A avaliação existe para analisar e acompanhar o processo de aprendizagem e o desempenho acadêmico em relação aos conteúdos previstos no curso
Por Weber Witt, CeCom | UEG
Antes do fim da graduação, o sentimento de alívio se mistura com questões que preocupam os alunos. Estágio, carreira profissional, atividades extracurriculares e o temido trabalho de conclusão de curso são algumas delas.
Em ano de Enade, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, a tensão aumenta. O curso inteiro fazendo provas e no último período ter de encarar mais uma?
Quando se fala em prova, é comum haver certa resistência porque, geralmente, a palavra está associada a processos de seleção, entre ser aprovado ou não. Mas o Enade não se trata de nada disso.
A gerente de Avaliação Institucional da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professora Joana Corrêa Goulart, explica que o Enade é um dos exames que compõem o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
“O Ministério da Educação (MEC) não tem a pretensão de avaliar o aluno em si, mas a performance do curso que ele faz”, garante.
Segundo ela, a prova serve para verificar a qualidade da educação do ensino superior e está atrelada ao recebimento de recursos externos. “Quanto melhor o conceito, de uma escala que vai de 1 a 5, maior a possibilidade de financiamentos de projetos e bolsas”, afirma.
Joana Corrêa Goulart, gerente de Avaliação Institucional da Universidade Estadual de Goiás — Foto: Nabyla Carneiro
Outros pontos também são analisados, como as condições de infraestrutura e organização didático-pedagógica. “No relatório aparece ainda se a deficiência é na disciplina, na formação do professor, nas modalidades de avaliação em sala de aula, se a universidade incentiva à leitura e à pesquisa científica”, acrescenta Joana. Embora a nota não apareça no histórico escolar, o estudante pode ter acesso ao boletim individual.
A estudante Maila Moniel, do último período de Ciências Contábeis do Câmpus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas (CCSEH), estava com a expectativa de que a turma dela não seria contemplada neste ano.
Porém, ela reconhece que obter bom desempenho garante uma visão positiva do curso e da Instituição. “Instrumentos avaliativos são importantes e possuem papel fundamental no sentido de manter um padrão de qualidade no ensino”, reforça, acrescentando que o resultado passa credibilidade para a sociedade e para o profissional que busca boa colocação no mercado de trabalho.
Maila Moniel, graduanda do curso de Ciências Contábeis do Câmpus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas (CCSEH), será uma das estudantes que fará o Enade neste ano
Foto: Regina Silva
Preparação para a prova
O ciclo do Enade por curso ocorre trienalmente. Neste ano, o exame será aplicado no dia 25 de novembro. Dentre as áreas do conhecimento que serão avaliadas, estão Administração, Direito, Psicologia e Tecnologia em Gastronomia.
Maila, no entanto, aponta alguns motivos que dificultam a preparação para a prova. “Trabalhar em tempo integral e estudar é desgastante. Isso impossibilita o aluno de se dedicar e atender às expectativas da Instituição”, afirma a estudante.
Para que isso não aconteça, a gerente de avaliação Joana Goulart esclarece que o corpo docente deve preparar os alunos desde o primeiro ano da graduação. “Professores e coordenadores precisam discutir as provas anteriores com os estudantes a fim de familiarizá-los ao estilo de questão, porque é diferente das provas do dia a dia de sala de aula”, explica.
Como os conteúdos são interdisciplinares, são cobradas habilidades e competências, por exemplo se o aluno consegue ler e interpretar. “Todos precisam se envolver para que haja um bom desempenho no Enade”, recomenda.
Casos de sucesso
Foi exatamente isso que o Câmpus de Aparecida de Goiânia fez antes de os cursos de Ciências Contábeis e Administração serem avaliados com conceito 4 e 5, respectivamente, no Enade de 2015.
A coordenadora de Ciências Contábeis, professora Antônia Elisangela Vaz, conta que, para o curso receber o conceito 4, promoveram diálogo entre coordenação e estudantes.
“Realizamos atividades integradoras, que são os simulados, revisão de conteúdos específicos. Conscientizamos os estudantes, acompanhamos o cadastro deles no tempo previsto e o preenchimento do questionário de inscrição, de acordo com o cronograma do Enade”, explica.
Em maio deste ano, o Câmpus realizou um evento reconhecendo o bom desempenho dos estudantes na avaliação. “Os alunos, juntamente com os familiares, foram convidados e no ato da cerimônia receberam uma placa de homenagem”, relembra Antônia, considerando que esta é umas das formas de motivar o discente.
A coordenadora do curso de Administração, professora Fabiana Custódio, conta que até grupos de WhatsApp foram criados para trocar informações sobre o assunto.
“Desde o início do ano estamos realizando acompanhamento com professores e alunos, como também reuniões para contextualizar o Enade com a empregabilidade”, afirma.
Ivana Xavier, do curso de Administração, premiada por melhor desempenho do Centro-Oeste no Enade 2015 — Foto divulgação
Mais que palavras, a coordenação trabalha com exemplos práticos. “Buscamos relatos de pessoas que conseguiram boas colocações no mercado de trabalho em decorrência de uma boa classificação”, explica. Neste ano, o curso passará pela segunda avaliação. “Estamos na torcida por outro 5”, diz otimista.
No Câmpus Formosa, as ações motivacionais desenvolvidas começaram após o decréscimo de conceito de cinco cursos em 2014, com exceção de História que manteve a nota 4.
O professor Francisco Souza, coordenador acadêmico-pedagógico do câmpus e especialista em avaliação de desempenho, explica que o motivo foi a falta de percepção sobre a importância da avaliação.
“Desde então, ocorrem intervenções articuladas pela Coordenação Acadêmica, realizando palestras de sensibilização e de esclarecimento sobre o significado, a metodologia e a relevância do Enade”, afirma o professor, reiterando que é preciso evitar pressões desnecessárias. Mas, segundo ele, a motivação é relativa. “Os estudantes realmente entusiasmados perceberam a magnitude da avaliação para seu próprio currículo”, conta.
Perceber essa importância é entender que avaliações em geral ocorrem todos os dias na vida das pessoas e frequentemente está ligada a ações de melhorias de um produto ou serviço. Prova disso são as redes sociais que se enchem de análises críticas de alvos cada vez mais diversos.
No Enade, o produto mensurado é o ensino e o estudante é o termômetro da qualidade que norteia a formação de novos alunos. É decisiva, não se trata de mais uma prova depois de tantas outras. Trata-se de futuro.
Mais do que elevar números, os índices avaliativos garantem vantagens à UEG em programas de financiamentos externos e bolsas. Pensando nesses benefícios, a Universidade lançou em 2018 o Programa UEG5, que prevê a implantação de políticas, diretrizes e estratégias para alcançar a excelência.
O Programa será executado em diversas áreas de modo a elevar os índices avaliativos internos e externos da UEG, como o Enade, o Conceito Preliminar do Curso (CPC), o Índice Geral de Cursos (IGC) e a Avaliação Institucional. Juntos, esses índices institucionais permitem conhecer a qualidade dos cursos e da instituição.