Eleito em primeiro lugar, com 36,07% dos votos, no dia 24 de junho, num pleito com cinco candidatos, o reitor Antônio Cruvinel Borges Neto foi escolhido pelo governador Ronaldo Caiado como reitor da Universidade Estadual de Goiás para um mandato de quatro anos. Antonio Cruvinel tomou posse oficialmente no dia 3 de agosto em cerimônia realizada no Salão Dona Gercina Borges Teixeira, no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia.
Nesta entrevista, o novo reitor fala dos planos para a gestão, englobando o fortalecimento dos cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão, e ainda a valorização dos recursos humanos da Instituição.
Comunicação Setorial - Reitor, conte-nos como foi sua trajetória na UEG.
Antonio Cruvinel – Entrei na UEG em 2010, por meio de concurso público. Já vinha com experiência como docente de ensino superior desde 2007 em outras instituições. Em 2013 participei da eleição para ser gestor da Unidade Universitária de Trindade e assumi em 2014. Fiquei sete anos à frente da gestão da Unidade. Quando aconteceu a Reforma Administrativa da UEG, fui convidado para ajudar na implantação do Instituto Acadêmico de Ciências Tecnológicas, onde fiquei um ano, me licenciando para concorrer ao cargo de reitor.
Comunicação Setorial - O senhor propôs, durante a campanha, que a UEG para ser forte, significativa e de qualidade só pode ser construída e sustentada com a participação de todos. Como pretende envolver a comunidade universitária nesse projeto?
Antonio Cruvinel – A Universidade precisa estabelecer, no seu interior, a capacidade de dialogar e de se discutir. Então, envolver a comunidade universitária como um todo dentro deste conceito é inevitável, na minha visão. Dialogar com todos segmentos organizados da Universidade, com o público interno, com quem compõe a Universidade, por meio das suas representações, que precisam ser valorizadas, com os colegiados no âmbito local, com os órgãos de representação da Universidade, acredito que seja um dos sucessos. O segredo vai ser sentar e conversar. O diálogo é a maior arma para este momento, seguida por tomadas de decisões robustas que permitam que a UEG possa avançar num curto espaço de tempo.
Comunicação Setorial - A UEG está presente em todas as regiões de Goiás. Nesse novo modelo, proposto pela Reforma Administrativa, há espaço para a descentralização?
Antonio Cruvinel – A descentralização da gestão da Universidade já está prevista em nosso Estatuto. A Universidade tem como uma das principais funções a permanência do ensino superior no interior goiano e pretendemos manter assim. Com a criação dos câmpus estamos em todas as macrorregiões goianas, buscando atender as cidades goianas com ensino superior de qualidade. Entendemos que temos que estar presentes, com qualidade, nas oito macrorregiões, para que possamos atender as pessoas que têm dificuldade para se deslocar aos grandes centros para ter acesso ao ensino superior, participar da pesquisa ou da extensão. Devemos nos manter no interior, mas devemos estar onde temos condições de oferecer, com qualidade, o serviço de ensino superior a todos os goianos e a todos que escolhem Goiás para receber essa formação.
Comunicação Setorial – Quais compromissos o senhor firmou com a comunidade universitária e como pretende concretizá-los?
Antonio Cruvinel – Nosso primeiro compromisso é defender a UEG. A Universidade precisa de conquistar uma autonomia. Ela precisa oferecer para a sociedade, para o povo goiano, para todos que escolhem Goiás para receber sua formação superior, uma boa gestão. Então, defender a Universidade, gerar nela uma estabilidade para que os sobressaltos deixem de ser rotina, uma base institucional que permita que essa Universidade esteja cada vez mais firme, cada vez respondendo aos anseios, é o primeiro compromisso que fiz e defendo.
A Universidade precisa ter a sua autonomia conquistada e isso é um processo que nasce de dentro para fora. O diálogo, com a participação de todos que compõem a comunidade universitária, passa a ser uma necessidade para podermos conseguir chegar a isso. Passamos por dificuldades, a dificuldade orçamentária é real. A necessidade de ampliar os quadros também é algo que precisa ser discutido, mas liderar isso e administrar de uma forma democrática e responsável é um compromisso que firmei com a Universidade. Entender quais são os gargalos e as restrições que se apresentam para a Universidade e buscar soluções
A Universidade precisa ter a sua autonomia conquistada e isso é um processo que nasce de dentro para fora
O nosso quarto compromisso é viabilizar as condições necessárias para que os docentes e técnicos possam exercer suas funções. Vamos lutar para valorizar as pessoas que trabalham, que fazem com que a UEG aconteça, seja no âmbito de condições de trabalho, da busca da valorização do ser humano, do respeito e, é claro, melhores condições financeiras às pessoas que desempenham suas funções na Universidade e que às vezes têm o seu salário aquém.
Outro compromisso que entendo como muito significativo é assegurar a missão acadêmica - a presença da UEG em todas regiões do Estado. Porém, volto a frisar, permaneceremos onde tivermos condições de oferecer um ensino de qualidade. E, por último, planejar a Universidade de uma forma responsável. Nós iniciamos agora um novo ciclo na UEG com o plano de que em três anos a gente consiga, aos 25 anos da Universidade, celebrar o jubileu de prata de uma forma responsável e num outro patamar enquanto instituição de ensino superior.
Comunicação Setorial - Como pretende resolver a questão dos concursos públicos para professores e servidores administrativos, diante de uma possível inclusão do Estado no Regime de Recuperação Fiscal?
Antonio Cruvinel – A Universidade não vai poder esperar. Trabalhar demandas que precisam urgentemente de solução, como, por exemplo, alguns cursos que necessitam de novos docentes. Precisamos de servidores técnico-administrativos para laboratórios especializados, com os quais somente profissionais podem lidar, pois contam com equipamentos caros que precisam de habilidade para manejá-los. Para lidar com soluções para a Universidade, o investimento não pode ser simplesmente em algo físico, mas também nos recursos humanos. Acredito que a Universidade precisa, sim, de um investimento nessa ordem de novos concursos e isso já está sendo levantado para que a gente possa fazer uma proposta sobre a necessidade de novos profissionais. O desejo é que sejam para o quadro permanente da Instituição.
Comunicação Setorial - Como se dará a consolidação dos cursos de graduação e de pós-graduação da UEG?
Antonio Cruvinel – Estamos começando a oferecer novamente cursos em nível de especialização e acredito que isso deve ser um ciclo vivo, para que a Universidade possa atender também a esse nível. Os cursos de mestrado e doutorado devem receber investimento para que possam se fortalecer, para que depois possamos pensar em expandir. Mas, nesse momento, precisamos estruturar os programas de mestrado e de doutorado que já temos. Para os cursos de graduação, o nosso Estatuto já traz uma imposição, uma necessidade do quadro docente que permita com que os cursos possam abrir novas vagas no vestibular. Então, não é escolha de a Universidade seguir ou não. O Estatuto está posto, para a Universidade é um regramento e devemos segui-lo. Vamos buscar diuturnamente conquistar isso.
Comunicação Setorial - Recentemente o Conselho Universitário aprovou a curricularização da extensão. Como a Reitoria vai conduzir esse processo?
Antonio Cruvinel – É um processo que muda o modelo mental da educação, que não é apenas para a realidade da UEG, mas todas as universidades, por imposição de lei, devem seguir por este caminho. A UEG, como já tem uma tradição extensionista, entendo que conseguirá avançar, mas com calma e responsabilidade para que nossos docentes se sintam seguros para executar essa forma de extensão por dentro das disciplinas. Nós vamos avançar, oferecendo à sociedade uma interação cada vez maior com a Academia, que é o desejado, e entendo que é essa a principal função para a educação extensionista, mas sem atropelar, respeitando o docente em sala de aula para que a gente consiga desenvolver com qualidade essa interface de extensão, ou seja, de presença dentro da sociedade como um todo, dos nossos acadêmicos, permitindo que eles interajam e desenvolvam ainda mais habilidades.
Nós vamos avançar, oferecendo à sociedade uma interação cada vez maior com a Academia [...]
Comunicação Setorial - O que os estudantes da UEG podem esperar de seu reitorado em termos de apoio?
Antonio Cruvinel – Em nosso plano mínimo de gestão, além das bolsas, que já são uma realidade, entendo que nossos alunos precisam de uma atenção para que não desistam do curso. Nossos alunos são de origem trabalhadora, em sua grande maioria ajudam no sustento do seu núcleo familiar e são pessoas que necessitam de uma atenção da Universidade. Paralelo a isso, precisamos também fazer com que esse estudante saia da Universidade com uma formação de qualidade para que consiga ingressar no mercado de trabalho e, assim, oferecer ainda mais soluções para o povo goiano, que investe na formação desse aluno por meio da universidade.
Então, devemos buscar uma plataforma de atenção ao nosso aluno que permita que ele, para além das necessidades financeiras que às vezes uma bolsa possa minimamente amparar, também consiga desenvolver suas habilidades. Um ensino de qualidade, uma atenção para que esse aluno se desenvolva e não desista do curso superior e também a capacidade de a Universidade ouvir e interagir com esse aluno são fundamentais para que a gente possa conseguir trazer para dentro da Universidade o combate à evasão do aluno.
Desenvolver uma política de atenção aos nossos discentes é uma prioridade que devemos trabalhar com rapidez, inclusive dando assistência neste momento de pandemia, desenvolvendo uma forma de capitanear estágios para nossos alunos. São dezenas de ações que, concatenadas, poderão subsidiar a presença do nosso alunado dentro da Instituição.
Comunicação Setorial - O senhor vai discutir com a comunidade universitária o retorno às aulas presenciais? Tem previsão de quando isso vai acontecer?
Antonio Cruvinel – De antemão já posso assegurar que até o fim deste semestre letivo, que acabará no fim do mês de setembro, não devemos retornar para o presencial. Para retornarmos presencialmente ou não a partir do segundo semestre letivo de 2021, que irá começar em novembro, o Conselho Universitário deverá se debruçar sobre esta questão e tomar a decisão. Essa não é uma decisão apenas do reitor, entendo que o Conselho tem que discutir isso.
Sobre a minha visão, em específico, a Universidade deve primar pela vida. O retorno deve ser com responsabilidade e planejamento. A Universidade não pode se tornar um local de propagação da doença.
Uma das questões que o reitor pode ajudar de imediato é tentar buscar atenção para que, para além dos professores e técnico-administrativos que já estão em processo de vacinação, também os nossos alunos sejam lembrados. A Universidade, na minha visão, primará pela vida. É uma decisão que não cabe apenas a mim, mas que deve ser planejada, de forma que a gente consiga restaurar a normalidade com o mínimo de risco.
Comunicação Setorial - Qual a mensagem que o senhor traz à comunidade Universitária nesse início de gestão?
Antonio Cruvinel - Tenho muita vontade de que nossa Universidade possa ser motivo de orgulho aos que nela estão, aos que a ela pertencem enquanto professores, servidores técnico-administrativos e a todo o povo goiano. Queremos que as pessoas tenham orgulho de dizer "eu sou da UEG, eu me formei na UEG". E isso é o que mais me motiva neste momento. Reverter esses gargalos que a Universidade possui, trazer para dentro dela uma visão próspera, de quem busca o novo, uma nova formação, uma nova vida, uma nova estrutura e valorizar as pessoas que propiciam isso aos que buscam a Universidade é um desafio que entendo como primaz. Tenho disponibilidade para o diálogo, para lutar por essa Universidade que acredito. Essa é a nossa Universidade que terá, da minha parte, total empenho para que tenhamos cada vez mais qualidade.
Queremos que as pessoas tenham orgulho de dizer 'eu sou da UEG, eu me formei na UEG'
(Dirceu Pinheiro|Comunicação Setorial|UEG)