Cerca de 650 pessoas acompanharam os três dias de atividades do 4º Encontro das Escolas de Cinema e Audiovisual do Brasil Central (EECABC), que ocorreu de 10 a 13 de junho, no jardim do Palácio Conde dos Arcos e no Auditório do Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário de Goiás (Sala de Exibição 2), em Goiás, durante o 26º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambinetal (Fica 2025). O 4º EECABC foi uma realização da Universidade Estadual de Goiás, por meio do curso de Cinema e Audiovisual e do CriaLab|UEG, com correalização da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e apoio da Universidade Federal de Goiás e da Fundação RTVE. Durante o Encontro, foram exibidas 36 produções audiovisuais, entre filmes, curtas, videoclipes e documentários. Com painéis e rodadas de conversa por três dias, abordando diversos aspectos relacionados ao audiovisual, o evento ainda deu lugar ao lançamento de duas séries documentais, dois livros, apresentação de um jogo virtual, reunião de TVs universitárias, homenagens e exposição fotográfica universitária.
O Encontro reuniu professores, pesquisadores, estudantes e profissionais de dez universidades e institutos estaduais e federais: UEG, IFG Cidade de Goiás, UNB, IFB - Recanto das Emas, UFMT, UFMS, UFG, UFMA, Unifor e UFMG. Neste ano, o tema escolhido foi "Narrativas enraizadas: cinema e território", num diálogo epistemológico com o tema do 26º Fica: "Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima". As duas abordagens exploraram como as narrativas audiovisuais são capazes de revelar, valorizar e preservar as identidades locais, ao mesmo tempo em que contribuem para um debate mais amplo sobre as questões ambientais e socioculturais contemporâneas. O professor Marcelo Costa, coordenador de radioteledifusão da UEG e membro da comissão organizadora do Encontro, afirmou: "O que a gente quer é falar das coisas que são daqui, que são da nossa região, de modo particular com o recorte para as produções e para as escolas que formam os profissionais que vão atuar no eixo de produção cinematográfica do Brasil Central."
Na mesa de abertura do 4º EECABC, estiveram presentes o reitor da UEG, professor Antonio Cruvinel; a superintendente de Fomento e Gestão Cultural, Raíssa Coutinho David, representando a Secretaria de Cultura do Estado de Goiás; a coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da UEG, professora Thais Oliveira; o coordenador de Teleradiodifusão, Marcelo Costa; a pró-reitora de Extensão da UEG, professora Sandra Máscimo; e a coordenadora do Câmpus Cora Coralina da UEG, professora Déborah Magalhães de Barros. "O Fica trata do cinema e o audiovisual que está acontecendo nesse momento. É um retrato do crescimento do audiovisual que tem se tornado expressivo na nossa região, no nosso estado e no país. Mas o nosso Encontro aqui se torna cuidar dos que virão, dos profissionais que, num futuro breve, estarão dentro desse mercado, desbravando novas fronteiras. Este é o momento dentro do Fica que cuida do futuro do próprio Fica, do cinema e do audiovisual em Goiás." , afirmou Antonio Cruvinel. A secretária de Cultura do Estado de Goiás, Yara Nunes, compartilha da mesma perspectiva: "Não existe Fica sem a existência do Encontro de Escolas de Cinema, uma vez que grande parte do festival, dessa entrega e política pública parte das atividades formativas. Aqui estamos no coração do festival. O que é discutido e debatido aqui vai refletir no nosso cinema e no nosso audiovisual no futuro."
Após o show do artista vilaboense Xandó, o primeiro painel do Encontro colocou lado a lado o cineasta Vincent Carelli e o professor e diretor da TV Unifor, Max Eluard, com mediação da professora Cris Ventura, para um bate-papo sobre o tema "Fabulando territórios". A proposta foi refletir sobre o processo de construção de territórios no cinema a partir de uma perspectiva político-afetiva e imagética. O professor Max Eluard considera muito relevante que o Encontro de Cinema insira as TVs universitárias em sua programação. "Acho muito relevante, importante e especial quando, dentro do Encontro de Escolas de Cinema, a gente traz também as TVs universitárias. Quebramos um pouco aquela barreira e aquela expectativa de que TV é para aluno de jornalismo, para o exercício do jornalismo. Elas são também laboratórios para os alunos de cinema e audiovisual", disse.
O cineasta e indigenista Vincent Carelli compartilhou suas experiências e reflexões sobre o cinema feito por indígenas e sobre indígenas. Enfatizou a questão da visibilização dos territórios indígenas, sua relação com o meio ambiente e os riscos da exotização dessas populações pelo olhar cinematográfico não indígena. O professor Max, por sua vez, contribuiu com a abrangência da conversa, mostrando como a exotização é uma questão que perpassa todas as tentativas de registrar o outro, seja quem for. O diálogo conversou diretamente com as problemáticas também levantadas por Davi Kopenawa, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UEG durante o Fica 2025.
Lançamento de livros, homenagem e tarde com café e prosa
Na tarde do dia 11 de junho, os participantes do Encontro receberam o cineasta goiano Erico Rassi como principal homenageado do evento. A tarde também foi palco para o lançamento de duas obras literárias: o e-book Águas Correntes – Mulheres no Audiovisual do Centro-Oeste, organizado pela professora Ceiça Ferreira (UEG) e pela roteirista e produtora Lidiana Reis, e a obra Agora e pouco antes - Direção de arte e cinema brasileiro, escrita pelo diretor de artes Benedito Ferreira, egresso da UEG e doutor em Artes pela UERJ.
Encerrando a tarde do dia 11, a professora Thais Oliveira, coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da UEG, e a equipe do Núcleo Audiovisual de Produção de Foleys da UEG (Naufo|UEG) apresentaram o jogo Vétera, e a professora Júlia Mariano (UEG) apresentou a exposição "Correspondências Fotográficas", fruto de um projeto de extensão envolvendo estudantes e professores da UEG, UFG e UFRJ. Com curadoria das professoras Ana Rita Vidica (UFG), Júlia Mariano (UEG) e do professor Vinícius Ribeiro (UFRJ), a mostra ficou aberta entre os dias 10 e 15 de junho. Os trabalhos se encerraram com o café com prosa das Mulheres Coralinas de Goiás e a apresentação a série das "Mulheres Coralinas", produzida por estudantes do curso de Cinema e Audivisual da UEG, como parte da disciplina de "Realização Audiovisual para TV e Novas Mídias", com orientação do professor Marcelo Costa.
Segunda Temporada de "Ekobé"
A segunda temporada da série documental "Ekobé" também teve sua estreia na Cidade de Goiás, como parte da programação do 4º Encontro das Escolas de Cinema e Audiovisual do Brasil Central, durante o Fica 2025. Produzida em parceria por sete canais de televisão universitária do Brasil, "Ekobé" aprofunda o debate sobre a ocupação humana do meio ambiente, explorando suas dimensões sociais, culturais e ecológicas. "Nós reunimos sete TVs universitárias para falar sobre as mudanças climáticas. Com isso, a partir de cada TV, conseguimos uma variedade de técnicas, formatos, dentro do gênero documentário, falando sobre o tema nas diferentes regiões do país", afirmou a professora Ana Paula Ladeira, que representa a UEG TV na parceria da série.
Diversidade, pluralidade e casos de sucesso nas televisões universitárias
No segundo dia de encontro, 12 de junho, foi realizado o painel "Territórios e Diversidade", com as cineastas Julia Katharine, Rodrigo de Oliveira e Juliana Segóvia. Com mediação da professora Ceiça Ferreira, o painel focou nos avanços e desafios da representatividade e diversidade no cinema, experiências sobre as diferenças, audiovisual e território. À tarde, a rodada de conversa reuniu representantes das TVs universitárias para apresentar experiências de sucesso em suas programações. Participaram Kamyla Maia (TV UFG), Nadia Biondo (TV UFMA), Lucas Tunes (TV UFMG), Max Eluard (TV Unifor), Ana Paula Ladeira (UEG TV) e Maurício Neves (UnBTV).
Jardim do Palácio em todos os ritmos - Ifidelidula
Fechando o segundo dia, o Festival Universitário de Videoclipes Ifidelidula foi um enorme sucesso entre os alunos e professores. Em sua sétima edição, o Festival teve número recorde de produções inscritas, tanto na Mostra Universitária, que comtemplava produções das instituições participantes do encontro, quanto na Mostra Livre, que foi aberta para a comunidade geral. Os grandes vencedores da noite foram "Profana" (Cláudia Vieira & Kleuber Garcez / direção de Stéfanny Rocha / Produção de UEG, Zariah, BS Produções), que recebeu o prêmio de melhor Vídeoclipe Universitário, "Cabokla" ( Conceição de Marianna / Direção: Akira de Moraes / Produção: Hingred Guimarães, Nerus Filmes, Projeto Brota na Base, Dafuq, Duluna Filmes), vencedora do Mostra Ifidelidula Livre e "Falhando na Missão" (Revide e Grupo União Clandestina / Cantores: Mano Fróes & Murilo Matos / Direção: Aléx Fróes / Produção: UEG, Full Moon Movies, Rafael Simon, Zack O’Nill, Aléx Fróes, EntreImagens. ), vencedor do Voto Popular. Para o professor Sandro de Oliveira, idealizador e organizador do festival, é uma alegria perceber como ele está crescendo e se consolidando dentro do cenário universitário: "A produção de videoclipe é importante como um exercício muito potente e estético para os alunos compreenderem a dinâmica da produção, começando por um vídeo curto, de 3 a 4 minutos. E estamos muito felizes com o crescimento dessa ideia. Cada vez temos mais inscrições, com gente de fora, do Paraná, de São Paulo mandando seus vídeos e isso é muito legal", destacou.
Novos e antigos territórios
No último painel do Encontro, "Territórios Virtuais", com mediação da professora Thais Oliveira, o professor Dr. Almir Almas, titular da Universidade de São Paulo (USP), docente e pesquisador do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) e a artista e game designer Michelle Santos, cofundadora do grupo de desenvolvimento de jogos independentes Funbites Game Studio, uniram o tradicional e o novíssimo para tratar dos territórios que emergem no e pelo ambiente digital, especialmente no campo do audiovisual. O painel foi seguido por uma reunião entre representantes das Escolas de Cinema para o compartilhamento de experiências: "Foi muito importante escutar cada instituição falando de suas experiências, compartilhando os projetos, desde preservação até publicação e nos inspira a fazer algo semelhante ou compartilhar atividades", disse a professora Cris Ventura, do bacharelado em Cinema e Audiovisual no IFG (Cidade de Goiás).
Mostra Visões de Futuro fecha o Encontro
A 2ª edição da "Mostra de Cinema Universitário Visões de Futuro" foi realizada no último dia 13 de junho, no Auditório do Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário de Goiás (Sala de Exibição 2), como parte da programação oficial do 26º Fica e do 4º Encontro das Escolas de Cinema e Audiovisual do Brasil Central. Com o auditório lotado (100 lugares ocupados), o evento exibiu 11 produções realizadas por estudantes de seis instituições públicas de ensino superior do Brasil Central: UEG, Instituto Federal de Goiás (IFG – Campus Cidade de Goiás), Universidade de Brasília (UnB), Instituto Federal de Brasília (IFB – Campus Recanto das Emas), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Após a exibição, o júri oficial da Mostra anunciou os filmes premiados: 1º lugar: A pior dor que há, direção de Ana Clara Miranda Lucena, discente da UnB; 2º lugar: Sagrada Travesti do Evangelho, direção de Júlia F. Cândido, do IFG – Campus Cidade de Goiás; 3º lugar: Insígnia, direção de Beatriz Barreto, da UnB; Menção honrosa: Dandara, direção de Raquel Rosa, da UEG.
Além dos certificados, os três primeiros colocados também receberam prêmios em dinheiro: R$ 4 mil para o primeiro lugar, R$ 3 mil para o segundo e R$ 2 mil para o terceiro. A Mostra contou com financiamento da Secult-GO e da UEG, além do apoio executivo da UFG e da Fundação RTVE. Juntas, essas instituições reafirmam seu compromisso com a valorização da produção audiovisual universitária.
Um dos destaques desta edição foi a presença de representantes dos filmes durante a sessão. Estiveram presentes diretoras e diretores dos filmes inscritos pelo IFG, pelo IFB Recanto das Emas, pela UEG e uma representante da UnB. Esse encontro direto entre realizadores, público e avaliadores reforçou o caráter formativo, colaborativo e celebrativo da Mostra. O professor José Eduardo Ribeiro considerou bem-sucedida a 2ª edição da "Visões de Futuro" exatamente pela possibilidade dos encontros e reencontros de olhares, ideias, projetos e realizadores.
Com tantos resultados bem-sucedidos, a quarta edição do EECABC consolida sua relevância dentro do Festival de Cinema Ambiental de Goiás como o ponto de convergência das ações de formação do Brasil Central. O Encontro apresenta ao público especializado e ao grande público perspectivas de futuro do cinema e do audiovisual, a partir de produções que aliam o frescor universitário ao apuro técnico e profissional dos centros formativos. Definindo-se como espaço fundamental de escuta, experimentação e articulação entre academia e mercado, o Encontro das Escolas de Cinema evidencia a cada ano que o cinema feito no Brasil Central não apenas acompanha, mas também propõe novas direções para o audiovisual contemporâneo.
(Comunicação Setorial, com informações do CriaLab|UEG)