Obama sobre educação
Da Folha Online
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um discurso de incentivo à educação nesta terça-feira (8), dia em que começou o ano letivo no país. A medida provoca polêmica por ser direcionada às crianças. Conservadores chegaram a comparar o discurso a propagandas de regimes autoritários.
Na tentativa de esvaziar o debate, a Casa Branca divulgou neste domingo a íntegra do texto. O discurso foi transmitido, a partir de uma escola, pela internet, a TV pública e rádios. A ideia era a de que as escolas transmitissem a mensagem aos alunos, porém, em muitos Estados, essas instituições se recusaram a fazê-lo.
Leia a íntegra do discurso:
"Olá a todos. Como estão" Estou aqui com os estudantes do Colégio Wakefield, em Arlington, Virgínia. Estão conectados também estudantes de todo o país, do jardim de infância ao ensino médio. Estou feliz que todos vocês tenham conseguido se unir a nós hoje.
Eu sei que, para muitos, hoje é o primeiro dia na escola. E, para aqueles que estão no jardim, começando o ensino fundamental ou o ensino médio, é seu primeiro dia em uma escola nova, então é compreensível que estejam um pouco nervosos. Eu imagino que haja ainda veteranos se sentindo muito bem agora, já que falta só mais um ano. E, não importa qual seja sua série, alguns estão, provavelmente, torcendo para que ainda fosse verão e para que pudesse ter ficado na cama um pouquinho mais nessa manhã.
Eu conheço a sensação. Quando eu era jovem, minha família viveu na Indonésia por alguns anos, e minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde todas as crianças americanas estudavam. Então ela decidiu que me daria aulas extras, de segunda a sexta, às 4h30. Eu não ficava feliz de acordar tão cedo. Muitas vezes, eu dormia bem ali, em cima da mesa da cozinha. Mas, sempre que eu reclamava, minha mãe simplesmente me dava um daqueles olhares e dizia 'isso também não é nenhum piquenique pra mim, espertinho'.
Então, eu sei que alguns de vocês ainda estão se acostumando a voltar à escola. Mas estou aqui hoje porque tenho algo importante para discutir com vocês. Estou aqui porque eu quero falar com vocês sobre sua educação e sobre o que se espera de todos nesse ano letivo.
Eu já dei muitos discursos sobre educação. E eu já falei muito sobre responsabilidade. Eu falei sobre a responsabilidade de nossos professores em inspirá-los e em incentivá-los a aprender. Eu falei sobre a responsabilidade dos seus pais de garantir que vocês permaneçam na linha e façam suas tarefas e não gastem todas as horas de seus dias na frente da TV ou com o seu Xbox [um modelo de videogame].
Eu já falei muito sobre a responsabilidade do seu governo de estabelecer padrões altos, dar apoio a professores e diretores e se voltar para escolas que não estejam funcionando, onde os alunos não estejam recebendo as oportunidades que merecem.
Mas, no fim das contas, podemos ter os mais dedicados professores, os mais apoiadores pais e as melhores escolas do mundo e nada fará diferença a não ser que vocês cumpram com as suas responsabilidades. A não ser que vocês compareçam a essas escolas; prestem atenção nesses professores, ouçam seus pais, avós e outros adultos; e apresentam o trabalho duro necessário para terem sucesso.
E é nisso que eu quero focar: na responsabilidade que cada um de vocês têm sobre a sua educação. Eu quero começar com a responsabilidade que vocês têm sobre vocês mesmos. Todos vocês têm algo em que são bons. Todos vocês têm algo a oferecer. E vocês têm uma dívida consigo mesmos de descobrir o que é isso. Essa é a oportunidade que a educação dá.
Talvez você possa ser um bom escritor --talvez até bom o suficiente para escrever um livro ou artigos em um jornal--, mas você pode não descobrir isso até escrever um trabalho para sua aula de inglês. Talvez você possa ser o próximo inovador, ou um inventor --talvez até bom o suficiente para inventar o próximo iPhone ou um novo remédio ou vacina-- mas você pode não descobrir isso até fazer um projeto para sua aula de ciências. Talvez você possa ser um prefeito, um senador ou um juiz da Suprema Corte, mas você pode não descobrir até entrar em uma organização estudantil ou um time de debates.
E não importa o que você queira fazer com a sua vida --eu garanto que você vai precisar de educação. Quer ser um médico, um professor, um policial" Quer ser enfermeiro, arquiteto, advogado ou militar" Você vai precisar de uma boa educação para todas essas carreiras. Você não pode deixar da escola e cair em um bom emprego. Você precisa trabalhar para isso, treinar e aprender.
E isso não é importante só para a sua vida e o seu futuro. O que você faz com sua educação decidirá nada menos que o futuro desse país. O que você está aprendendo na escola hoje irá determinar se nós, como nação, poderemos enfrentar nossos maiores desafios no futuro.
Você vai precisar do conhecimento e da habilidade de resolver problemas que você aprende em ciências e em matemática para curar doenças como o câncer e a Aids, para desenvolver novas tecnologias de energia e para proteger nosso ambiente. Você vai precisar das ideias e do pensamento crítico que ganha com história e estudos sociais para combater a pobreza e a miséria, crime e discriminação, e fazer nossa nação mais justa e mais livre. Você vai precisar da criatividade e inventividade que você desenvolve em todas as suas aulas para abrir novas empresas que criação nossos empregos e impulsionarão nossa economia.
Nós precisamos que cada um de vocês desenvolve seus talentos, habilidades e intelecto para que vocês ajudem a resolver nossos problemas mais difíceis. Se vocês não fizerem isso, se vocês saírem da escola, vocês não desistem apenas de si mesmos, mas do nosso país.
Eu sei que nem sempre é fácil ir bem na escola. Eu sei que muitos de vocês têm desafios em suas vidas pessoais que podem dificultar o foco nas tarefas. Eu entendo. Eu sei como é isso. Meu pai deixou a minha família quando eu tinha 2 anos, e fui criado por uma mãe solteira que, às vezes, sofria para pagar as contas e nem sempre podia dar as coisas que outras crianças tinham. Houve épocas em que eu senti falta de ter um pai na minha vida. Houve épocas em que eu me sentia solitário e desajustado.
Então, nem sempre eu estive tão focado quanto deveria. Eu fiz algumas coisas das quais eu não me orgulho, e tive mais problemas do que deveria. E minha vida podia ter, facilmente, ido pelo pior caminho. Mas eu tive sorte. Eu tive muitas segundas chances e tive a oportunidade de ir para a faculdade e para o curso de direito, e seguir meus sonhos. Minha mulher, nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida. Nenhum dos nossos pais tinham ido à faculdade, e eles não tinham muito. Mas eles trabalharam duro, e ela trabalhou duro e frequentou as melhores escolas desse país.
Alguns de vocês podem não ter essas vantagens. Talvez vocês não tenham adultos em suas vidas que deem o apoio de que precisam. Talvez alguém na sua família perdeu o emprego e não há dinheiro. Talvez vocês vivam em uma vizinhança onde não se sentem seguros ou tenham amigos que os pressionam a fazer coisas que não são certas.
Mas, no fim das contas, as circunstâncias da sua vida --como vocês é, de onde você veio, quanto dinheiro você tem, o que acontece na sua casa-- não são desculpa para negligenciar suas tarefas de casa ou ter um mau comportamento. Não há desculpa para responder ao seu professor, para matar aulas, para deixar a escola. Não há desculpa para não tentar.
Onde você está agora não precisa determinar onde você vai acabar. Ninguém escreveu seu destino pra você. Aqui na América você escreve o seu destino. Você faz o seu futuro. É isso que jovens como vocês estão fazendo todos os dias, em todo o país.
Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Jazmin não falava inglês quando ela chegou à escola. Quase ninguém da cidade dela foi à faculdade, e os pais dela também não. Mas ela trabalhou duro, tirou boas notas, ganhou uma bolsa na Universidade Brown, e está agora na faculdade, estudando saúde pública, em vias de se tornar a Dra. Jazmin Perez.
Estou pensando em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que luta contra um câncer no cérebro desde os 3. Ele passou por todo tipo de tratamento e cirurgia, e um deles atingiu sua memória, então ele levava muito mais tempo --centenas de horas extras-- para fazer as lições de casa. Mas ele nunca se sentiu mal, e está indo para a faculdade neste outono.
E há ainda Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, em Illinois. Mesmo passando de um abrigo para outro nas piores vizinhanças, ela conseguiu um emprego no centro de saúde da comunidade; iniciou um programa para manter os jovens longe das gangues; e agora está a caminho de concluir o ensino médio com mérito e passar à faculdade.
Jazmin, Andoni e Shantell não são diferentes de nenhum de vocês; Eles enfrentaram desafios em suas vidas, assim como vocês. Só que eles se recusaram a desistir. Eles assumiram toda a responsabilidade por sua própria educação e estabeleceram metas. E eu espero que todos vocês façam o mesmo.
É por isso que, hoje, estou pedindo que cada um de vocês estabeleça suas próprias metas de educação e faça tudo que puder para alcançá-las. Sua meta pode ser simples como fazer sua tarefa e prestar atenção na aula ou reservar um pedaço do dia para ler um livro. Talvez você decida se envolver em uma atividade extracurricular ou ser voluntário em sua comunidade. Talvez você decida defender crianças que estão sendo provocadas ou agredidas por causa daquilo que são ou de suas aparências porque você, como eu, acredita que toda criança merece um ambiente seguro para estudar e aprender. Talvez você decida cuidar melhor de si para ficar mais pronto a aprender.
E, nesse sentido, espero que todos lavem muito as mãos e fiquem em casa quando não estiverem se sentindo bem, para evitar que as pessoas peguem gripe neste outono e inverno.
O que quer que decida fazer, eu quero que você se comprometa. Quero que você realmente trabalhe nisso. Eu sei que, às vezes, você acha, pela TV, que pode ser rico e bem-sucedido sem trabalhar duro --que seu passaporte para o sucesso é ser cantor de rap ou estrela de basquete ou de um reality show quando a probabilidade é que você nunca seja nada disso.
A verdade é que ser bem-sucedido é difícil. Você não vai gostar de todas as disciplinas que estudar. Você não vai se apegar a todos os professores. Nem todas as tarefas vão parecer relevantes para sua vida nesse minuto. E você não vai, necessariamente, se dar bem em tudo da primeira vez que tentar.
Tudo bem. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são aquelas que tiveram mais fracassos. O primeiro 'Harry Potter' de JK Rowling foi rejeitado 12 vezes antes de ser finalmente publicado. Michael Jordan foi cortado do time de basquete de sua escola e perdeu centenas de jogos e errou milhares de lançamentos durante a carreira. Uma vez ele disse: 'Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E por isso eu venci.'
Essas pessoas venceram porque elas entendem que você não pode deixar seus fracassos definirem quem você é --você precisa é deixar que eles te ensinem. Você precisa deixar que eles te ensinem o que fazer diferente da próxima vez. Se você se meter em confusão, não significa que você seja um arruaceiro, mas que precisa se esforçar mais para se comportar. Se você tirar uma nota ruim, não significa que seja burro, mas que precisa estudar mais.
Ninguém nasce sendo bom nas coisas. Você fica bom trabalhando muito. Você não é um atleta da primeira vez que joga um esporte novo. Você não acerta todos os tons da primeira vez em que canta uma música. Você precisa treinar. É o mesmo na escola. Você pode ter que resolver um problema de matemática algumas vezes antes de acertar, ou ler algumas vezes antes de entender, ou fazer alguns rascunhos em um papel antes de ter algo bom o suficiente para apresentar.
Não tenha medo de fazer perguntas. Não tenha medo de pedir ajuda quando precisar. Eu faço isso todos os dias. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é sinal de força. Mostra que você tem a coragem de admitir que não sabe de algo e de aprender uma coisa nova. Encontre um adulto em quem confie --um pai, um avô ou um professor, um treinador ou um conselheiro-- e peça a eles para te ajudar a continuar na linha e alcançar suas metas.
E mesmo quando você estiver sofrendo, mesmo quando estiver desencorajado, quando sentir que os outros desistiram de você --não desista de você mesmo. Por que quando você desiste de você mesmo, você desiste do seu país.
A história da América não tem pessoas que desistiram quando as coisas se complicaram, mas sim pessoas que continuaram, que tentaram com mais empenho, que amaram o país tanto que não podiam fazer menos do que o melhor.
É a história de estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 250 anos, e enfrentaram uma revolução e fundaram essa nação. Estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 75 anos, e superaram a Grande Depressão e ganharam a guerra mundial; que lutaram pelos direitos civis e puseram o homem na lua. Estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 20 anos, e fundaram o Google, o Twitter e o Facebook e mudaram o modo como nos comunicamos uns com os outros.
Então, hoje, eu quero perguntar a vocês, qual será sua contribuição" Quais problemas você vai resolver" Quais descobertas você vai fazer" O que um presidente que estará aqui em 20 ou 50 anos falará sobre o que vocês fizeram por esse país"
Suas famílias, seus professores e eu faremos tudo que pudermos para assegurar que vocês tenham a educação de que precisam para responder essas perguntas. Eu estou trabalhando duro para consertar suas salas de aulas e comprar os livros, equipamentos e computadores de que precisam para aprender.
Mas vocês têm que fazer sua parte também. Então espero que vocês levem a sério este ano. Espero que vocês deem o melhor de si em tudo que fizerem. Espero coisas grandes de cada um de vocês. Não nos decepcionem --não decepcionem a sua família, o seu país nem você. Façam com que todos fiquem orgulhosos. Eu sei que vocês podem.
Obrigado. Deus os abençoe e Deus abençoe a América."
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Da BBC Brasil
Brasil sobe oito posições em ranking de competitividade
País é o mais competitivo entre os Brics e ocupa a 56ª colocação em um grupo de 133 economias
BRASÍLIA - O Brasil subiu oito pontos no ranking de competitividade elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria no país com a Fundação Dom Cabral, e divulgado nesta terça-feira, 8.
Com esse resultado, o país passa a ocupar a 56ª colocação, em um grupo de 133 economias.
O Relatório de Competitividade Global 2009 mostra que o Brasil melhorou sua posição graças, principalmente, a avanços nos pilares de estabilidade econômica e sofisticação do mercado financeiro. Nos dois casos, o país subiu 13 posições.
O professor da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, disse que o Brasil ainda está longe dos "dez mais" do ranking, mas que o país "foi o grande destaque do relatório este ano".
"Se considerarmos sua dimensão e o fato de o país vir sistematicamente ganhando posições, sem dúvida o Brasil foi o grande destaque este ano", diz Arruda, que é coordenador da pesquisa no Brasil. Nos últimos três anos, o país subiu 16 posições.
Bric
O Brasil apresentou o melhor desempenho entre os quatro principais países emergentes, os chamados Bric. China e Índia subiram um ponto cada, enquanto a Rússia caiu 12 - aparecendo atrás do Brasil, pela primeira vez.
Cabral afirmou que, no caso brasileiro, houve avanços "importantes" dentro do quesito de estabilidade econômica, mas que o Brasil ainda ocupa uma posição "ruim" nessa categoria (109º lugar).
Ele destacou o crescimento do consumo no país e o controle da inflação como fatores que ajudaram o Brasil a melhorar sua posição nesse quesito.
"Mas esse pilar ainda não é o nosso forte. Se consideramos os juros cobrados pelos bancos, por exemplo, o Brasil fica na 128ª posição", disse o professor.
O relatório de competitividade considera 12 quesitos. As melhores colocações do Brasil foram registradas em tamanho de mercado (9º lugar) e em ambiente empresarial (32º lugar) - praticamente os mesmos níveis registrados no levantamento de 2008.
Segundo Arruda, também houve ganhos na eficiência do mercado de trabalho (11 posições), que avalia sobretudo a relação entre empregadores e empregados.
Fatores negativos
Apesar do ganho de oito pontos no ranking, o Brasil segue com uma posição ruim em diversos itens, como em estabilidade econômica (109º lugar), eficiência do mercado (99º lugar) e instituições (93º lugar).
Segundo Arruda, quando o assunto é competitividade, o país tem três problemas "endêmicos", ou seja, fatores onde o Brasil não consegue melhorar sua posição, que são: falta de reformas (entre elas, a tributária); infraestrutura e ética na gestão pública.
"Nesse último quesito, estamos entre os piores do mundo", diz o professor.
Arruda diz que o levantamento, feito com presidentes de empresas de todo o mundo, considera não apenas as estatísticas de cada país, mas também as percepções desses empresários. Os dados foram coletados entre janeiro e junho deste ano.
O relatório mostra ainda que a crise financeira internacional não teve impacto significativo no ranking. Apesar de os Estados Unidos terem perdido a liderança para a Suíça, não há grandes diferenças entre os dez primeiros da lista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Da Revista Ensino Superior
A universidade vista como cérebro
Cientista brasileiro que desenvolveu a interface cérebro-máquina, Miguel Nicolelis defende a reestruturação do ensino superior para atrair os jovens
Luciano Velleda
Estruturar os diversos departamentos de uma universidade do mesmo modo que o funcionamento do cérebro humano. Esse é o pensamento do neurocientista Miguel Nicolelis, apontado pela revista americana Science como um dos dez mais importantes cientistas do mundo. Em recente debate na cidade de São Paulo, Nicolelis expôs seu conceito ao dizer como está montado o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, criado por ele em um dos lugares mais pobres do Brasil e chamado de A Cidade do Cérebro, onde tudo está interligado, junto, sem barreiras, sem divisões. "As universidades não podem mais ter departamentos que não falam entre si. O cérebro não funciona assim. Então, vale a pena criar estruturas que se assemelham ao funcionamento do cérebro", explicou.
Durante o encontro de cerca de uma hora e meia, uma plateia atenta ouviu as opiniões de Nicolelis. E um dos temas preferidos do neurocientista foi a questão da doação financeira às instituições de ensino superior, assunto que começa a ser alvo de maior debate no Brasil, já tendo sido, inclusive, motivo de projeto elaborado recentemente pela OAB-SP e entregue ao Ministério da Educação.
O idealizador da Cidade do Cérebro é um ferrenho defensor das doações e extremamente crítico com a burocracia que emperra a prática no Brasil. "Se eu tentar botar o nome da minha avó no teatro da USP, provavelmente morro antes", afirma, ironicamente. Mais,
aqui.
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Deu na Folha Online
Lula vetará o plantio da cana em 50% do país
Com um ano e dois meses de atraso, o presidente Lula vai anunciar o veto à expansão das plantações numa área de 4,6 milhões de quilômetros quadrados --mais da metade do território nacional-- e em regiões que mantenham a vegetação nativa no restante do país.
Segundo informa reportagem e Marta Salomon na Folha, essas serão as principais medidas do "selo verde" que quer imprimir ao projeto do álcool combustível, escanteado devido à prioridade ao pré-sal. O anúncio do zoneamento da cana está confirmado para o dia 17.
Em discurso na sede da União Europeia, em Bruxelas, em julho de 2007, Lula afirmou que o biocombustível brasileiro não aumentaria o desmatamento nem avançaria sobre a produção de alimentos. Desde então, esse compromisso ficou limitado às palavras.
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“U danado du trem vai ficá bão dimais, sô!”
“(...) encontrou Taunay (Afonso) uma requisição do governador-geral do Brasil de oitocentos alqueires de farinha destinados a Pernambuco; capitania que, por ser a mais açucareira, seria também a mais exposta à carestia ou escassez de mantimentos locais. A requisição era, porém, superior à capacidade dos paulistas: fornecida toda aquela farinha a Pernambuco, eles é que ficariam na penúria. Decidiu a Câmara apregoar para conhecimento de todos os moradores da vila e termo, uma postura em que ficavam intimados a fazer farinha, em obediência a uma provisão do capitão-mor e do ouvidor da capitania de São Vicente. Tudo sob a ameaça de cinqüenta cruzados de multa e dois anos de degredo para as paragens inóspitas do Estreito de Magalhães (...)”.
Pouco tempo atrás a discussão que galvanizava a opinião pública era a fome iminente, o caos e a insegurança alimentar que arrastaria o planeta para guerras de extermínio, para conflitos catastróficos.
Em decorrência da tragédia anunciada imediatamente foi criada uma poderosa indústria que gerou concorrência na produção acadêmica e intelectual, alavancou estrondosos lucros na prestação de serviços – sobretudo de consultoria - na esfera editorial, nos empréstimos intergovernamentais e no âmbito das agências de fomento ao desenvolvimento.
O tempo passou e, um ajustezinho aqui, outro acolá (noves fora, nada!) e o prenúncio da catástrofe mostrou-se, no dizer da gente simples, efêmero ‘risco n’água’. O aporte de tecnologia concentrada levou à multiplicação da produção, em que pese a área plantada ter se mantido praticamente inalterada. E ao contrário dos prognósticos alarmistas, a produção aumentou, barateando o preço dos alimentos nas gôndolas dos supermercados e nos balcões dos armazéns e empórios da periferia.
Os que pregaram o final dos tempos quietaram-se por algum tempo, mas só o estritamente necessário para que a memória curta do povo os resgatasse da obscuridade.
E como o processo é cíclico, assombração é o que não falta nos dias de hoje. Alguns acalentam o canto da carochinha da Amazônia. Em um ato ela é objeto de cobiça do tio Sam (ah, sempre o tio Sam!) que, inclusive, já a teria extirpado do mapa brasileiro. Em outro ato estaria reduzida a um deserto similar ao Saara africano, em exatos quarenta anos, contados minutos, segundos e milésimos de segundos. Mas existem também, em profusão, os que entoam cantigas alarmistas quanto à completa extinção da água potável no planeta, e outros, ainda, que concentram baterias e protestos denunciando o aquecimento solar que ‘levará ao derretimento das calotas polares, à inundação das terras litorâneas, ciclones, maremotos, tornados’ e o escambau a quatro.
É meu estimado leitor, apregoadores de desgraças e profetas do apocalipse jamais faltaram na longa trajetória que a humanidade teve que purgar para romper o século XXI. E como fazem sucesso, com que facilidade amealham seguidores, fiéis servis e obstinados...
Na ordem do dia. a produção do álcool, o combustível limpo, em substituição aos derivados do petróleo, o combustível sujo. A nova tecnologia parece ser a panacéia do momento. Magnatas nacionais associam-se a investidores estrangeiros para a ampliação da produção, para a construção de novas usinas; o presidente corre o mundo oferecendo a tecnologia redentora; todos se rejubilam e o paraíso parece ficar consideravelmente mais próximo.
A discussão sobre a ampliação da área reservada ao cultivo da cana começa a mobilizar os formadores de opinião. Não há no mundo país que produza álcool mais barato que o Brasil. Somos – como no caso da seleção de Vôlei – invencíveis neste quesito, imbatíveis, arrasadores. Para responder à demanda pelo combustível ecologicamente correto("!), atender aos mercados interno e externo deveremos utilizar áreas gigantescas, continentais, e sempre as melhores, as mais férteis, as mais planas, as que mais abundam água, as melhores servidas por logística, infra-estrutura de produção e escoamento.
E como sempre ocorre nas monoculturas, a produção de alimentos acaba sendo relegada a segundo plano, e quem vai morrer na conta é (como sempre!) o tal do Zé povinho.
Algumas eminências pardas já adiantam que o país tem área de sobra e que a produção de alimentos não será comprometida. Sei... Recomendo a esses “iluminados estudiosos” revisitar na história brasileira as conseqüências das monoculturas e do sistema de plantation. Estudassem um pouco mais e saberiam a que me refiro.
Gilberto Freyre em Casa-Grande & Senzala faz referência às Atas da Câmara de São Paulo (1562-1601), onde se verifica clara interferência do governo no sentido de regularizar a lavoura de mantimentos sacrificada pela do açúcar. Pela importância e oportunidade transcrevo o trecho logo abaixo:
“(...) encontrou Taunay (Afonso) uma requisição do governador-geral do Brasil de oitocentos alqueires de farinha destinados a Pernambuco; capitania que, por ser a mais açucareira, seria também a mais exposta à carestia ou escassez de mantimentos locais. A requisição era, porém, superior à capacidade dos paulistas: fornecida toda aquela farinha a Pernambuco, eles é que ficariam na penúria. Decidiu a Câmara apregoar para conhecimento de todos os moradores da vila e termo, uma postura em que ficavam intimados a fazer farinha, em obediência a uma provisão do capitão-mor e do ouvidor da capitania de São Vicente. Tudo sob a ameaça de cinqüenta cruzados de multa e dois anos de degredo para as paragens inóspitas do Estreito de Magalhães (...)”.
Bem... para o bom entendedor, duas palavras bastam.
De qualquer forma, quem está se maravilhando com todo este movimento é um andarilho que vive nas cercanias da unidade Laranjeiras da UEG, em Goiânia. “O Brasil agora vai ser campeão também em cana” - costuma dizer o pobre coitado, completamente embriagado. E conclui, irradiando felicidade: “U danado du trem vai ficá bão dimais, sô!”.