O Programa Educando e Valorizando a Vida da Universidade Estadual de Goiás (EVV|UEG) realizou na sexta-feira, 16, a abertura do II Seminário de Mobilidade Urbana e Trânsito, uma parceria com o Departamento Nacional de Trânsito de Goiás (Detran-Go). Com o tema #eusou+1 por um trânsito+seguro, o evento contou em sua abertura com uma conferência do antropólogo Roberto DaMatta.
O objetivo do evento foi discutir e propor estratégias para solucionar os problemas enfrentados atualmente no trânsito, que a cada dia se torna mais violento. Segundo o coordenador-geral do EVV, Hugo Paraguassu Serradourada, o Seminário é um importante espaço para o debate e a troca de experiências sobre a temática. “O país registra em média 120 mortes diárias no trânsito, uma realidade que precisa ser mudada urgentemente. E a educação é uma porta de entrada para essa mudança”, afirmou.
Dados apresentados pelo presidente do Detran-Go, Manoel Xavier, apontam que neste ano o número de carros nas ruas de Goiânia é quase o dobro do registrado em 2005. “A frota em Goiás é de mais de 3,6 milhões de veículos, que somados ao crescimento desordenados das cidades traz resultados perturbadores: engarrafamentos, falta de estacionamento, mortes, além de problemas ambientais e de saúde”, observou.
Espaço de disputa
Para o antropólogo Roberto DaMatta, o espaço público é um campo disputado por diversos agentes. Motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres competem por um espaço cada vez mais escasso. “É um espaço tenso. Nós somos uma sociedade que tem dificuldades em lidar com situações igualitárias típicas do trânsito, onde todos estão submetidos às mesmas regras”, analisou.
DaMatta destacou ainda que dirigir é um privilégio. “O Estado concede uma licença para o cidadão dirigir. É fundamental que se tenha essa consciência. A rua é de todos. Entretanto, se você possui um certo perfil, pode, possivelmente, se safar mais facilmente das punições”, observou.
Mediador nas discussões da noite, o reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, observou que as cidades atuais são pensadas para os carros. “Isso ocorre porque eles são a própria expressão de poder”, afirmou. Segundo ele, essas posturas são próprias da ruptura entre o espaço público e o privado. “Veja bem, essa apropriação do espaço público para benesses pessoais é próprio de uma estrutura social que bonifica e pune de acordo com as relações que os indivíduos estabelecem”, ponderou.
Para Camila Dantas, supervisora técnica de exames veiculares do EVV, eventos como o do Seminário precisam ser incentivados. “É preciso que nós, que somos agentes dessa estrutura, tenhamos mais espaços de diálogos. Precisamos entender e visualizar a cidade. E assim, pensar coletivamente formas mais humanas de ocupá-la”, finaliza.
(Fernando Matos |CeCom|UEG)