Servidoras da Universidade Estadual de Goiás (UEG) tiveram a oportunidade de conversar e se informarem nesta quinta-feira, 26, sobre um assunto bastante sério e que representa uma das principais causas de mortalidade feminina, por doença, no país: o câncer de mama. Esse tipo de câncer representa 28% dos novos casos da doença, anualmente, e figura entre os cinco mais letais.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), as estimativas em 2016 foram de 57.960 novos casos. O câncer de mama é o principal tipo de tumor – desconsiderando-se os de tipo melanoma – mais frequente em mulheres das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e o segundo tumor mais incidente no Norte do país. Entre homens, a incidência é de 1%.
Para Ludmilla Cipriano de Melo, coordenadora de Desenvolvimento Humano da UEG, o bate-papo foi uma forma de levar conhecimento para as servidoras da Instituição sobre o assunto. “Esse é um importante espaço para as servidoras da UEG, um momento de formação e conscientização sobre essa doença, que é um dos principais fatores de mortalidade entre mulheres no país”, opina. Segundo a coordenadora, esse encontro faz parte de uma agenda que a coordenação montou para os servidores.
Em Goiás
Elenita Macedo Rocha, da Gerência de Saúde da Mulher de Goiás, explica que a Secretaria de Saúde tem concentrado esforços para prevenir a doença e para que as pacientes tenham acesso fácil ao atendimento, ainda no período de rastreamento. “Nós temos trabalhado muito com capacitação, palestras e orientações às comunidades, em relação à doença”, afirma.
Segundo ela, o trabalho visa a prevenção e a redução de danos ocasionados pela doença, que, se tratada ainda em estágio inicial, quando o nódulo ainda está com menos de 1% de diâmetro, chega aos 95% de chance de cura.
“Nós estimamos para este ano mais de 300 mortes de mulheres por câncer de mama, mais de uma por dia em Goiás. Por isso, a prevenção é tão importante e precisa ser feita. E a palavra-chave nessa prevenção é mamografia – que deve ser feita pelo menos uma a cada dois anos”, explica Cláudio Amorim, médico da Gerência da Saúde da Mulher e responsável pela palestra.
Segundo o médico, não há consenso entre a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), que argumenta que 1/3 dos casos acometem mulheres antes dos 50 anos, e o Ministério da Saúde, que manteve a idade mínima de 50 anos para o começo do uso de mamografia como ferramenta de rastreamento de tumores. “Como médico, eu acredito que, a partir dos 40 anos, é importante que a mulher faça um tratamento e acompanhamento preventivo anual, e mesmo a mamografia, inclusive”, pondera.
Cláudio Amorim diz que o estado está equipado com um número de mamógrafos que consegue atender a demanda instalada. “O número de mamógrafos em Goiás é quase três vezes maior que o necessário. Inclusive, estamos fazendo uma auditoria para saber como esses equipamentos se encontram e, assim, garantir a qualidade no atendimento”, afirma.
Outubro Rosa
Com índices ainda tão elevados, a doença é alvo da Campanha Outubro Rosa, um movimento internacional que, desde a década de 1990, chama atenção para a prevenção e conscientização da população sobre o câncer de mama.
Até 2009, a recomendação era de que mulheres a partir dos 50 anos fizessem o exame uma vez ao ano, mas, com a efetivação da Lei Federal nº 11 664/2008, em 29 de abril de 2009, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer mamografia para mulheres a partir dos 40 anos. Em 2015, uma portaria do Ministério da Saúde revogou a decisão, mantendo a faixa etária de 50 anos como idade mínima para o tratamento no SUS.
Entretanto, além da mamografia, o autoexame é também um importante aliado na prevenção da doença. É necessário que a mulher conheça o seu corpo e, ao menor sinal de alteração – aparecimento de nódulos, alteração na coloração, secreção ou outras manifestações incomuns nas mamas -, procure um médico.
Dados da SBM apontam redução acentuada no número de mamografias realizadas no SUS em diversos estados brasileiros. Essa queda é alarmante, uma vez que a recomendação da Organização Mundial de Saúde para cobertura por mamografias no Brasil é de 70%. Prevenção é ainda a melhor solução.
(Fernando Matos | CeCom|UEG)