Foi por meio do vestibular especial para refugiados e portadores de visto humanitário que a haitiana Marie Kainah ingressou no ensino superior. A futura fisioterapeuta mora em Goiânia há pouco mais de um ano. “No começo eu tive dificuldade em aprender. Quando chego à sala de aula as pessoas me tratam bem e me ajudam com o que eu preciso”, conta.
Foto: Marie Kainah com as irmãs mais novas,
a mãe e o pai da universitária
A cultura brasileira, no entanto, tem ajudado na adaptação e, principalmente, a superar o que ela considera a sua maior barreira: o idioma. “Cada país tem a sua, mas a do Brasil não é tão diferente da minha”, considera Marie, pontuando a diferença entre o carnaval brasileiro e o haitiano. “Aqui é mais estruturado”, afirma.
A adaptação de Marie, ao universo acadêmico e a realidade de um país que não é o seu, é também marcada por uma série de acolhimentos em terras goianas. Pessoas que cruzaram seu caminho e foram solidárias com essa imigrante em seu recomeço. E dos pontos de partida para essa nova vida é o Câmpus Goiânia Faculdade do Esporte Eseffego.
Nesta sexta-feira, 16 de novembro, Dia Internacional da Tolerância, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) reforça seu papel por um mundo mais tolerante. Bem como combater à xenofobia e a qualquer tipo de intolerância e preconceito, seja de ordem religiosa, sexual, econômica ou cultural e reitera o compromisso de democratizar a educação com um ambiente universitário seguro e inclusivo, em que as diferenças são parte fundamental para a formação de seus estudantes.
A UEG tem realizado ações e projetos importantes nesse viés da educação como promotora de tolerância. Um deles é o Vestibular Especial do Programa de acesso à educação superior para refugiados e portadores de visto humanitário, que está com inscrições abertas até dia 19 de novembro. Clique na imagem no final da matéria para saber mais.
Estudar no Brasil também era um dos objetivos do haitiano Cilaire Occeus. O curso escolhido por ele foi Ciências Contábeis. “Os colegas de sala e os professores me acompanham e ajudam da melhor forma possível. É gratificante fazer um curso superior porque posso realizar meus sonhos. Agradeço muito pela oportunidade”, diz.
Formação de vínculos e conexões
Desde 2015 é comum no currículo de todos os cursos da UEG a disciplina Diversidade, Cidadania e Direitos, que, dentre outras questões, se encarrega de estimular o diálogo e a compreensão geral da diversidade que rege o mundo.
De acordo com a professora de História Paula Chagas, as pessoas nessas condições precisam ser devidamente incluídas na sociedade, por meio de qualificação profissional e formação de vínculos.
“Elas são alijadas de suas cidades, casas, famílias, amizades e além da inserção profissional, necessitam de conexões. Pessoas precisam de laços, e a vivência universitária possibilita isso”, afirma.
Segundo a professora, essa vivência oportuniza às pessoas próximas conhecer histórias e culturas completamente diferentes. “E isso acaba ampliando a qualidade da formação, principalmente da formação humana que a UEG proporciona, não só aos alunos, mas a toda a comunidade acadêmica”, assegura.
(Weber Witt | CeCom | UEG)