Emocionante. Esse é o resumo da colação de grau online ocorrida na noite desta quinta-feira, 13, da turma de bacharelado em Zootecnia do Câmpus Oeste da Universidade Estadual de Goiás (UEG), sede em São Luís de Montes Belos. Com as presenças do reitor interino da Instituição, professor Valter Gomes Campos, e do governador Ronaldo Caiado, a noite foi de homenagens à formanda dona Olga Dias Coelho, de 79 anos, e à memória do marido dela, o senhor Jerônimo Dias Coelho, que também foi aluno da turma e faleceu em 2018.
Parte dessa história começou há alguns anos. Em um momento da vida em que poderiam, se quisessem, optar por descansar, dona Olga e senhor Jerônimo, já acima dos 70 anos e ambos odontólogos, decidiram buscar mais uma formação superior. A ideia era usar o conhecimento a ser adquirido na propriedade rural que tinham na região de São Luís de Montes Belos. A escolha foi pelo curso de Zootecnia na UEG.
Não demorou para que o casal se tornasse o xodó da turma e do curso e não apenas pela admiração, carinho e respeito que os colegas tinham por eles, mas, principalmente, pelo empenho e dedicação que eles demonstravam no cotidiano, seja nas aulas teóricas ou nas práticas, nas atividades de campo. Os sonhos de ambos seguiram de braços dados até 2018, quando se separaram com a morte do marido.
Foi um choque para todos. Se dona Olga tivesse desistido do curso, qualquer um entenderia. Mas ao contrário de se permitir parar, ela decidiu seguir em frente e realizar aquele plano que tinha feito com seu companheiro de vida. Nesta quinta, em uma transmissão online e segura por conta da pandemia de covid-19, ela se juntou aos seus 16 colegas de curso para colar grau. Palavras embargadas e lágrimas foram tão numerosas quanto os sorrisos. Dona Olga homenageou o marido, exibido em uma foto ao lado dela o tempo todo, e saudou sua memória.
Em sua fala, aberta de forma especial pelo reitor, a agora zootecnista, além de ressaltar a figura do seu saudoso Jerônimo, agradeceu aos colegas, professores e técnicos administrativos da UEG, além do reitor Valter Campos. Ao direcionar sua fala ao governador, ela se emocionou, mas respirou fundo, recobrou a voz e pediu atenção dele para a UEG e para o Câmpus Oeste. Além disso, reconheceu a postura e o papel de Ronaldo Caiado na condução do combate ao novo coronavírus em Goiás.
O governador Ronaldo Caiado destacou que, ao saber do exemplo emblemático de dona Olga e senhor Jerônimo, fez questão de se autoconvidar para participar da solenidade online. "A vida só é bem vivida quando temos a disposição de ajudar a todos e de nos sentirmos produtivos", disse, destacando que o casal deu exemplo de garra e de determinação para a juventude. O governador também chamou a atenção para o trabalho de excelência que é desenvolvido pelo Câmpus Oeste da UEG, em especial nos aspectos voltados para o agronegócio.
O reitor da UEG, Valter Campos, destacou o privilégio de participar da solenidade. "É uma grande honra participar de um momento tão especial. É claro que a gente iria preferir estar presente pessoalmente, para se cumprimentar e se abraçar. Mas é impressionante que mesmo em uma sessão online eu me sinta tão emocionado, ainda mais com esse exemplo que nos dá a dona Olga e em memória ao senhor Jerônimo", destacou. O reitor pediu ainda atenção do governador para o ensino e a pesquisa no Estado.
Além do governador, do reitor, dos formandos e de servidores da UEG, também participaram da solenidade o coordenador do Câmpus Oeste, professor Jarbas de Paula Machado, a coordenadora setorial do curso de Zootecnia, professora Raquel Priscila de Castro Oliveira, e o professor homenageado que cede o nome à turma, professor Rafael Alves da Costa Ferro. A formanda que prestou juramento foi Lourrany Eduardo Souza, enquanto a oradora foi Bárbara Maria de Oliveira.
Em seu pronunciamento, o coordenador do Câmpus Oeste, professor Jarbas de Paula Machado, lembrou que o casal será sempre reconhecido como patronos da turma. "Tenho certeza de que todos nós somos gratos pela possibilidade de estar com vocês e receber esse exemplo de superação", disse. Ele lembrou que Jerônimo sempre gostava de ler poesias em eventos do câmpus e aproveitou o momento para ler o poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade, que diz:
“Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.”
(Comunicação Setorial|UEG)