Discutir as formas e políticas de ingresso é um dos temas mais caros às Instituições de Ensino Superior (IES) nacionais. Nos últimos anos, em vista ao alcance das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação, esse debate tem se intensificado e provocado a adoção de variadas formas de acesso às Universidades. Entretanto, devido a complexidade que envolve o tema, esse acesso ainda se encontra comprometido.
Atualmente, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) possuí 14 mecanismos de entrada em seus cursos, que incluem entre outros, o Processo Seletivo Vestibular e editais de preenchimento de vagas remanescentes por portadores de diplomas. “Ao que pese as políticas o aumento nas políticas dos últimos anos, o acesso ao ensino superior ainda é um privilégio no país”, observa a pró-reitora de Graduação, professora Maria Olinda Barreto.
A partir dos dados disponíveis na Instituição a Pró-reitoria de Graduação (PrG) e o Núcleo de Seleção promoveram na quinta-feira, 8, o Seminário Sobre as Políticas de Ingresso na Universidade Estadual de Goiás, um espaço para a avaliação e o debate sobre o processo de acesso às graduações na UEG. “A partir das informações que nós possuímos precisamos buscar uma avaliação que nos permita entender esse processo e ampliar o nosso olhar diante das dificuldades encontradas para assim superá-las”, aponta a pró-reitora.
O sociólogo Dijaci David de Oliveira, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) conferencista do Seminário, explica que a oferta de vagas no ensino superior é significativa, entretanto, com limitação no acesso. “Nós já atingimos uma faixa expressiva, entorno de 18%, porém se nós queremos dar um grande salto temos que ampliar para no mínimo o dobro desse número”, explica.
Fluxo
Os números apontam que a quantidade de egressos no ensino médio é inferior ao número de vagas disponíveis no superior, fator que limita a entrada de mais pessoas nas Universidades. “Nós precismos pensar formas de ampliar a quantidade de saída do ensino médio e assegurar que essas vagas ofertadas sejam cobertas”, explica.
O professor aponta dois momentos de expansão das vagas no país: a ampliação da rede particular na década de 1990 e a abertura e expansão da rede federal, na primeira década do século XXI. Em sua análise, o momento político, econômico e social que atravessa o país, deve ter desdobramentos no preenchimento das vagas.
Inclusão
Ainda que não seja o cenário ideal, as políticas assumidas pelas IES nos últimos anos garantiram que determinados sujeitos, antes excluídos do ensino superior, hoje já se encontrem no mundo acadêmico. “Nós ampliamos a diversidade de sujeitos nas Universidades. Mas precisamos também criar os mecanismos para que essas pessoas possam concluir com êxito os seus cursos”, aponta a professora Maria Olinda.
Para o reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, a discussão é importante para que a Universidade tenha pontos de ancoragem a partir dos quais possa refinar a sua política de acesso. “Em 2017/1 nós obtivemos nossa melhor performance em quase uma década. Ficando com menos de 3% de vagas remanescentes, frente a uma média de 20% nós últimos anos. O que se espera é que a partir das discussões no Seminário nós possamos avançar ainda mais em nossa política de acesso”, afirmou.
Um dos pontos levantados pelo reitor para os bons índices no último processo seletivo, foi o empenho das equipes dos câmpus na divulgação do vestibular. O professor Fábio Santa Cruz, relatou que esse trabalho é rotina no Câmpus Formosa, do qual é diretor. Segundo ele esse processo continuado é responsável, por exemplo, pelo alto índice de solicitações de pedidos de isenções de candidatos à vagas nos cursos do Câmpus. “Nós utilizamos muito as redes sociais, e observamos que temos obtidos um bom engajamento. As pessoas curtem, compartilham e fazem as informações circularem”, observa.
Entre as questões levantadas no seminário foi a possibilidade da gratuidade do vestibular. O professor João Paulo Oliveira, do Câmpus Iporá, conduziu a questão. Para ele, o valor das taxas é um fator dificultador para determinadas faixas populacionais. “As taxas são um fator de desistência de candidatos. Acredito que a gratuidade, ou mesmo a diminuição nesses valores, considerando o perfil de alunos que nós atendemos, irá fazer com que nós tenhamos um aumento significativo no ingresso”, analisa.
A diretora do Núcleo de Seleção, professora Eliana Machado, vê com ressalvas essa questão. “Nós passamos por um momento orçamentário complicado no país. É preciso que todas as questões que envolvam o Processo Seletivo devam ser tomadas de maneira que não o comprometa”, pontua.
“Os pontos levantados durante o dia serão importantes para que nós possamos fortalecer ainda mais a nossa política de acesso. É importante essa pluralidade de olhares sobre o tema, só assim vamos conseguir efetivamente criar mecanismos para superação dessa problemática”, afirma a professora Maria Olinda.
(Fernando Matos | CeCom|UEG)