A Universidade Estadual de Goiás (UEG) sedia, nos dias 15 e 16 de setembro, o II Workshop da Rede de Pesquisa em Segurança Hídrica e Sociobiodiversidade para o Desenvolvimento Sustentável do Cerrado (Rede HidroCerrado), coordenada pela UEG em parceria com outras seis instituições de ensino superior do Centro-Oeste. O evento, realizado no Auditório da Pós-Graduação do Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas, em Anápolis, promove um espaço de integração entre Ciência, inovação e sustentabilidade. Reúne pesquisadores, docentes, discentes e representantes de instituições parceiras para debater os desafios da conservação do Cerrado, dos recursos hídricos e a proposição de soluções sustentáveis para o desenvolvimento regional.
A abertura contou com a presença do reitor da UEG, prof. Antonio Cruvinel, do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, prof. Claudio Stacheira, e da coordenadora da Rede HidroCerrado, profa. Samantha Salomão Caramori, docente do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac) e coordenadora Institucional de Pós-Graduação da UEG. Estiveram presentes também representantes de instituições parceiras, entre eles a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da PUC-Goiás, profa. Priscila Valverde Oliveira Vitorino; o prof. Sandro Dutra e Silva, pró-reitor de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da UniEvangélica; e o prof. Raphael Aquino, representante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG).
Na abertura, a profa. Samantha Caramori apresentou um histórico da constituição da Rede, ressaltando sua relevância para o fortalecimento da pesquisa e da pós-graduação na região Centro-Oeste. A iniciativa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com investimento de R$ 3,74 milhões.
O projeto prevê, entre outras ações, a formação de doutores e pós-doutores, a concessão de bolsas pela Capes e a produção de publicações científicas. Integra ainda iniciativas de mobilidade docente, interiorização e internacionalização da pesquisa, além da realização de seminários e subprojetos interinstitucionais. As pesquisas concentram-se principalmente nas bacias do Rio Meia Ponte e Araguaia-Tocantins, tendo como objetivos oferecer planos de biomonitoramento a gestores públicos, desenvolver bioprodutos e avançar em educação ambiental e sustentabilidade no Cerrado.
Missão histórica
Ao mencionar a urgência do debate sobre segurança hídrica, o reitor Antonio Cruvinel ressaltou a vocação da universidade. “Uma das missões da UEG sempre foi formar docentes. Por que eu insisto nessa teoria? Porque se não tivermos água, não teremos quem formar. Discutir essa questão é discutir o futuro, e uma universidade deve eminentemente discutir o que há de vir, senão não estará cumprindo o seu papel corretamente”, frisou.
Ele relembrou ainda sua participação recente na UnB, em Brasília, ao lado de representantes de 24 instituições de ensino superior situadas na área de abrangência do Cerrado, para a criação do Comitê Pró-Instituto Nacional do Cerrado, com o objetivo de fortalecer a proteção do bioma. “O Cerrado precisa ser bem guardado, porque assim conseguiremos fazer com que os nossos bisnetos estejam aqui sendo professores”, ressaltou. Por fim, enfatizou o papel da UEG na condução do tema segurança hídrica. “Me sinto honrado em participar deste momento; de pensar que estamos aqui hoje debruçados nessa iniciativa, cumprindo a missão institucional da universidade. Sem essa discussão, qualquer outra para a humanidade começa a se tornar pequena”, concluiu.
Tema estratégico
Na abertura do Workshop, a profa. Samantha Caramori reiterou que a segurança hídrica é um tema estratégico da UEG. Ressaltou que compreender os impactos ambientais no Cerrado exige ir além do monitoramento de campo ou de laboratório. “É necessário entender as causas que levaram a esse impacto. Então, temos aqui um grande arranjo sendo feito por colegas de diversas áreas do conhecimento, tratando de um tema que é transdisciplinar e multidisciplinar para compreender as grandes questões que levam ao impacto do bioma Cerrado.” Ela acrescentou que a Rede também busca soluções. “Nós temos duas grandes linhas propositivas: trabalhar com soluções baseadas na natureza, utilizando organismos que já estão dispostos nos ambientes naturais para mitigar os impactos, e o desenvolvimento de bioprodutos que podem ser desenvolvidos através de moléculas extraídas de organismos do próprio Cerrado".
Ao final, enfatizou a contribuição da Rede HidroCerrado para a formação avançada, reiterando que o projeto beneficia a pós-graduação por meio da colaboração interinstitucional, distribuição de bolsas a estudantes e intercâmbio docente. “Nós temos aí a tarefa de trazer professores de instituições já bastante conceituadas no Brasil e no exterior para trabalhar conosco em colaboração na Rede, levando ao objetivo maior que é fortalecer a pós-graduação na região Centro-Oeste", afirmou.
Bem público
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG, prof. Claudio Stacheira, destacou que a Rede HidroCerrado é um exemplo de sucesso, pela relevância e pelo engajamento dos pesquisadores e gestores envolvidos. “Nós temos um caso muito prático e objetivo de uma ação conjunta e coesa entre universidades públicas, Institutos Federais e universidades comunitárias, para fazer com que esses temas, como o da segurança hídrica, ganhem repercussão e contribuam para a promoção da vida sustentável no contexto de Cerrado. A Ciência é um bem público; o conhecimento é um bem público. E nós, enquanto instituições de educação superior em tecnologia, estamos a serviço da sociedade para fazer com que este tão sonhado modelo de vida sustentável aconteça no Cerrado", sublinhou.
Programação científica
A palestra inaugural foi conduzida pelo Dr. Sandro Dutra e Silva (UniEvangélica), que abordou o tema “A fronteira agrícola da soja: história, ecologia e os recursos hídricos do Cerrado”. À tarde, a programação seguiu com a mesa-redonda sobre poluentes emergentes e soluções baseadas na natureza, com a participação da Dra. Alexeia Barufatti (UFGD) e dos docentes da UEG Dr. João Carlos Nabout e Dra. Elisa Flávia Bailão.
O primeiro dia incluiu ainda apresentações sobre a “toxicidade do lítio em recursos hídricos” (Msc. Gabriela Gomes Lima – Renac|UEG); a “análise ecotoxicológica em área industrial do Cerrado” (Msc. Náthala Maria Simão – Renac|UEG); e reflexões sobre “a história das fronteiras do bioma e iniciativas para sua conservação” (Dra. Juliana da Costa Gomes de Souza – UnB).
Bioeconomia
O segundo dia conta com a palestra do prof. Sérgio Botelho de Oliveira (IFG), sobre “Desenvolvimento de bioprodutos do Cerrado para fomentar a bioeconomia e a conservação ambiental”. Na sequência, a Dra. Ana Beatriz Lobo Moreira (Renac|UEG) apresenta o projeto “Cerralga”, dedicado à bioeconomia circular na produção de "biofertilizantes microalgáceos para o desenvolvimento agrícola sustentável no Cerrado".
Ainda pela manhã, a Msc. Waléria Nunes de Siqueira Gomes (UniEvangélica) discutirá a “análise estrutural e teórica do polimorfismo dos agroquímicos mais utilizados no Cerrado e de seus derivados”, ressaltando as implicações para a segurança hídrica e o desenvolvimento sustentável. Logo depois, os participantes realizarão uma visita técnica à área experimental de mesocosmos, conduzida pelo prof. Dr. João Nabout (UEG). O espaço, localizado no Câmpus Central da UEG, em Anápolis, permite experimentos controlados que reproduzem as condições naturais de rios e lagos do Cerrado, com o objetivo de recuperar e preservar ambientes aquáticos.
À tarde, os debates abordarão temas emergentes em inovação científica. A Dra. Allane Catharina Carvalhaes Rodrigues (PUC-Goiás) apresentará os “mecanismos de transferência de elétrons” aplicados ao tratamento de águas contaminadas e à detecção de metais pesados. Encerrando a programação, o Msc. Gabriel Toshio Hirokawa Higa (UCDB) discutirá a temática da agricultura inteligente e sustentável, com foco nos métodos de "explicação de redes neurais profundas".
Confira a programação completa no link.
(Comunicação Setorial|UEG)