Sala de Roteiristas: "Do Nosso Lado, Só o Sol"

01/04/2022

 

 

O argumento do filme ‘Do nosso lado, só sol’ é uma obra coletiva livremente inspirada no argumento original de Luís Gondim, que foi selecionado via concurso realizado no final de 2020. O Concurso de Argumento de Longa-metragem foi promovido pelo Cria Lab|UEG – Laboratório de Pesquisas Criativas  e Inovação em Audiovisual, coordenado pelo professor Marcelo Costa, e o Trama – Narrativas Audiovisuais e Criação de Roteiros.

 

Em fevereiro de 2021 foi montada a Sala de Roteiristas.  Participaram, em diversas fases, os seguintes acadêmicos do curso de Cinema e Audiovisual da UEG: Ana Domitila, Ana Paula Castro, Hugo Soares Bocalan, Louise Quenehen, Luís Gondim, Marilandes Ramos, Marta Aragão, Matheus Aragão, Nilma Ayumi e Pollyanna Marques, sob coordenação da roteirista e professora Jô Levy. As reuniões da sala ocorreram regularmente uma vez por semana.

 

 ENCONTROS VIRTUAIS

 

 Eram apresentadas demandas para o desenvolvimento do roteiro, que levavam os participantes a contribuírem com o processo de criação colaborativo, tais como reescrita do argumento, composição dos personagens, pesquisas sobre os temas abordados no enredo, pesquisa de elementos visuais referentes ao universo da história, desenvolvimento do arco dramático do enredo, elaboração da escaleta, escritas de cena, estudos de obras audiovisuais e textos correlatos ao projeto do filme. 

 

 Os encontros semanais, via Google Meet, possibilitaram o compartilhamento dos resultados e descobertas, bem como a discussão sobre tópicos pertinentes às fases de desenvolvimento do roteiro. Na etapa de escrita da escaleta, a Sala de Roteiristas passou a contar com apenas cinco participantes. Ao longo do processo, os demais alunos deixaram o projeto por motivos vários:  trancamento do curso, problemas pessoais ou por falta de identificação com a proposta do enredo. Às vésperas do início da escrita do roteiro, a acadêmica Ana Domitila, que participou ativamente de todas as fases, foi selecionada como roteirista assistente de uma sala de roteiristas que desenvolve uma série para uma plataforma de streaming e Nilma Ayumi precisou se dedicar ao seu trabalho de conclusão de curso.  Portanto, assinam o roteiro Jô Levy, Matheus Aragão, Louise Quenehen e Pollyanna Marques Vaz. 

 

 

Roteiristas: Jô Levy; Matheus Aragão; Louise Quenehen; Pollyanna Marques Vaz

 

 "Além de sintonizar a universidade às tendências do mundo do trabalho no segmento audiovisual, a Sala de Roteiristas, enquanto experiência pedagógica tem sido um campo fértil para aprendizagens técnicas e comunicativas, tais como capacidade de expor ideias, apurar a escuta e saber negociar. Escrever colaborativamente tem se mostrado um valioso exercício para educar o ego, visto que nos expõe a um processo de tentativa e erro que retroalimenta a inteligência coletiva do grupo e fortalece os laços entre os agentes envolvidos em prol do objetivo comum", avalia Jô Levy.

 

 O ENREDO

 

Com as muitas contribuições, o enredo sofreu grande mudança no processo até se desenhar como um drama distópico sobre uma mulher que procura por sua filha, enquanto se vê presa numa carvoaria, submetida a um regime de trabalho análogo à escravidão. O universo ficcional está situado em algum lugar do Cerrado onde é sempre dia, as pessoas nunca dormem, trabalham até a exaustão e vão se tornando autômatos sem memória. A pratagonista encontrará inimigos e aliados, que como ela, desejam sair dali.  A trama se desenvolve em torno de um mundo social  marcado por atravessamentos ideológicos, sistemas de crenças e instrumentos de poder. Em contrapartida,  tudo isso desperta na protagonista a vontade de liberdade e a compreensão de que essa é uma conquista coletiva. 

 

 

 

 Apesar de não ser um enredo realista, pois fenômenos "surreais" acontecem, a equipe se debruçou sobre vasto material de pesquisa que subsidiaram a escrita do roteiro, tais como trabalho análogo à escravidão no Brasil e a produção de carvão vegetal e seus impactos ambientais. Os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), indicam que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de carvão vegetal. Apesar de ser uma fonte de energia renovável quando baseada no reflorestamento, ainda é possível encontrar práticas de produção de carvão com vegetação nativa, o que contribui para o desmatamento e a degradação ambiental. 

 

 

Goiás está entre os oito estados brasileiros que mais produzem carvão vegetal, segundo o Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE). E, apesar de muitas carvoarias funcionarem com autorização ambiental e dentro da legalidade, há muitas carvoarias clandestinas que além de prejuízos ambientais, submetem os trabalhadores a condições análogas à escravidão. Frequentemente, a imprensa noticia a atuação de fiscais do trabalho no resgate de trabalhadores. Do ponto de vista temático, o roteiro do longa "Do nosso lado, só o sol" toca em questões sociais sensíveis e pertinentes ao mundo contemporâneo.  

 

 PRÓXIMA FASE 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O roteiro agora passa para a equipe do CriaLab UEG que vai buscar viabilizar a produção deste que será o primeiro filme de longa-metragem produzido pelo curso de Cinema e Audiovisual. Uma ação coletiva que visa congregar docentes, discentes e egressos do curso.  

 

 

Imagem de uma das cavernas do complexo Terra Ronca, em Goiás,

possível locação do filme.