A discussão sobre respeito às diferenças se tornou ponto central na atualidade, levando questões de gênero, sexualidade e raça, por exemplo, a ganharem destaque nos últimos dias. Com o objetivo de fortalecer essas discussões no ambiente acadêmico, o curso de Cinema e Audiovisual do Câmpus Goiânia-Laranjeiras da Universidade Estadual de Goiás (UEG) realiza o 2º Seja – Gênero e Sexualidade no Audiovisual, entre os dias 22 e 24 de novembro.
O evento busca o diálogo entre academia, ativistas, comunidade geral e realizadores e profissionais do audiovisual, a fim de discutir e problematizar a produção de imagens no cinema, no audiovisual e nas artes.
“É necessário pensar criticamente a produção imagética, principalmente a relação que ela estabelece com as representações de corpo, de relações de gênero, de sexualidades e suas intersecções com outros marcadores sociais, como raça, classe e geração, por exemplo”, explica a professora Ceiça Ferreira, coordenadora do Seja.
Abraçar as diferenças
Para a professora, a geração de imagens é pautada em modelos eurocêntricos e heteronormativos, ainda predominantes na cultura e na produção de conhecimento. “Há um processo de sub-representação de determinados grupos que ainda se dá a partir de estereótipos, que contribuem para um processo de exclusão social de determinados sujeitos”, analisa a professora.
“É um processo complexo em que as diferenças, em vez de serem celebradas, são inviabilizadas”, opina Bruna Chamelet, estudante de Cinema e Audiovisual e monitora do evento. “É preciso fortalecer as discussões sobre diversidade. Atualmente, com o crescente de uma corrente conservadora, é urgente produzir informação e desfazer certos equívocos que estão sendo colocados como verdade”, atesta.
Segundo a professora Ceiça, respeitar as diferenças é também reconhecer a humanidade do outro. “Eu gosto de pensar diferenças como fagulhas criativas - como diz a Angela Davis -, que, em vez de separar, nos impulsionam em direção às transformações sociais”, diz.
Mostra
A programação do 2º Seja tem início nesta quarta-feira, 22, com a conferência Soberania do sexo nas telas: cultura audiovisual, performances e narrativas (des)enquadradas pelo tempo, realizada pela professora e pesquisadora Karla Bessa, do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a partir das 10h, no Câmpus Laranjeiras.
Na Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia, será realizada a mostra audiovisual, que contará com produções do Festival Curta o Gênero, de Fortaleza, Ceará. Produções de estudantes e de egressos do curso de Cinema e Audiovisual também compõem a mostra, que será aberta com o filme São Paulo em Hi-fi, de Lufe Stefen, no dia 22, a partir das 19h.
Após as sessões, serão realizados debates. Bruna destaca o de quinta-feira, 23, que tratará de visibilidade trans. “Eu considero um marco no encontro, pois será uma discussão sobre identidades trans, conduzida por pessoas trans”, diz. Entre as participantes da mesa está a arquiteta Karol Sugikawa, primeira egressa da UEG a ter seu nome retificado no diploma pela Instituição.
No encerramento, será prestada uma homenagem ao jornalista Lucas Fortuna, assassinado por homofobia em 2012 e um dos fundadores do Grupo Colcha de Retalhos, primeiro grupo de diversidade sexual da Universidade Federal de Goiás. O grupo terá sua trajetória contada em um curta-metragem que será lançado no evento.
SERVIÇO
2º SEJA – Gênero e Sexualidade no Audiovisual
Data: 22 a 24 de novembro
Local: Câmpus UEG Laranjeiras e Vila Cultural Cora Coralina, Goiânia
Mais informações: seja.ueg@gmail.com | www.sejaueg.wordpress.com
(Fernando Matos | CeCom|UEG)