Por Leandro Neves
O americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) é muito conhecido entre estudantes de psicologia por seus estudos na área do comportamento e pela sua teoria do Behaviorismo Radical. Para Skinner, o homem é uma entidade única e uniforme, ao contrário da idéia geral que o homem é composto por corpo e mente.
Desenvolveu também os princípios do condicionamento operante, muito utilizado no condicionamento de animais. Para ele, um dado estímulo aumenta a probabilidade de uma dada resposta, sendo este condicionante se após a resposta for oferecido um reforço ou uma punição.
Um exemplo é o adestramento de cães. Você deve pedir a patinha para seu cachorro e oferecer um biscoito apenas quando ele der a patinha. Repetindo este processo por algumas vezes, seu animal estará condicionado. A partir de então, sempre que pedir a patinha de seu cachorro, você terá mais chances de obter êxito.
Skinner acreditava que boa parte dos comportamentos humanos são condicionados desta mesma maneira. Atualmente estas idéias não são o modelo predominante na psicologia, principalmente devido ao desenvolvimento das neurociências e dos conceitos cognitivos.
De certa forma, seus estudos sempre tiveram uma relação com o desenvolvimento do ser humano, e por consequência, à educação. Mas e em relação a Tecnologia & Inovação, tema desta coluna"
Skinner acreditava que espaço de tempo gasto pelo professor para oferecer o reforço positivo às atividades do aluno poderia prejudicar o processo de aprendizagem. Então, por volta de 1950, Skinner propôs o desenvolvimento de uma “máquina de ensinar” que deveria dar um “estimulo positivo” ao aluno sempre que sua resposta fosse correta a um dado estímulo anterior. Considerava que o aluno só poderia passar para a nova etapa de aprendizagem após obter êxito em suas respostas. E ainda, com a “máquina de ensinar” os alunos poderiam determinar seu próprio ritmo de aprendizagem.
No link abaixo você poderá ver o vídeo de pouco mais de 4 min onde o próprio Skinner apresenta suas ideias:
http://www.youtube.com/watch"v=vmRmBgKQq20
Nesta época, os computadores ainda ocupavam alguns andares dos prédios das universidades e não existia a Internet.
Atualmente, muito tem se falado em EaD, sigla para Educação a Distância. Existem inúmeros softwares, inclusive livres, que fornecem uma plataforma para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem sem a necessidade da presencialidade. O mais interessante notar é que vários conceitos adotados por estas plataformas de EaD são, nada mais, nada menos, que os conceitos existentes na “máquina de ensinar” de Skinner: Passar ao próximo módulo apenas ao completar o módulo anterior e permitir ao aluno determinar seu próprio ritmo de aprendizagem.
Nos dias de hoje, não seria a “máquina de ensinar” um computador conectado à Internet"
Fiz um curso de extensão em gestão do conhecimento pela FGV e sou aluno do curso de graduação da Universidade Aberta do Brasil, da qual a UEG também faz parte. Sou uma testemunha desta nova modalidade de ensino e estou muito encantado com suas possibilidades. Imagine no futuro...
(Leandro Neves é Coordenador-Geral de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual de Goiás. lneves@ueg.br)