Para discutir temas relacionados à economia e sua aplicação em diferentes contextos, o professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Dr. Glauber Lopes Xavier, publicou dois livros que trazem uma análise sociológica sobre o tema. Doutor em sociologia, Glauber atua no curso de Ciências Econômicas e no Programa de Pós-graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado. Atualmente, conduz pesquisas sobre o capitalismo periférico Latino-Americano, valendo-se, para tanto, dos aportes teóricos da economia política e da análise sociológica.
As obras tratam sobre temáticas contemporâneas, como a pandemia de covid-19 e seus reflexos globais, além das questões geopolíticas envolvidas no enfrentamento da doença. Também são objetos de análise as mudanças latino-americanas nos últimos 20 anos e o capitalismo periférico na região.
O capitalismo dependente brasileiro: ensaios de análise marxista
As transformações econômicas nos países latino-americanos, especialmente a partir das duas últimas décadas, têm suscitado um debate acerca da importância da teoria da dependência como suporte às análises sobre a reprodução do caráter de dependência econômica. Dado esse diagnóstico, se impõe a necessidade de promover um retorno ao debate sobre o capitalismo periférico Latino-Americano. As preocupações que moveram intensas e acaloradas discussões no decurso das décadas de 1950, 1960 e 1970 voltam à baila com a constatação de que as exportações realizadas pelos países periféricos, na medida em que não possuem a mesma intensidade de capital que os bens industrializados, ensejam um fluxo mercantil de trocas desiguais e incorre numa nova dependência. Há que se ter em conta, no entanto, que essa nova dependência não se assemelha in totum à dependência que moveu os debates de outrora. A crítica da economia política marxista consiste no método que sustenta boa parte das análises empreendidas sobre o capitalismo latino-americano. É dela que emergiram inúmeras teses sobre o imperialismo e sobre a reprodução da condição de dependência econômica nos países mais pobres do globo (América-Latina e países asiáticos, sobretudo). A contribuição desse método reside no princípio da totalidade que a ele é subjacente, bem como aos fundamentos no que tange sua teoria do valor e os princípios da chamada lei geral de acumulação capitalista.
A lanterna chinesa: economia e geopolítica em tempos de pandemia
Nada descortina com mais força o fundamento das relações sociais, esgarçando suas clivagens em termos de nacionalidade, raça, etnia, classe social, gênero e geração, do que determinados eventos, como as guerras e as pandemias. Além disso, elas expõem as fraturas geopolíticas e as desigualdades econômicas em termos de Estados-Nacionais. Sem sombra de dúvidas, a epidemia é, como diria Marcel Mauss (2003), um fato social total. Ela provoca a ciência, abala ou fortalece a religião, freia a economia mundial, reconfigura o convívio social, impõe desafios à justiça e à política e reconfigura o jogo mundial de poder, determinando os rumos da geopolítica. A pandemia de covid-19 me parece, pode ser considerada um fato social total. Sua progressiva disseminação tem promovido uma corrida contra o tempo e originado inúmeros debates no campo das ciências sociais e, por razões óbvias, nas ciências da saúde.
(Comunicação Setorial|UEG)