Projeto de extensão leva inclusão digital à comunidade
Por meio dos conhecimentos de informática existem caminhos que alguns não conseguem trilhar. Em Aparecida de Goiânia, a UEG atua em nome desses cidadãos
Dentro dos computadores com cabos de fibra ótica ou via satélites, encontramos informações e ferramentas que facilitam a vida. Escrever um texto, buscar uma receita, controlar o orçamento, conversar com a família ou conhecer a superfície de outro planeta. Na internet, as possibilidades são infinitas.
O mundo virtual é um ambiente relativamente novo, mas que se desenvolve em uma dinâmica acelerada. Quem nasceu nos anos 1980 e 1990 conseguiu acompanhar o desenvolvimento dos computadores e demais aparelhos digitais, e migrou para a internet com certo grau de sucesso. Mas, para as gerações anteriores, entender o funcionamento de ícones, links, teclados e mouses pode ser muito confuso. Não é difícil enxergar que um grande número de pessoas deixa de usufruir dos benefícios da rede, além de perder espaço no mercado de trabalho, por não dominar certas ferramentas.
Com o objetivo de reverter esse quadro, estudantes e professores do curso de Administração da Universidade Estadual de Goiás (UEG) do Câmpus Aparecida de Goiânia criaram, no ano passado, o Projeto de Extensão Inclusão Digital, com aulas de informática e assessoria profissional para adultos acima dos 40 anos.
As aulas tiveram início em setembro, com 20 alunos. Destes, dois já conseguiram emprego, e, segundo Diorgenes dos Santos – um dos acadêmicos envolvidos no projeto – o objetivo é aumentar esse número. Além de Diorgenes, o projeto Inclusão Digital conta com os estudantes Aline Pinto Nazaré e Junielson Dias Barbosa, e com a supervisão da professora Flávia Braga Melo.
Os encontros são semanais e a cada três semanas os acadêmicos preparam uma palestra com temas voltados ao mercado de trabalho, como dicas sobre currículo. Durante as aulas, os participantes são incentivados a interagir entre si, além de terem apoio constante de assistentes dos professores.
“Pessoas com mais de 40 anos muitas vezes são excluídas do mercado por falta de afinidade com a informática, e a família nem sempre tem paciência para ensinar”, comenta Diorgenes, apontando a importância de iniciativas de inclusão digital para adultos. Para ele, a experiência com o projeto de extensão enriquece também os universitários que ministram as aulas, “a experiência é muito boa. Nós, tutores, aprendemos a ser mais humanos”. Diorgenes destaca também o aproveitamento de matérias do curso de Administração, como empreendedorismo e gestão de pessoas, que são levados às aulas do projeto.
Manoel Miranda, de 53 anos, é um dos alunos mais assíduos nas aulas. Assessor na Câmara Municipal de Aparecida, ele está satisfeito com o que tem aprendido por meio do projeto. “Não ter conhecimento de informática é não ter nada”, declara o assessor, que já aplica o saber adquirido no curso em seu trabalho. “Estou conseguindo aquilo que não tinha, vou por em prática. É muito importante para meu trabalho”, analisa. A dona de casa Lindalva Couto Gonçalves também participa do projeto de Inclusão Digital. Para ela, que no início das aulas “não sabia nem ligar o computador”, o curso tem o objetivo de auxiliar na conquista de um novo emprego. “Vou me aperfeiçoar, aprender mais”, declara, de olho no futuro. Enquanto o emprego não vem, Lindalva usa o que aprende no projeto em seu dia a dia, “já faço pesquisas no Google. Estou sempre me aperfeiçoando”.
O Projeto de Extensão rendeu um artigo, selecionado para o Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, um dos maiores no país voltado à extensão.
(CGCom)