Educação e Sustentabilidade são dois conceitos que se interligam profundamente. Com o objetivo de discutir essas ligações, a Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com a Rede Internacional de Escolas Criativas (Riec) e os programas de pós-graduação Stricto Sensu da instituição – Mestrado em Educação, Linguagens e Tecnologias e Mestrado em Ambiente e Sociedade – realizou na sexta-feira, 5 de setembro, o Fórum Internacional sobre Cidades Sustentáveis, Educação e Tecnologias.
Como convidado e principal atração do evento, o professor espanhol – radicado na Suécia – Francisco Ramon Garrote Jurado participou da conferência de abertura do evento, Cidade Sustentável, Tecnologias e Sociedade, na qual apresentou o exemplo de sua cidade atual, Borås.
O local é considerado uma das cidades mais sustentáveis do mundo após ter atingido aproximadamente 100% de reaproveitamento do lixo produzido pelos habitantes. O próximo objetivo é a erradicação do uso de combustíveis fósseis. Para chegar a tal patamar de práticas sustentáveis foi imprescindível a participação dos moradores, que aderiram aos conceitos de sustentabilidade e uso da tecnologia.
“Temos problemas ecológicos, como todos, mas tentamos diminuí-los”, contou o pesquisador durante a apresentação. Segundo Ramon, na Universidade de Borås busca-se desenvolver pesquisas que atendam às demandas locais. Os programas de pós-graduação são desenvolvidos tendo como ponto de partida os problemas da cidade – dessa forma a Universidade contribui criando soluções para sociedade. O foco nas ações sustentáveis começou há cerca de duas décadas e, agora, começa a contabilizar os resultados.
Um objetivo coletivo
Para chegar a esses resultados o desenvolvimento sustentável foi integrado a todas as áreas da Universidade de Borås, passando a constar nas principais atividades da instituição.
O conceito é desenvolvido em três plataformas: Resource Recovery (Recuperação de Recursos), Waste Recovery (Recuperação de Resíduos) e Waste Refinery (Transformação de Resíduos). Todas aliam pesquisa e geração de produtos. Segundo o professor Ramon, para que a sociedade participe é necessária uma contrapartida. Em Borås, a contrapartida vem como produção de etanol e biogás. Eles são usados como combustíveis em parte da frota municipal e na calefação das casas. Também foram descobertos outros reaproveitamentos, úteis à sociedade, como ração para peixe e materiais superabsorventes.
“O lixo é um problema, o que acontece é que não o vemos, porque as cidades o escondem”, aponta o pesquisador. A cidade de Borås conseguiu transformar o lixo em produto, tendo a população local como protagonista do processo. Isso porque os habitantes aderiram ao propósito. No modelo desenvolvido na cidade, os moradores separam seu lixo diário, em orgânico e reciclado. Outros tipos de materiais podem ser dispensados em depósitos, localizados a até 1 km de distância dos moradores. “Temos que pensar de um jeito diferente quando vemos o lixo. O lixo é útil”.
A estratégia da Universidade de Borås para promover o desenvolvimento sustentável prevê ainda parcerias com empresas locais e instituições internacionais – a vinda à UEG faz parte dessa ação. O propósito é estreitar laços e, principalmente, divulgar o trabalho desenvolvido. “É isso que se pretende com esses eventos internacionais: disseminar o conhecimento que temos adquirido nos últimos 25 anos, por meio de investigações. É um conhecimento bastante pioneiro”, conta Ramon Garrote; “Essas ideias não têm porque ser copiadas para outras cidades, mas essas ideias podem se adaptar a outras realidades”, completa.
Programação
O Fórum Internacional sobre Cidades Sustentáveis, Educação e Tecnologias continuou ao longo da tarde, com a conferência “Formação humana, ecologia dos saberes e ampliação da consciência”. Além desta, ocorreram ainda as mesas-redondas “Escola criativa, ecoformação de professores e consciência planetária sustentável”; “Educação ambiental, transdisciplinaridade e responsabilidade planetária”; e “Cidades sustentáveis: reflexões e proposições do projeto inter/transdisciplinar do curso de pedagogia da UEG/Inhumas“.
(CGCom|UEG)