Levar os estudantes a observarem de forma crítica o cotidiano e dele extraírem questões a serem problematizadas e analisadas em relação às temáticas estudadas, fazendo com que se busquem soluções paras os problemas vistos com prioridades é, em geral, o mote da Metodologia da Problematização.
O que o método propõe é pensar e elaborar questões para as quais ainda não há respostas, ou seja, nesse método, a solução para o problema não é encontrada em livros ou demais materiais sobre a temática. Outra particularidade: na metodologia proposta, o problema não é algo abstrato, mas próprio da realidade observada.
Muito utilizada na área de saúde, a Metodologia da Problematização tem se expandido para outras áreas e ajudado na produção de conhecimento mais conectado à realidade. Essa prática tem sido desenvolvida no Câmpus Formosa da Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio dos projetos de pesquisa Aplicação da metodologia de problematização na disciplina de conteúdos e processos do ensino da Matemática, de Ciências e de História.
Sob coordenação dos professores Sônia Bessa, Elton Castro e Jadir Gonçalves, respectivamente, o projeto recebeu Menção Honrosa no Prêmio Professor Rubens Murillo Marques, da Fundação Carlos Chagas, com o trabalho Opção metodológica para a formação inicial: relato de experiência de uma construção coletiva no curso de Pedagogia. O prêmio foi recebido pela professora Sônia Bessa, no último dia 17.
Desenvolvido desde 2016 com a disciplina Conteúdos e Processos do Ensino de Ciências, ofertada aos alunos do quarto ano do curso de Pedagogia e do primeiro ano de Psicologia da Educação, o projeto foi ampliado em 2017 para mais duas disciplinas.
Uma opção viável para as licenciaturas
“Inicialmente recuperamos os passos do método científico na prática dos estudantes, considerando a metodologia da problematização, e buscamos romper os paradigmas pré-estabelecidos do modelo tradicional. Nossa perspectiva era que os estudantes fossem protagonistas e que também pudessem utilizar os mesmos princípios no exercício futuro da profissão”, explica a professora.
Trabalhando em parceria e com vistas à interdisciplinaridade, a professora explica que o trabalho conjunto possibilitou o entendimento e o conhecimento das disciplinas uns dos outros. “Foram necessários exercícios constantes de leitura, a partir do olhar dos diferentes professores. Houve um intercâmbio muito produtivo entre os professores e os estudantes”, analisa.
Sônia explica que o trabalho em conjunto maximizou a visão dos estudantes sobre os conteúdos e ampliou as conexões possíveis entre as disciplinas e os cursos. “Os conteúdos das disciplinas se complementaram, e os estudantes perceberam que os princípios de resolução de problemas em Matemática podem ser aplicados às disciplinas de Ciências ou História. Perceberam ainda que a natureza do espaço e do tempo no ensino de Ciências e de História são similares e complementares”, explica.
Formação de professores
Buscar inovações para o processo de formação de futuros professores tem sido um ponto chave para as licenciaturas no país. A professora Sônia acredita que é preciso romper o modelo transmissivo e enxerga na interdisciplinaridade uma ferramenta para o fortalecimento da área.
“É importante a inserção de metodologias ativas desde o primeiro ano. O modelo transmissivo e dicotômico, que separa teoria e prática como se fossem elementos isolados, não forma profissionais que enxerguem a educação de forma ampla, que aliem formação humana e profissional. É necessário sair do senso comum, fundamentar-se nas contribuições da ciência para avançar. Investigar situações, perguntar, problematizar”, afirma.
(Fernando Matos | CeCom|UEG)