Semana da Física traz discussões relevantes aos formandos da área
A construção do saber científico e sua divulgação são processos que – tradicionalmente – ficam restritos aos grandes polos ou centros de pesquisa, barrando o acesso de pesquisadores e estudantes ao conhecimento que é construído a cada dia. Por isso, eventos como congressos e simpósios têm grande importância para aproximar instituições, pesquisadores e suas descobertas.
A IX Semana da Física da UEG, realizada em Pirenópolis de 10 a 12 de outubro, atendeu não apenas a essa prerrogativa, mas também contribuiu para impulsionar o interesse dos discentes pelo curso e seus desdobramentos.
Neste ano, a Semana da Física reuniu temáticas atuais para a área, como marco dos 50 anos das Desigualdades de Bell e do Bóson de Higgs, ambos abordados em palestras. Nos três dias de evento, cerca de 100 estudantes puderam assistir a sete palestras, duas mesas-redondas, quatro minicursos, além do lançamento do livro A equação de Schrödinger no Caleidoscópio, do professor Basílio Baseia. Os discentes também tiveram a oportunidade de apresentar um pouco das próprias produções com painéis e apresentações orais.
O professor Agnaldo Rosa de Almeida, da comissão organizadora do evento, destaca que – devido aos apoios conseguidos para esta edição – foi possível complementar a programação. “Conseguimos melhorar qualitativamente este evento, trazendo bons pesquisadores para compartilhar um pouco do conhecimento e das pesquisas que eles desenvolvem”, conta. Este ano, a Semana da Física trouxe palestrantes de outras Instituições Públicas de Ensino Superior, como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Explorando os temas
O primeiro dia da Semana da Física contou com palestras dos professores Norton G. de Almeida (UFG), Ettore Baldini-Neto (Uninove) e João Renato Carvalho (USP - SC). Norton ministrou a palestra de abertura, trazendo aos estudantes um panorama das Desigualdades de Bell, seus antecedentes e seu desenvolvimento, até suas aplicações no presente.
A segunda palestra do dia, “Estrutura de núcleos, núcleos exóticos e estrelas”, abordou a Física Nuclear, responsável pelo entendimento do núcleo dos átomos. O professor Ettore Baldini discutiu as estruturas nucleares em baixas energias. O centenário da Cristalografia foi o tema da última palestra da sexta-feira, ministrada pelo professor João Renato Carvalho. “Cristalografia: 100 anos construindo o quebra-cabeça da vida” apresentou a história do desenvolvimento da área. “É uma técnica desconhecida do público em geral, mas é uma parte da física experimental que é muito importante”, explica o professor. “Por meio da utilização dessa técnica nós temos a posição atômica de todos os átomos de uma estrutura. Conhecendo-se a estrutura de uma macromolécula ou de uma pequena molécula é possível, por exemplo, desenvolver novos fármacos”.
Além das palestras, os participantes puderam participar de dois mini-cursos: “Células a combustível – buscando energia mais limpa e eficiente”, com o professor Fábio Coral Fonseca, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN/CNEN); e “Nanomateriais: produção e aplicações”, com André Santarosa Ferlauto (UFMG).
A escolha da programação agradou a estudante Camila Brito. “A programação está ainda melhor que a do ano passado. Os temas dos mini-cursos e das palestras, para nós, são muito produtivos”, aponta, “dá para a gente ter uma noção do que ainda vai aprender e ficar mais interessada pela área”.
A Equação de Schrödinger no Caleidoscópio
O primeiro dia da IX Semana da Física da UEG terminou com o coquetel de lançamento do livro "A Equação de Schrödinger no Caleidoscópio", do professor Basílio Baseia. A obra é uma parceria com o professor Vanderlei S. Bagnato, da USP-São Carlos. O livro começou a ser escrito por volta de 1996, em São Carlos, continuado na UFG durante a estadia do professor nesta Universidade, e concluído neste 2014. “Trata-se de um livro de Mecânica Quântica que inclui vários detalhes que não aparecem geralmente nos livros textos, que tive que cavar onde encontrar a referência de uma prova e daquela outra, etc.” - conta o autor.
Com capítulos curtos, o livro busca resumir as várias aplicações possíveis da Equação Schrödinger, além de situações geralmente não abordadas nos livros textos publicados. O nome do livro veio de uma experiência com Caleidoscópios ainda na adolescência, quando Basílio trabalhava como sapateiro e aprendeu a construir o aparelho. “Eu conto que quando virei físico eu peguei a equação de Schrödinger e a coloquei dentro do Caleidoscópio. E o que vi foi essa variedade de capítulos que formam o livro”, brinca Basílio, em alusão ao o instrumento óptico Caleidoscópio e à grande variedade de padrões visuais que ele mostra.
(CGCom|UEG)