O reitor da Universidade Estadual de Goiás, professor Haroldo Reimer, retornou nesta segunda feira, 25 de junho, da viagem à Alemanha acompanhando a delegação da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM). A delegação brasileira visitou, entre os dias 04 e 09 de junho, 17 universidades na Bélgica e 12 universidades na Alemanha, entre os dias 10 e 22 de junho.
Haroldo Reimer destacou que a delegação da ABRUEM teve boa recepção em todas as universidades visitadas. “Em cada visita houve a possibilidade de conhecer alguma instalação da instituição, assim como ouvir dos gestores explicações gerais sobre a respectiva universidade. De uma forma geral, os gestores alemães expressaram a sua visão positiva sobre o desenvolvimento no âmbito do ensino superior e no incentivo à pesquisa no Brasil nos últimos anos”, destaca o reitor. O programa Ciência sem Fronteiras foi lembrado como a expressão maior desses incentivos. O Brasil alcançou a 13ª posição no ranking da produção intelectual. “Os avanços econômicos tornam o Brasil um país interessante para um país desenvolvido como a Alemanha. Por conta disso, várias universidades instalaram ou instalarão escritórios de representação em São Paulo e no Rio de Janeiro, em geral em cooperação com o DAAD, Serviço de Intercâmbio Acadêmico da Alemanha”.
Segundo o reitor, no acordo assinado com a CAPES e o CNPq, o governo alemão se comprometeu a receber 10 mil estudantes brasileiros até 2015. “Somente o estado de Baden Württemberg, no qual estão localizadas 4 das 12 universidades de excelência na Alemanha, se comprometeu a receber 2 mil estudantes em suas instituições de ensino superior”, relata o reitor. No dia 21 de junho, a comitiva da ABRUEM foi recebida em Munique pelo Secretário de Estado de Pesquisa, Ciência e Artes do estado da Baviera. “O secretário se comprometeu a intermediar a vinda de mais de 2 mil estudantes, tendo o BAYLAT (Centro de Cooperação entre Baviera e América Latina) como seu braço de apoio e intermediação junto às instituições”.
Apesar do programa Ciência sem Fronteiras ser o mais conhecido das agências de fomento brasileiras no exterior, em várias instituições também foram apresentadas as parcerias já existentes entre instituições universitárias alemãs e brasileiras. “Há convênios de cooperação que já existem desde os anos de 1970, sendo continuamente alimentados por meio de atividades de cooperação mútua em pesquisa e ensino, resultando em proveito para os vários lados e atores envolvidos na parceria”. O reitor da UEG relata que em várias instituições houve encontro com estudantes de graduação ou de pós-graduação (doutorado), que se encontram na Alemanha em decorrência de várias possibilidades de intercâmbio. “Há universidades alemãs que colocam a vaga e uma bolsa de estudo à disposição das instituições parceiras no Brasil. Também os programas UNIBRAL E PROBAL, ambos da CAPES, foram mencionados como fundamento jurídico e operacional para o intercâmbio de estudantes e pesquisadores docentes”.
A viagem terminou no dia 22 com visita à Universidade Técnica de Munique (TUM), uma das 12 universidades de excelência daquele país. “A TUM se destaca especialmente pela excelência na área das engenharias e das ciências da natureza (aqui no Brasil chamadas de ciências exatas). Contudo, dentro dessa universidade técnica, com 31 mil alunos, e que coexiste na capital da Baviera com a Universidade de Munique (Ludwig-Maximilian-Universitaet Muenchen, com 46 mil alunos), há uma faculdade de educação, justificada pela necessidade de aprimoramento do ensino das ciências da natureza. Na TUM chama a atenção ainda o fato de ser a universidade da Alemanha a ter uma cervejaria própria, a Weihenstephan Brauerei, algo como a cervejaria-fábrica da universidade. O que chama mesmo a atenção, além de toda a excelente infraestrutura de pesquisa e ensino, é o fato da universidade já ter tido 13 de seus pesquisadores contemplados com Prêmio Nobel. Chama a atenção também o orçamento da TUM: um bilhão e cem mil euros, enriquecido por mais quase 300 milhões de euros na forma de captação de recursos junto a agências de fomento e junto a empresas”, destaca o reitor da UEG.
Haroldo Reimer explica que as universidades estaduais brasileiras, com exceção das paulistas USP, UNICAMP e UNESP, ainda não têm muitos termos de cooperação e parceria assinados e em funcionamento com instituições alemãs. Contudo, a Universidade do Centro da Paraná (UNICENTRO) tem convênio de cooperação na área de produção vegetal com a Universidade de Ciências Aplicadas de Rottemburg, a qual faz a gestão conjunta com outro órgão estadual de uma floresta de manejo, cujos registros remontam há mais de 400 anos. A Universidade Estadual de Ponta Grossa já tem convênio de parceria com a Universidade de Bremen, que no dia 16 de junho recebeu o título de universidade de excelência.
Na opinião do reitor, a viagem contribuiu enormemente para descortinar aos reitores e assessores presentes na delegação as possibilidades de cooperação internacional. “Há espaço para todos nesta busca. É verdade que há instituições que buscam somente parceiros de excelência no exterior, mas também conversamos com pessoas que estão dispostas a firmar convênios de cooperação com instituições de menor porte no Brasil, a exemplo da UEG. Caminhos foram abertos. Agora se trata de fazer o trabalho interno na UEG para efetivamente estreitar laços de parceria e cooperação internacional. O envio de estudantes ao exterior no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras é uma possibilidade concreta que será aproveitada. Mas há que estar atento para outros editais das agências de fomento e outras formas de cooperação. A cooperação internacional não deve ser vista como um passo após a estabilização interna na UEG; as duas coisas devem andar juntas. Assim como os programas de pós-graduação stricto sensu, também as cooperações internacionais colocam a universidade em espaço de atuação e avaliação para além das fronteiras estaduais”.
(Moema Ribeiro)