O Programa de Incubadoras da Universidade Estadual de Goiás (Proin|UEG) realizou nesta terça-feira, 7, o VII Encontro de Empreendedorismo, Tecnologia e Inovação da UEG. Nesta edição, o foco foi direcionado não apenas ao desenvolvimento de negócios inovadores, mas também à captação de investimentos e negócios de impacto.
Segundo Bruno Alencar, coordenador geral do Proin, essa é uma tendência recente da área. Ele explica que esse ramo do empreendedorismo pensa nos impactos e na relevância social de seus negócios. “Eles anteveem os bens sociais como intenção, antes mesmo de suas lucratividades. É um ramo que está em expansão e cujo alcance é bastante amplo”, explica.
É o caso da startup Hand Talk, idealizada por Ronaldo Tenório, publicitário que, em 2012, resgatou um projeto elaborado para uma disciplina de curso. “A ideia surgiu a partir de um desafio de criação de algo inovador”, lembra. Foi quando surgiu a ideia de unir suas duas grandes paixões: comunicação e tecnologia. “Tive a sensibilidade de perceber o problema, que era a comunicação entre surdos e ouvintes”, explica sobre a ideia que ficou guardada por quatro anos, antes de ser colocada em prática.
Projeção internacional
Com mais de 1,5 milhão de downloads, o aplicativo desenvolvido por Ronaldo, em parceria com dois outros amigos, possibilita a tradução de qualquer tipo de texto para Língua Brasileira de Sinais (Libras), em diversas plataformas, por meio do Hugo, o simpático intérprete do aplicativo. Atualmente, 70% dos usuários do aplicativo são ouvintes que querem se comunicar com surdos.
“Familiares, pessoas que trabalham com Libras e outras que simplesmente querem poder se comunicar com pessoas surdas em algum momento utilizam o nosso aplicativo. Isso é muito legal, pois, no começo, achávamos que só pessoas surdas teriam interesse, mas foi além”, analisa.
O Hand Talk tornou Ronaldo um dos 35 jovens mais inovadores do mundo, segundo Massachusetts Technology Institute (MIT). O empreendimento também já recebeu diversos prêmios importantes, entre eles o de Melhor Aplicativo Social do Mundo, em 2013, concedido pela Organização das Nações Unidas.
“Foi uma honra ser o prêmio brasileiro e o único latino-americano da edição 2016 a receber esse reconhecimento. É espetacular ter o negócio chancelado pelo MIT como um dos mais relevantes e inovadores do mundo”, afirma. O próximo passo da Hand Talk é lançar versões do aplicativo em outras línguas de sinais.
Ao redor do mundo
A penetração no mercado externo é uma realidade que Flávio Estevam, criador do Dinner e do Namoro Fake, já conhece. Suas empresas possuem projeção mundial, com mais de 50 mil clientes em 50 países, e o empreendedor explica que não há fórmulas prontas para se iniciar um negócio. “Nós temos que estar atentos às oportunidades da internet. Os meus negócios são exemplos de que é possível empreender globalmente a partir de seu próprio lugar, não importa se seja em Campo Grande, São Paulo ou Anápolis”, observa.
O Namoro Fake é um site para “aluguel” de namorados e namoradas fakes para o Facebook. Criado há três anos, o site deu um boom logo na primeira semana de criação. “É polêmico. Como assim ‘alugar’ pessoas, fingir relações afetivas na virtualidade? Ele resolve o problema de um nicho. E, ao mesmo tempo, nós percebemos que ele passou a ser utilizado por empresas para geração de informação positiva na internet. Eu vejo como um teatro da vida virtual”, pondera.
Depois de estabelecido o primeiro empreendimento, Flávio criou o Dinner, um aplicativo em que pessoas comuns que gostam de cozinhar oferecem menus de jantares. “Surgiu há dois anos. É interessante pensar que ele resolve um problema real de pessoas que estão fora de seus países e sentem falta de comidas de suas culturas, e que não encontram facilmente esses pratos. Porque a pessoa pode não encontrar um restaurante típico, mas encontra alguém do seu país que faz e oferece esses pratos em casa”, diz.
Ele explica que a questão não é focar em um projeto, mas aprender a empreender. “Um piloto de Fórmula 1 que não se torna piloto da noite para o dia, mas aprende aquela carreira, e empreendedorismo é uma carreira. Não basta ter a ideia é preciso entender o empreendedorismo é ter aprendizado para que seu negócio decole e obtenha êxito”, explica o seu ponto de vista.
Universidade como porta de entrada
Os dois empreendedores são categóricos ao afirmar que a Universidade são celeiros para formação para novos empreendedores. “Eu acredito que eventos como esse servem de estímulo para novos negócios. É muito importante que as Universidades sejam esse local de formação, para que os estudantes aprendam e desenvolvam essas habilidades”, afirma Flávio.
Para Ronaldo, as Instituição de Ensino estão diretamente ligadas ao empreendedorismo. “As universidades precisam preparar seus estudantes para diversas opções de mercado. Aqui no Brasil, algumas instituições estão saindo à frente nesse cenário. Fiquei feliz em perceber que a UEG tem esse perfil e mantém o diálogo com governo e empresas. É essa legação entre esses três entes que garante o sucesso do empreendedorismo”, opina.
O evento contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec).
(Fernando Matos | CeCom|UEG)