Discutir os rumos do ensino de licenciaturas no Estado e buscar alternativas para reverter o quadro de desvalorização que as carreiras em educação enfrentam na atualidade foram os principais temas da audiência pública promovida pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) e pelo Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Goiás (Ipes/Go), realizado na última sexta-feira, 12, no câmpus Pirenópolis da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Na abertura da audiência o reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, reforçou que a instituição irá empreender todos os esforços para sanar o déficit que Goiás, seguindo a tendência nacional, enfrenta atualmente na área da educação. Segundo ele, há estudos em andamento na UEG sobre a viabilidade da criação de Centros Estaduais de Licenciaturas, onde será possível receber formação com mais qualidade.
“Todos nós sabemos que a médio prazo haverá falta de professores no País. Nós, da UEG, sabemos e reconhecemos essa crise na formação de professores e responderemos a ela com projetos cada vez mais consolidados para a formação de professores. Um dos eixos será a criação de centros regionais de licenciaturas, com formação de qualidade, inclusive com cursos de pós-graduação e com a viabilização de bolsas de estudo para licenciaturas”, observou Haroldo Reimer.
A Secretária de Educação Estadual, Vanda Dasdores Siqueira Batista, reconheceu os esforços das instituições na consolidação do ensino estadual e recebeu os cumprimentos dos presentes pela nota obtida na última avalição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), no qual o Estado obteve a primeira colocação.
Pensar além
O professor Luís Carlos, doutor em física pela Universitat de Regensburg, há muito trabalha com educação, inclusive, como membro do Conselho Técnico Científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior para Educação Básica e membro da equipe de Projeto de Currículos Integrados para o ensino Médio da UNESCO. Ele foi responsável pela palestra do evento.
Para o professor o desafio da educação no País não perpassa apenas a qualidade na formação dos futuros professores no ensino superior, mas tange, também, a formação de base. Segundo Luís, estamos inseridos em um sistema de ensino que não dá conta de formar um aluno que pense além do conteúdo.
“A educação precisa ser entendida como ferramenta de formação capaz de fazer o aluno pensar sua realidade e entender esse cenário de forma ampla aliando teoria e prática", observou.
Para ele, esse cenário precisa passar, principalmente, pela valorização dos profissionais da educação. Essa valorização, no entanto, não perpassa somente a questão salarial e não bastam apenas vencimentos atrativos sem que esses sejam responsavelmente pensados. Luís afirma que é preciso repensar a carreira em sua amplitude, aliando salários, planos de carreira e formação continuada.
A questão da valorização precisa, necessariamente, problematizar questões teóricas e práticas e aproximações entre as diferentes disciplinas, criando pontes e pontos comuns que possam ser trabalhados entre as diferentes áreas.
O professor Luís Carlos observa, também, que essa formação deve ser estruturada de forma sólida e não com cursos paliativos de algumas horas.
Carta de Pirenópolis
Após a palestra do professor, os representantes das instituições presentes expuseram as realidades enfrentadas em suas instituições em seus cursos de licenciaturas. Baixa procura aliada a um grande índice de abandono dos cursos se tornam características cada vez mais evidentes no ensino das licenciaturas.
Para evidenciar essas múltiplas realidades, foi lida, no evento, uma proposta para a Carta de Pirenópolis, um documento que será lançado com as principais questões enfrentadas no ensino dos cursos de educação, além do panorama da educação de base e a questão das carreiras em educação. Após a aprovação do texto, a carta será lançada ainda nas próximas semanas.
(CGCom|UEG)