O artista visual e cineasta Rafael de Almeida, professor do curso de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais do Cerrado da Universidade Estadual de Goiás (Teccer|UEG), foi um dos quatro selecionados na categoria estadual da Mostra de Artes Visuais do 26º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica 2025), que será realizado entre os dias 10 e 15 de junho na Cidade de Goiás. Intitulada “Não tenho medo de você”, a obra selecionada será exibida durante o evento nas salas do Museu Palácio Conde dos Arcos, das 9h às 19h.

Com o tema “Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima”, o festival recebeu 145 propostas apenas para a mostra de artes visuais - mais que o dobro da edição anterior. A curadoria priorizou propostas de artistas residentes em Goiás, como forma de valorizar a produção local. 

“Não tenho medo de você” é composta por um mosaico de vinte cianotipias que, reunidas, formam a imagem de um homem e um boi em situação de confronto. O boi, erguido sobre as patas traseiras, avança contra o homem, que o segura pelo pescoço com as mãos. A densidade das texturas reforça o caráter visceral da cena, criando uma atmosfera carregada de tensão e intensidade. A obra joga com o paradoxo do medo, desafiando o espectador a refletir sobre quem teme quem; quem é o verdadeiro inimigo e o que resta quando o confronto é inevitável - quando a fúria é a única resposta possível.

Explorando temas como animalidade, violência, domesticação e submissão, a obra tensiona as relações entre espécies e subverte a noção de controle. Ao assumir a briga direta com o boi, o homem abdica de sua racionalidade; ao reagir com agressividade, o boi adquire uma singularidade que o aproxima do humano. Nesse embate simbólico, os papéis se embaralham, expondo a irracionalidade que permeia ambos os lados do confronto.

Sobre o artista 

Rafael de Almeida nasceu em 1987, em Goiânia, onde vive e trabalha. Doutor em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio de doutorado pela Universidad Complutense de Madrid e pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás (UFG), também atua como curador no Goiânia Mostra Curtas e no Pirenópolis Doc – Festival de Documentário Brasileiro. Integra ainda a Comissão de Seleção do Icumam Lab. Dirigiu diversos curtas-metragens, entre eles “Tupananchiskama”, “Arrorró”, “Ainda ontem”, “Wide awake”, “Para não esquecer”, “Carrossel”, “A saudade é um filme sem fim” e “Impej”. Foi tutor de laboratórios de roteiro voltados a projetos documentais no Favera – Festival Audiovisual Vera Cruz e no próprio Fica.

Sua prática artística transita entre o cinema e as artes visuais, tendo como base o princípio da montagem e da colagem para pensar a visualidade de suas obras. O filme, o vídeo, a fotografia e a instalação desempenham papel central em sua produção. Seus interesses atuais se concentram nos diálogos entre o cinema documentário, as práticas ensaísticas, as narrativas autobiográficas, os procedimentos fabulatórios e o reemprego de materiais de arquivo - reais ou ficcionais.

Sua obra já foi apresentada em festivais de cinema e salões de arte no Brasil e no exterior, com destaque para o Salão Anapolino de Arte (2022), Bienal do Sertão de Artes Visuais (2023), Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (2024) e Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo – Sarp (2024). Recebeu prêmios aquisição do Salão de Arte em Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia (2022) e do Salão de Arte Contemporânea de Jataí (2023). Seus trabalhos integram os acervos do Museu de Arte de Britânia (GO), do Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS – GO), do Museu de Arte de Santa Maria (RS) e do Museu de Arte Contemporânea de Jataí (GO).

Fica 2025

O Fica é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-GO), em correalização com a Universidade Federal de Goiás (UFG). A programação de 2025 inclui mostras competitivas de cinema, exposições, oficinas, atividades ambientais, apresentações musicais e debates com importantes nomes do audiovisual brasileiro e internacional. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público.

(Comunicação Setorial|UEG)