O professor Valter Henrique Carvalho Silva, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em conjunto com o pesquisador Antônio Carlos Silva Costa Teixeira, da Universidade de São Paulo (USP), desenvolve a pesquisa "Destinação Ambiental de Poluentes Emergentes em Águas Superficiais e Alternativas Sustentáveis de Mitigação: Abordagem Híbrida Experimental-Computacional". O objetivo é otimizar processos químicos que permitam reduzir poluentes emergentes utilizando uma abordagem híbrida experimental-computacional.
Na mira da pesquisa estão os pesticidas e os fármacos. Os pesquisadores estão utilizando plataformas baseadas em inteligência artificial e técnicas experimentais de degradação de micropoluentes. Os pesquisadores vão avaliar a persistência ambiental de contaminantes emergentes no Estado de Goiás; determinar mecanismos de degradação em águas superficiais goianas e caracterizar seus produtos; estudar processos sustentáveis para remoção desses poluentes antes do descarte no meio ambiente; e desenvolver novas ferramentas computacionais capazes de predizer o tempo de vida de um poluente emergente em corpos d’água.
Os pesquisadores dizem que inúmeros produtos químicos são utilizados no mundo e que a ação tóxica deles no meio ambiente ainda é pouco conhecida. Segundo eles, Contaminantes de Interesse Emergente (CIE) ou Micropoluentes de Interesse Emergente, como pesticidas, fármacos e outras substâncias são encontrados com frequência em ecossistemas aquáticos e até mesmo em águas de abastecimento. A pesquisa, então, vem para tentar minimizar a emissão e a ação desses compostos em ambientes aquáticos.
Os compostos-alvo a serem analisados serão aqueles com demanda já bem estabelecida nos mercados de Goiás e São Paulo: os pesticidas Ametrina, Diuron, Metomil e Picloram; e os ingredientes farmacêuticos ativos Dipirona sódica, Sertralina, Fluoxetina e Levonorgestrel. As amostras serão obtidas comercialmente ou por colaborações decorridas da execução das atividades. As águas analisadas serão selecionadas em pontos dos rios Doce (Região de Rio Verde/Goiás), Caldas (vizinhanças do Daia/GO), Extrema (vizinhanças do Daia/GO) e Piracanjuba (vizinhanças do Daia/GO) – parte da bacia hidrográfica do Paranaíba, no centro e sul do Estado de Goiás.
“É difícil prever impactos ambientais à saúde pública decorrentes da ocorrência dos CIE’s em ecossistemas aquáticos, uma vez que as concentrações geralmente encontradas no ambiente são menores do que aquelas capazes de causar efeitos nocivos diretos; entretanto, a permanência destas substâncias no meio ambiente, ainda que em concentrações vestigiais (na ordem de nanograma a picograma por litro), podem promover efeitos negativos cumulativos ao longo da exposição multigeracional em organismos aquáticos, podendo também afetar a saúde do ser humano por contaminação da água potável”, explica o professor.
Chamada pública
O projeto de pesquisa foi selecionado na Chamada Pública Colaborativa lançada em setembro do ano passado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A pesquisa deve ser desenvolvida em até dois anos numa parceria entre o grupo de Química Teórica e Estrutural (QTEA) da UEG, Modelagem Molecular, sob a coordenação do professor Valter Carvalho Silva, e o grupo de Pesquisa em Processos Oxidativos Avançados (AdOx) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Técnicas Experimentais de Degradação de Micropoluentes, sob a coordenação do professor Antônio Carlos Teixeira. A pesquisa também conta com a parceria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Em Goiás, o projeto também conta com o apoio da Subsecretaria de Tecnologia da Informação da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), que tem disponibilizado aos pesquisadores o ambiente computacional para cálculos de alta performance.
O financiamento total será de R$ 234.525,00, com investimentos de R$ 132.400,00 da Fapeg e R$ 102.125,00 da Fapesp. O fomento, segundo o pesquisador Valter Henrique, permitirá a melhoria na infraestrutura dos grupos de pesquisa envolvidos, a criação de um ambiente de pesquisa colaborativo com outros centros brasileiros, a disponibilidade de bolsa para o mestrado da UEG em Ciências Moleculares e na geração de material científico e novas tecnologias.
O professor revela que já foram desenvolvidas plataformas computacionais baseadas em inteligência artificial para a predição da eficiência de processos oxidativos na mitigação de micropoluente, além da identificação dos produtos de degradação de alguns pesticidas com estimativa da ecotoxicidade desses compostos em diversos ambientes aquáticos. Segundo o pesquisador, como Goiás é um dos maiores consumidores de pesticidas e um dos maiores produtores de fármacos do Brasil, a contaminação do solo e de águas por esses componentes tem sido constante.
O pesquisador
Valter Henrique é pesquisador vinculado aos cursos de Física e Química Industrial da UEG; faz parte do programa de mestrado em Ciências Moleculares da UEG e do programa de doutorado em Química da universidade de Brasília (UnB). Ministra as disciplinas Química Geral, Físico-Química Experimental, Química Quântica, Escrita Científica de Alto Impacto e Métodos Computacionais de Modelagem Molecular.
(Comunicação Setorial|UEG, com informações da Fapeg)