Imagem de parte inicial de um dos projetos dos discentes da disciplina Sistemas Construtivos III
Em meio à pandemia da covid-19 muitas necessidades emergenciais têm surgido, como a construção de hospitais de campanha. Com o intuito de preparar os estudantes do 6º período de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus Central da Universidade Estadual de Goiás (UEG) para essa nova realidade que vivemos e auxiliar no combate à doença, a professora Anelizabete Alves definiu como parte das atividades avaliativas da disciplina Sistemas Construtivos III o desenvolvimento de projetos arquitetônicos emergenciais para enfrentamento da covid-19.
Para os trabalhos, os 30 alunos da disciplina foram divididos em sete grupos. Eles foram orientados a escolher um espaço (edificado ou não) nos municípios de Anápolis ou Goiânia para o desenvolvimento do projeto de uma edificação destinada ao atendimento da população afetada pela nova doença.
De acordo com Anelizabete Alves, as universidades públicas, como a UEG, têm um importante papel na construção e disseminação do conhecimento nas mais variadas áreas, sejam elas relacionadas à conscientização ou ao combate a catástrofes humanitárias, como é o caso da pandemia do novo coronavírus. "A covid-19 também deve nos mobilizar. Nós, professores e estudantes da UEG, devemos pensar, discutir, avaliar, projetar, propor e nos mobilizar em prol daqueles que mais necessitam, criando uma rede de colaboração entre a Universidade e os municípios, Estado e Nação", destaca a professora.
Ao final da disciplina, os projetos, que estão distribuídos em três tipologias de edificações diferentes, serão disponibilizados à UEG e também aos órgãos competentes no auxílio do combate ao coronavírus (prefeituras, secretarias de saúde, instituições religiosas, ONGs, entre outros).
Para a estudante Amanda Fonseca, desenvolver o projeto está sendo uma grande oportunidade de fazer algo que condiz com uma nova realidade que o mundo está vivendo. "Nunca pensei em projetar um hospital de campanha, mas, junto com o meu grupo, abraçamos a ideia e fomos de cabeça. Corremos atrás de legislações de hospitais e outros hospitais de campanha que já foram construídos", explica.
O hospital de campanha projetado pelo grupo da estudante de Arquitetura seria construído no Centro de Convenções de Anápolis e atenderia Goiânia e Anápolis. "Apesar de o projeto não estar concluído, ele tem base suficiente para ser construído. No decorrer do trabalho vimos que existe, sim, uma necessidade de abranger esse tipo de projeto dentro da faculdade", relata a estudante.
Para a estudante, muitas pessoas acreditavam que a realidade que vivemos nesse momento era muito distante, no entanto, está acontecendo. "Nós, como arquitetos, temos o papel de ajudar, de criar espaços, e a faculdade de nos orientar para que estejamos o mais preparados possível para qualquer eventualidade", completa Amanda.
Projetos
A primeira tipologia de edificações definida para o desenvolvimentos dos projetos é Edificação de Atendimento à Saúde, que são os chamados hospitais de campanha. O projeto deve incluir locais de triagem de pacientes, leitos individuais, postos de vacinação, laboratórios, dentre outros ambientes.
A segunda tipologia são Edificações para Abrigo, que podem ser abrigos efêmeros e/ou emergenciais para pessoas vulneráveis ou em situação de rua, incluindo espaços para dormir, comer e fazer a higiene pessoal. Já a última tipologia são Refeitórios Cidadão para atendimento de profissionais informais, desempregados e moradores de rua. Os refeitórios devem incluir cozinha, espaço para as refeições respeitando o distanciamento exigido pelo Ministério da Saúde, sanitários, despensa, dentre outros.
De acordo com a professora Anelizabete, algumas especificidades deverão ser atendidas no desenvolvimento do projeto, como serem de rápida execução, com racionalização da arquitetura (obras limpas); utilização de materiais de baixo custo e de qualidade; preocupação com conforto térmico, acústico, lumínico e ergonômico; preocupação com a sustentabilidade e acessibilidade da proposta; e uso de materiais que permitam fácil higienização. Além disso, os projetos devem buscar restringir a aglomeração de pessoas, propiciando um confinamento com conforto e segurança.
Para a professora, discussões importantes serão decorrentes desta atividade como o comportamento humano, as novas formas de relacionamento, novas práticas e dinâmicas urbanas, recursos físicos e funcionais aplicados à construção emergencial, além de novas tecnologias, equipamentos e interação com o meio ambiente.
(Núbia Rodrigues|Comunicação Setorial|UEG)