Foto: Secom UFG
A importância e o potencial da agricultura familiar foram mais uma vez representados na maior edição da Agro Centro-Oeste Familiar (Acof) dos últimos vinte anos da feira. Ultrapassando a expectativa de público, a Acof 2023 recebeu mais de 10 mil visitantes que puderam conferir palestras, minicursos, seminário científico, fazendinha agroecológica, atividades culturais e, claro, alimentos orgânicos e livres de agrotóxicos. Tudo isso, contribuindo para a economia local.
O evento, que teve início no dia 17 e se encerrou no último sábado, 20, foi marcado por boas iniciativas como a não produção de lixo, tendo em vista que todo material utilizado foi biodegradável, e a participação importante de 70% de expositoras, mostrando o reflexo e o impacto da mulher na agricultura familiar.
Ao todo, estiveram presentes no evento mais de 115 expositores que alcançaram R$ 350 mil em vendas de produtos, R$ 194 mil em comercialização de equipamentos, além de 26 rodadas de negócios com fechamento de contratos para exportação de produtos.
Parceira da Feira, a Universidade Estadual de Goiás esteve presente nos quatro dias da Acof 2023 em diferentes frentes. Para a apresentação de banners, 13 grupos de alunos trouxeram trabalhos relevantes, dentre eles, métodos eficazes para a sustentabilidade.
Mais contribuições da UEG:
Histórias e participações
Aos 76 anos, Antonieta Sousa Santos, acumula quase 10 edições da Feira Agro Centro-Oeste Familiar. “Essa feira é muito importante, além de fortalecer a agricultura familiar, acontece muitos cursos, reuniões e o pessoal passa a conhecer quem produz o alimento que vai às suas mesas”, coloca ela.
A dona Antonieta faz parte do assentamento de Canudos, município de Campestre de Goiás, e conta com amor sobre sua participação. “Eu sempre venho, não pensando no dinheiro que a gente ganha aqui, mas para representar minha comunidade e rever os amigos que fizemos ao longo das edições. É tanto abraço que eu até esqueci dos fregueses”. Ela trouxe doce de amendoim com rapadura, doce de gergelim, doce de cidra, polvilho, farinha e açafrão, tudo feito por ela.
A contribuição de dona Antonieta vai além do estande cheio e organizado, ela levou alegria e ensinamentos a todos que passaram por lá. E pensando nas futuras gerações, compartilhou também sementes de diversos frutos, dentre eles a cidra. “Eu comercializo o doce de cidra que é muito raro de encontrar, por isso eu distribuo sementes, pois se as futuras gerações não plantarem, o fruto vai acabar”.
O estudante de agronomia, João Antônio Pereira da Silva, veio de longe para a 20ª edição do evento. Junto com os demais alunos da UnU de Ipameri, viajaram mais de 200 quilômetros para vivenciar essa que é a maior feira voltada para agricultura familiar da região. “Está sendo incrível, superando minhas expectativas”, comentou ele.
Já no primeiro ano do curso, João Antônio, Gustavo Vinícius Sabino da Silva e João Paulo Cardoso dos Santos de Faria participaram da apresentação de banners promovida pela organização do evento, trazendo o papel semente como um método eficaz para a sustentabilidade.
O trabalho deles protagoniza o papel semente que é produzido com materiais reciclados, 100% biodegradável e que contém vida em seu interior. Assim, depois de cumprir a sua função utilitária para a qual foi encomendado, pode ser picado, plantado e regado, e a partir daí, as sementes podem germinar. Para tanto, os estudantes escolheram um tipo de papel chamado 'vergê’, pelo fato de possuir um ph neutro e ser livre de ácidos.
O objetivo do trabalho, conforme João Antônio conta, é fazer com que as empresas substituam o papel convencional usado para a confecção de panfletos, santinhos e etiquetas de roupas, pelo papel semente. “Dessa forma, cada vez que alguém receber um panfleto, por exemplo, e fizer o uso, pode plantá-lo, gerando menos lixo e mais vida”, ressalta o estudante de agronomia da UnU de Ipameri.
Marcando presença pela primeira vez na feira, Rafaela Silva Peixoto ficou encantada com as inúmeras pesquisas e inovações, mas também aproveitou para experimentar os doces e conhecer outros estudantes que, assim como ela, enxergam a importância de estar em um espaço de intercâmbio de conhecimento.
Também representando a Universidade Estadual de Goiás, da Unidade Universitária de Ipameri, Rafaela integrou a apresentação de banner com o tema: "Sustentabilidade na agricultura familiar”.
Segundo ela, essa forma de agricultura é que possui um modelo de produção mais sustentável, e a partir desse estudo desenvolvido, Rafaela conta que o objetivo é montar um projeto levando a agricultura sustentável às fazendas de Ipameri. “Esse é o meu sonho”, disse ela. A aluna que aguardava com ansiedade pela apresentação de seu estudo comentou sobre o método utilizado para construí-lo. “Obtive por meio de muita pesquisa, artigos e textos, somado à vontade de fazer diferença nessa área”.
Acompanhando os alunos de Ipameri estava a professora Maria Erlan Inocêncio que já esteve da Agro Centro-Oeste nas três edições anteriores. Conforme Maria ressalta, a preparação dos alunos vem desde o ano passado por meio do incentivo à produção de trabalhos, artigos e resumos para viabilizar a inscrição no evento. “A participação deles é fundamental, pois sabemos que a agricultura familiar é a base da alimentação do brasileiro, sem ela não teríamos arroz, feijão e milho nas nossas mesas, por exemplo”, enfatiza ela.
A professora Maria Erlan comenta que essa edição chamou a atenção dela devido ao maior envolvimento das organizações governamentais, das Universidades, Institutos e a presença de escolas. “Hoje mesmo, eu vi dezenas de crianças andando entre os estandes, pode parecer longe para elas, mas o futuro disso aqui é delas”, relata.
(Gilnara Peixoto, estagiária de Jornalismo| Comunicação Setorial| UEG)