Mãe e filha encontram, na UEG câmpus São Luís de Montes Belos, motivações para serem pioneiras na pesquisa sobre a perspectiva da Aprendizagem Significativa de David Ausubel
Andréa Kochhann e Ândrea Carla Moraes. Mãe e filha. Ambas egressas do curso de Pedagogia do câmpus São Luís de Montes Belos. Andréa é professora do curso e Ândrea é mestranda do Programa de Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (MIELT). Além da proximidade familiar, as duas construíram uma relação acadêmica que gerou bons frutos para a Universidade Estadual de Goiás (UEG). Andréa foi professora de Ândrea ainda na graduação, quando elas se uniram para pesquisar um tema que ainda era pouco explorado na academia, a Aprendizagem Significativa.
“Tudo começou com meu estágio supervisionado. Eu utilizei a expressão 'aprendizado significativo' ao analisar minha experiência na educação infantil. A professora da matéria pediu que, em meus relatórios, eu embasasse meu argumento teoricamente. Foi quando me deparei com a falta de bibliografia sobre o assunto”, explica Ândrea.
Andréa conhecia o termo e o seu conceito, mas teve pouco contato com o assunto para estudá-lo com profundidade. “Por trabalhar com Psicologia da Educação, já havia lido uma coisa ou outra sobre David Ausubel, autor que trabalha o tema”, conta a mãe, ao afirmar que as pesquisas sobre a teoria da Aprendizagem Significativa no Brasil eram mínimas, em Goiás não havia nenhuma. “Daí partiu nossa pesquisa, realizada em 2011. Qual a contribuição do conceito de Aprendizagem Significativa de David Ausubel para a educação?”.
O trabalho de conclusão de curso de Ândrea foi orientado pela mãe e foi resultado dessa pesquisa. “Ausubel criou um discurso bem acadêmico de forma a sugerir como os professores deveriam planejar e realizar suas aulas para alcançar uma aprendizagem significativa com seu aluno”, explica Andréa.
A pesquisa das duas foi realizada nas salas de aula de Educação Infantil e de Ensino Superior, com perguntas para os professores sobre como eles conduziam suas aulas e com sugestões para que a Aprendizagem Significativa fosse priorizada no ambiente educacional. Mas afinal, o que é Aprendizagem Significativa (AS)?
“O primeiro ponto da AS é que o conteúdo que o estudante vai aprender tem de ser significativo para ele. Significativo no sentido mais simples da palavra. O conteúdo tem de ter importância para que ele queira aprender”, explica Andréa. “Segundo o autor, o professor deve dar sentido e contextualizar o conteúdo para que os alunos queiram construir conhecimento por meio dele”.
Para Ausubel, o aluno é ator e autor do seu conhecimento. Nesse sentido, o professor é um mediador da experiência de construção de conhecimento que ocorre na sala de aula. Portanto, a AS é resultado de um ensino que prioriza a bagagem dos estudantes, antes que lhes sejam apresentados novos conteúdos. Diante dessas observações, a pesquisa se tornou o projeto de extensão “Conhecendo a Aprendizagem Significativa de David Ausubel”.
“Nós sintetizamos a monografia da Ândrea em um manual didático-pedagógico com perguntas e respostas sobre a Teoria. Com o projeto, nós visitamos os câmpus e realizamos minicursos, palestras e rodas de conversa sobre a AS”, conta Andréa.
Nesses encontros, as duas pesquisadoras apresentam a sistematização da Teoria de Ausubel para que os professores e professoras da UEG conheçam as possibilidade da AS. O material utilizados por elas conta com a colaboração bibliográfica de outros autores que também pensam o aprendizado significativo em sala de aula.
As pesquisadoras defendem a ideia de diferentes modalidades de aprendizado, teoria do brasileiro Júlio César Santos. “Um dos maiores desafios de um professor é conhecer todos os seus alunos e todas as modalidades de aprendizado presentes na sala. Tem aluno que só aprende vendo imagens, filmes, diagramas. Esse é o aluno da modalidade visual. Outro aluno pode ser auditivo, aquele que não gosta de copiar do quadro, mas assimila melhor ouvindo uma aula expositiva. E tem o aluno que é mais do 'fazer', aquele que precisa anotar, fazer rascunhos. Esse é o aluno cinestésico”, explica Andréa.
Diante de todas essas modalidades, o professor deve ter sensibilidade para detectar o conhecimento prévio daquele aluno. Depois disso, a condução das aulas deve contemplar todas essas modalidades para que os estudantes tenham iguais chances de absorver o conteúdo à sua maneira.
As duas pesquisadoras explicam que a AS pode ser aplicada em quaisquer etapas do processo de ensino-aprendizagem. Parte da Teoria de Ausubel fala do mapa conceitual que, segundo Andréa, é a sistematização de uma linha cíclica de pensamento para se chegar ao objetivo desejado. “O mapa conceitual é construído em torno de uma palavra-chave. Se o objetivo do professor é conhecer a bagagem do aluno, ele elenca todas as palavras associadas ao que ele deve fazer para conseguir isso”, explica a professora. Da mesma forma esse mapa pode ser utilizado na apresentação dos conteúdos e nas atividades de avaliação.
A avaliação também é outro ponto de destaque da AS. Segundo a professora, colocar um grande X à caneta vermelha nas respostas erradas dos estudantes não cumpre o objetivo do ensino. Apontar o erro, simplesmente, não conduz o aluno ao aprendizado.
Um aluno que não entende um conteúdo deve, portanto, ser apresentado a ele por meio de uma nova abordagem. Dessa forma, o professor conduz seus estudantes a ter uma relação de individualidade com o conceito do que é ensinado e, assim, a avaliação pode extrapolar o simples 'saber o que é'. “O importante não é fazer o aluno saber o que é o conceito, mas sim fazê-lo apresentar qual seu posicionamento diante dele”, conta Andréa.
Depois de percorrer os caminhos do ensino, da pesquisa e da extensão, mãe e filha sistematizaram um livro, 'Aprendizagem significativa na perspectiva de David Ausubel'. O livro, segundo as autoras, tem como objetivo apresentar todas as perspectivas da AS na educação. A obra foi publicada pela Editora UEG e já tem datas de lançamento programadas para todo o mês de outubro em vários câmpus da UEG.
O livro, muito mais do que um texto capaz de delinear o discurso de Ausubel, é resultado de um trabalho que uniu, em São Luís de Montes Belos, duas mulheres da academia em prol de um tema que precisa ser mais debatido na área da educação. “Não pretendemos dizer que o que está no livro é o que deve ser seguido em sala de aula. Mas temos a sistematização dos processos didático-pedagógico que torna o ensino mais prazeroso tanto para o professor, quanto para o aluno. Essa é a ideia central da AS, construir um conhecimento equilibrado e com profundidade, aproveitando ao máximo a capacidade do aluno e explorando o papel de mediador do professor”, finaliza Andréa.
(CGCom|UEG - Alisson Caetano)