Promoção da igualdade racial e superação do racismo são focos da primeira edição do Circuito da Consciência Negra, organizado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Anápolis.
O evento teve início na manhã dessa quinta-feira, 20 de novembro, quando é comemorado o dia da Consciência Negra em referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. A programação segue até sábado, 22.
A abertura do Circuito ocorreu na Praça Bom Jesus, no centro de Anápolis. Estiveram presentes o secretário de cultura de Anápolis, Augusto César de Almeida, representando o prefeito da cidade, João Batista Gomes Pinto; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), José Natal; o pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da UEG, professor Marcos Antônio Cunha Torres, além do reitor da UEG, professor Haroldo Reimer.
Universidade em diálogo
Estudantes e professores do Colégio Estadual Professor Faustino também participaram do evento. Ana Luíza Jacob, de 16 anos, se destaca em meio aos colegas de escola por caminhar em uma direção contrária à onda de alisamento capilar. Ela exibe os enormes cachos afros, que chamam a atenção pela exuberância e naturalidade. A jovem cursa o terceiro ano do Ensino Médio. Ela reconhece a relevância de eventos que tratem sobre a consciência acerca de diversos temas sociais, entre eles a discriminação racial. Ela ainda aponta a importância do diálogo entre a Universidade, a comunidade e as escolas.
“É importante para nós, que vamos conhecer a Universidade, nós, que somos os jovens futuros estudantes desta Universidade e que vamos traçar uma carreira profissional a partir de lá, que conheçamos e nos demos conta de que ela está envolvida em temas importantes como a luta contra a discriminação racial”, explica a jovem.
A professora Ana Maria de Freitas Rocha dá aulas na mesma escola em que Ana Luíza estuda. A docente também destacou a importância do diálogo com a universidade. “Um evento como esse serve para transformar a ideia de que a Universidade está distante. Ela está próxima das outras etapas escolares. É tudo uma sequência”.
Trajetória de lutas e conquistas
Também esteve presente no evento o Babalaô Ifadipé, líder religioso do terreiro Pai Chico Preto. Segundo ele, eventos como o Circuito da Consciência Negra desenvolvem nas pessoas um novo olhar, não só acerca do racismo, mas também sobre as religiões de matrizes africanas ou afro-brasileiras.
O pró-reitor da UEG, Marcos Antônio Cunha Torres, lembrou a trajetória de luta do povo africano no Brasil e a criação dos Quilombos. Ele ainda enfatizou a realidade de exclusão social do negro no país, que é consequência, principalmente, do período de escravidão. “No Brasil, o tratamento em relação aos pobres foi definido pela escravidão e, portanto, os negros se tornaram os pobres. Assim, nós conjugamos uma enorme discriminação social gerada e alimentada pelo racismo”, explica Torres.
A primeira manhã de evento terminou com um “Abraço Negro”, reunindo os presentes ao entorno da fonte da Praça Bom Jesus. Vestindo camisetas com os dizeres “Racismo é Crime! Denuncie!”, todos deram as mãos e formaram um grande círculo que simbolizou a força da união de todos na luta contra o preconceito racial.
Na tarde desta quinta-feira o evento continua com apresentações de grupos de Hip Hop e ações de grafitagem. O Balé Folclórico Negras Raízes, da UEG, também se apresenta no primeiro dia de evento.
Confira abaixo a programação completa do Circuito da Consciência Negra:
Dia 20/11
8h - Abertura do evento seguida do “Abraço Negro” – ação SINTEGO, e da Blitz Consciente – panfletagem e divulgação do Disque Racismo nas Av. Goiás com Engenheiro Portela e Av. Goiás com Av. Barão do Rio Branco
14h – Projeto Cultura para Todos - apresentação de grupos de Hip Hop e Grafitagem17h – Balé Folclórico Negras Raízes/UEGLocal: Praça Bom Jesus
Dia 21/11
09h às 11h - Exibição de documentário sobre igualdade de direitos e diversidade, com roda de conversaLocal: Auditório da Escola de Música – Av Goiás esq. c/ Av. 14 de Julho
Dia 22/11
SAMBA NO BECO – Edição Igualdade RacialCom participação do grupo de percussão do Terreiro de Umbanda Pai Chico Preto/AnápolisA partir das 15hLocal: Beco da UEG – Bairro Jundiaí