Na última quarta-feira, 20, foi comemorado o Dia Internacional da Pedagogia. Em tempos de isolamento social causado pela pandemia de covid-19, vários professores que atuam no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Goiás (UEG) têm buscado as melhores metodologias para continuarem as aulas na modalidade não presencial. Da mesma forma, alunos do curso também têm se reinventado para se manterem nos estudos. Nessa semana da Pedagogia, exemplos vêm da UEG para mostrar que é possível encontrar boas soluções e resultados, apesar do momento desafiador que o mundo enfrenta.
O professor Érico Mota, da Unidade Universitária de Jussara, que atua como pedagogo há 20 anos, diz que o isolamento social impôs a alunos e docentes um esforço maior. "O grande desafio é improvisar com muito boa vontade para fazer o melhor, mesmo sem ter o hábito e as ferramentas mais apropriadas", explica. Os 50 alunos do professor Érico se revezam com dúvidas, instruções e conhecimentos via redes sociais e plataforma virtual.
Sobre a profissão, o docente diz que apesar de alguns avanços legais, ainda existe a ideia negativa de que o pedagogo trabalha apenas por amor ou sacerdócio, mas se sente realizado. "Escolhi esta profissão pela autonomia inerente a ela e, principalmente, pela possibilidade de transformação da realidade objetiva e subjetiva dos estudantes. Sinto-me plenamente realizado, uma vez que, ao desempenhá-la, posso contribuir de forma direta e indireta com a formação das futuras gerações”, diz.
Para vencer o desafio do distanciamento social, o professor Edy Robe Soares Ferreira de Andrade, que atua no curso de Pedagogia, do Câmpus Oeste, sediado em São Luís de Montes Belos, inovou ao montar um estúdio em casa para gravar as aulas e atender melhor os alunos remotamente. Ele fixou um quadro na parede, onde faz as explicações e, para fazer as transmissões, utiliza um notebook e um celular.
O professor conta que inicialmente o grande desafio foi se reinventar na transição do chão de sala de aula para o virtual da sala de aula em casa. A sorte, segundo Edy, foi o Câmpus ter saído na frente e ter ofertado uma capacitação para a utilização de uma plataforma que pudesse transmitir as aulas virtualmente. “Após a orientação, me veio a ideia de montar uma sala de aula em casa para que fosse possível a transmissão ao vivo das aulas e a interação em tempo real com os alunos”, destaca.
O resultado foi surpreendente, com a participação integral da turma. A aluna Sílvia Rocha Cândido diz que a inovação do professor é muito importante para que a turma continue tendo acesso às aulas. “Só tenho a parabenizar o professor, pois está sendo muito proveitoso, mesmo com aulas remotas”, disse.
Alunos
Se professores enfrentam o momento com criatividade, os alunos, por sua vez, também buscam meios para assistir e participar ativamente das aulas online. A aluna Luara Patrícia Guimarães Castro, 26 anos, do curso de Pedagogia do Câmpus Sudoeste, sediado em Quirinópolis, ficou totalmente cega aos 23 anos. Um ano depois, aprendeu a tocar violão. Há um ano entrou para a universidade e, para superar os desafios com as aulas virtuais, utiliza um aplicativo de acessibilidade para deficientes visuais. "Meu objetivo, ao concluir o curso de licenciatura em Pedagogia, é trabalhar com alfabetização na área da inclusão desde os anos iniciais", prevê Luara. Segundo ela, como é boa ouvinte, não tem enfrentado dificuldades.
Outro estudante de Pedagogia que também é cego e enfrenta a situação com tranquilidade é Higor Dias Caetano, 20 anos, da Unidade Universitária de Pires do Rio. Com o mesmo recurso da aluna Luara, Higor consegue participar das aulas e fazer as atividades propostas pelos professores.
O desafio de continuar estudando, mesmo a distância, também está sendo vencido pala aluna Irany Pereira Martins, 27 anos, do curso de Pedagogia da Unidade Universitária de Campos Belos. Ela mora na área rural e duas vezes por semana vai à cidade para acessar a internet de um amigo para realizar e enviar as atividades para os professores.
Pedagogia na UEG
Atualmente, a Universidade Estadual de Goiás oferta o curso de Pedagogia em 17 unidades universitárias e câmpus em todo o Estado. São 2.289 estudantes fazendo o curso na UEG. Nos locais atuam 238 professores, entre pedagogos e de outras áreas de formação.
O curso de Pedagogia na UEG é ofertado em Anápolis, Campos Belos, Crixás, Formosa, Goianésia, Inhumas, Itaberaí, Jaraguá, Jussara, Luziânia, Minaçu, Pires do Rio, Quirinópolis, São Luís de Montes Belos, São Miguel do Araguaia, Silvânia e Uruaçu.
Segundo a professora Liliane Barros de Almeida, coordenadora Central do Curso de Pedagogia, do Instituto de Educação e Licenciaturas da Universidade Estadual de Goiás (UEG), a Pedagogia é um campo de atuação profissional de grande relevância social, atua nos processos educativos constituintes da realidade humana e social, afirmando a necessidade e o compromisso de fazer com que se transcenda a pura reprodução social e o controle ideológico dos conhecimentos padronizados, que aprisionam e muitas vezes perpetuam a desigualdade. "A ação da pedagoga e do pedagogo é transformadora da humanidade, é exercício de interrogação, de criação e de trabalho intelectual, pela busca do saber e do conhecimento", ressalta Liliane.
O pedagogo tem como principal atuação a docência e a gestão da escola, incluindo orientação e supervisão. Na legislação atual, o pedagogo é formado para atuar na educação básica, na docência das séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil e também na gestão de instituições de ensino, abrangendo o ensino superior. Ele pode atuar em instituições públicas ou privadas.
(Dirceu Pinheiro|Comunicação Setorial|UEG)