A Unidade Universitária de Goiânia-Laranjeiras da Universidade Estadual de Goiás (UEG) recebe, a partir deste ano, três alunas intercambistas através do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) desenvolvido pelo Ministério da Educação e das Relações Exteriores. As alunas são provenientes dos países africanos Benim e Camarões e entram na Universidade para cursarem a graduação em Cinema e Audiovisual.
Natural do Benim, país da África Ocidental localizado próximo à Nigéria, Samantha Charlette Kpatoukpa tem 28 anos e mudou para o Brasil em 2020. A graduanda estudou Comunicação e Audiovisual em seu país de origem e o interesse em aprofundar seus estudos na área de Cinema a motivou a ingressar no programa. Samantha já tinha experiência com o audiovisual, chegando a produzir videoclipes e documentários. Segundo ela, o começo da sua jornada no Brasil, principalmente no primeiro ano, foi desafiadora, mas agora se sente mais integrada no processo de adaptação e, apesar das diferenças que nota entre a forma de ensinar do Benim e do novo país, bem como as dificuldades da adapatação ao português, está gostando do curso e da atenção dos(as) professores.
Ludmila Adagbe, intercambista beninense, também chegou ao Brasil em 2020. Para ela, a adaptação ao novo país tem apresentado desafios e alegrias, mas tem gostado bastante, principalmente da culinária brasileira. Ela se diz apaixonada em feijão tropeiro e feijoada. Adagbe escolheu o curso de Cinema e Audiovisual motivada pelo seu apreço às produções audiovisuais e, apesar do curso ter suas dificuldades, que são principalmente relativas ao uso do novo idioma, ela se sente feliz na universidade.
Camaronense, Grace Elvira Djeundjie Habit tem 21 anos. Ela estudava Direito em seu país de origem, mas não gostou do curso. Foi quando surgiu a oportunidade de ingressar no PEC-G e ela decidiu vir à Goiânia. Grace chegou aqui em 2020 e, antes da entrada definitiva no curso de Cinema e Audiovisual, passou por outras cidades, como Rio de Janeiro e Montes Claros, em Minas Gerais. A graduanda tem interesse principalmente em atuar e apesar dos desafios encontrados no processo de adaptação à nova cultura e novo idioma, tem se sentido mais habituada ao Brasil.
Sobre o PEC-G
Coordenador do curso de Letras Português-Inglês no Câmpus Cora Coralina e coordenador da Assessoria de Relações Externas da UEG, o professor Claude Detienne explica que o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) oferece a oportunidade de cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais a possibilidade de cursar gratuitamente uma graduação. O PEC-G é desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação, em parceria com universidades públicas - federais e estaduais - e particulares. No final do curso, o(a) aluno(a) tem o compromisso de regressar ao seu país e contribuir com a área na qual se graduou.
A inscrição e seleção do programa é feita através da rede diplomática brasileira no exterior (embaixadas e consulados). Caso necessário, o(a) aluno(a) selecionado(a) passa um ano no Brasil estudando a língua portuguesa para conseguir aprovação no exame de proficiência de português, o Celpe-Bras, indispensável para ingresso nos cursos.
Segundo o professor Claude, a UEG já recebeu cerca de 27 estudantes pelo programa, inscrito nos mais diferentes cursos da Universidade. Além do curso de Cinema e Audiovisual, a UEG recebeu alunos(as) nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Gastronomia, Enfermagem, Engenharia Agrícola, Engenharia Civil, Logística, Agronomia, entre outros.
Dentre os benefícios que o programa traz à universidade, Claude diz que a internacionalização é o maior deles. "Isso representa trazer para dentro dos cursos alunos pessoas que têm uma história de vida e de formação bem diferentes da quase totalidade dos nossos alunos. Eles têm muito o que contribuir para enriquecer a formação de todos os alunos dos cursos que eles frequentam, pois trazem uma outra maneira de ver o mundo, outros questionamentos baseados em realidades diferentes, universalizando assim a formação universitária", explica o coordenador.
Para os(as) alunos(as) trazidos(as) pelo programa, a maior vantagem é a possibilidade de realizar uma formação universitária completa no exterior, o que acaba por ser um elemento diferenciador para o currículo dos(as) futuros(as) profissionais. "Sua experiência de formação diferente da maioria dos seus compatriotas poderá fazer com que eles consigam contribuir no seu país com um olhar original", destaca o professor Claude. Segundo ele, os desafios são enormes, especialmente para os alunos que não têm o português como língua materna e pelo fato de os cursos de graduação brasileiros fazerem naturalmente referência a uma realidade bem diferente da realidade do país de origem deles. "A adaptação a um novo país também é um fator desafiador, que, neste ano foi reforçado pelo fato de eles terem que esperar mais de um ano para poder realizar a prova de proficiência de português no final do ano de aprendizado linguístico, o que representou uma despesa suplementar para se manterem no Brasil durante um ano a mais do que o previsto", salienta.
(Comunicação Setorial|UEG, com informações da UnU Goiânia-Laranjeiras)