
Mudanças climáticas ameaçam plantas medicinais do Cerrado, aponta pesquisa da UEG Estudo do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado revela que até 64% das áreas adequadas para espécies medicinais podem desaparecer até 2060.
Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (PPG-RENAC) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com o Instituto Federal de Goiás (IFG), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), acaba de ser publicada na revista científica internacional Biodiversity and Conservation (Springer Nature). O estudo, intitulado “The potential effects of climate change on medicinal plants from the Brazilian Cerrado in South America”, investigou como as mudanças climáticas podem impactar a distribuição de plantas medicinais nativas do Cerrado, bioma reconhecido como um dos mais ricos em biodiversidade do planeta e essencial para o equilíbrio ecológico e cultural do Brasil Central.
Pesquisa pioneira sobre o futuro das plantas medicinais
A pesquisa foi conduzida pelo mestre Leonardo Almeida Guerra dos Santos, egresso da UEG, sob orientação do professor Dr. Daniel de Paiva Silva (IFG – Campus Anápolis). Também participaram do estudo os pesquisadores Dr. Bruno Vilela (UFBA), Dra. Fernanda Gonçalves de Sousa (UFG) e Dr. Washington Soares Ferreira Júnior (UFPE). Utilizando modelos de distribuição de espécies e cenários climáticos globais, o grupo projetou como o aumento das temperaturas e as mudanças no regime de chuvas poderão alterar a ocorrência de mais de 100 espécies de plantas medicinais do Cerrado, amplamente utilizadas por comunidades tradicionais e na medicina popular. Os resultados revelam um cenário preocupante: até 64% das áreas atualmente adequadas para essas espécies poderão desaparecer até 2060, especialmente nos cenários mais severos de aquecimento global. Espécies emblemáticas como o barbatimão (Stryphnodendron adstringens), o pequi (Caryocar brasiliense) e o jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) estão entre as mais ameaçadas.
Cerrado e Amazônia
O estudo identificou ainda uma tendência de deslocamento das espécies para o norte da América do Sul, indicando que áreas da Amazônia poderão se tornar refúgios climáticos para plantas típicas do Cerrado. Essa migração, no entanto, pode gerar desequilíbrios ecológicos e dificultar o acesso das comunidades locais aos recursos medicinais, colocando em risco conhecimentos tradicionais e práticas culturais que há séculos dependem dessas plantas. Os autores defendem a integração de políticas públicas entre os biomas Cerrado e Amazônia, a criação de novas áreas protegidas e o fortalecimento de estratégias de manejo sustentável que garantam a conservação dessas espécies e o saber tradicional associado a elas.
Publicação internacional
A pesquisa foi publicada na revista científica Biodiversity and Conservation (Springer Nature), uma das mais prestigiadas na área de ecologia e conservação, e reforça a relevância da ciência produzida nas instituições públicas brasileiras para compreender e mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade e a cultura.
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👉 https://doi.org/10.1007/s10531-025-03188-6
Instituições envolvidas
Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (PPG-RENAC)
Instituto Federal de Goiás (IFG) – Campus Anápolis
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)