Cantada em prosa e verso, a mulher tem buscado conquistar seu espaço numa sociedade cuja cultura valoriza mais os homens. Aos poucos, elas rompem barreiras e ocupam postos importantes aos quais, anteriormente, apenas o sexo oposto tinha acesso.
Para chegar até aqui, muitas lutas foram travadas para mostrar o que a mulher é capaz. Essa força foi descrita por muitos compositores, como Erasmo Carlos em sua música que desconstroi a fragilidade feminina.
Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas
Mesmo com as conquistas, ainda hoje há preconceitos contra a mulher, sobretudo em áreas historicamente dominadas pelos homens, como é o caso das Ciências Agrárias. A professora Aracele Pinheiro, coordenadora do Câmpus Oeste da Universidade Estadual, em São Luís de Montes Belos, diz que nunca enfrentou dificuldade em fazer pesquisa por ser mulher, mas no meio rural ainda existe preconceito. "Somos das Ciências Agrárias e, profissionalmente, no campo, existe uma indiferença. Quando você vai na propriedade rural para trabalhar com animal, para colocar a mão na massa, sentimos isso, um preconceito dos homens", diz.
Mas, com o passar do tempo a ideia de que a mulher é quem cuida da casa, dos filhos e o homem é o provedor, vai caindo por terra. "Aos poucos, temos avançado. Seguimos em passos curtos, esbarrando em burocracias impostas pela estrutura patriarcal", diz a coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais da UEG, bibliotecária Ceila da Silva Rodrigues. Segundo ela, ainda vai demorar para que a mulher ocupe todos os espaços com justiça. "Mas não desistiremos jamais", garante.
Aos poucos, temos avançado. Seguimos em passos curtos, esbarrando em burocracias impostas pela estrutura patriarcal
"A mulher cresceu muito profissionalmente", afirma a professora Brandina Fátima, coordenadora acadêmica da Pró-reitoria de Graduação e representante da UEG no Conselho Estadual de Educação. "Sinto-me privilegiada por ser mulher e por ter nascido no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher", diz. Ela destaca ainda que a mulher concilia tarefas em várias frentes. "Não há como separar a profissional da mãe, esposa, avó".
Transformações
O papel das mulheres na sociedade tem passado por muitas transformações, sobretudo nas últimas duas décadas. Elas assumem, cada vez mais, novos papéis em várias áreas.
"Antes, a figura da mulher estava ligada única e exclusivamente ao papel social de cuidadora do lar, dos filhos e do marido, porém a mulher ganhou força e voz, alcançou o direito ao voto, conseguiu acesso ao mercado de trabalho e também participação em diferentes tipos de lideranças. No entanto, mesmo tendo avançado no caminho para a igualdade entre os sexos, pela permanente luta feminina em busca de espaço e reconhecimento profissional, as mulheres ainda pagam um alto preço, porque toda essa demanda tem um custo: é tanta pressão que isso acaba prejudicando a energia cognitivo-emocional das mulheres", lembra a ouvidora da UEG, professora Edna Duarte.
É preciso, segundo Edna, discutir sobre as questões de gênero, considerando a importância da defesa dos direitos e da igualdade entre os indivíduos para a construção de uma sociedade mais justa. "As ações devem estar focadas em construir modelos que promovam a igualdade de acesso e intensifiquem os programas de capacitação, profissionalização e humanização visando à promoção da igualdade entre homens e mulheres", salienta.
As ações devem estar focadas em construir modelos que promovam a igualdade de acesso e intensifiquem os programas de capacitação, profissionalização e humanização visando à promoção da igualdade entre homens e mulheres
Para Pollyanna Marques Vaz, assessora de programação da UEG TV e aluna do curso de Cinema e Audiovisual da Unidade Universitária de Goiânia Laranjeiras da UEG, o movimento feminista é extremamente importante na luta pela conquista, manutenção e ampliação do direito das mulheres. "Por vivermos em tempos de diminuição dos direitos, de fortalecimento de visões fundamentalistas e ditatoriais, e de aumento do abismo da diferença de concentração de renda, ele se torna mais importante que nunca", diz.
Pollyanna ressalta que o feminismo possibilitou muitas lutas e conquistas, mas ainda tem muito a alcançar e jamais pode esquecer de ser diverso. "Existem muitas mulheres, atravessadas por diversas outras interseccionalidades, então sempre será no plural, serão movimentos feministas (de mulheres, de mulheres negras, de mulheres do campo, de mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais)", destaca. Segundo ela, a luta é constante e é urgente que a sociedade possa rever e alterar profundamente a forma como encara e distribui o trabalho doméstico, a criação das crianças, a forma como os homens e a masculinidade padrão violenta é criada e reforçada, a autonomia do corpo. "A luta pela igualdade de gênero deve ser feita por todas, todes e todos, a cada dia, em cada espaço. É assunto da conta de todo mundo. Não queremos flores e parabéns no dia 8 de março, queremos um compromisso sério com as mudanças", sintetiza Pollyanna.
Não queremos flores e parabéns no dia 8 de março, queremos um compromisso sério com as mudanças
A mulher na UEG
A predominância das mulheres na Universidade Estadual de Goiás, presente em todas as regiões do Estado, pode ser percebida pelos números.
Atualmente, 75% dos alunos matriculados na Instituição são mulheres. Quando se trata de professoras e servidoras do setor administrativo, as mulheres representam 53%.
De acordo com a professora Brandina Fátima, que está na Instituição desde seu início, na UEG as mulheres têm ocupado espaços importantes no ensino, na pesquisa, na extensão e gestão. "Mulheres valorosas trabalham ou já prestaram bons serviços na Universidade", diz.
(Comunicação Setorial|UEG)