Dentre as atividades que compõem a programação do Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat) está o Simpósio Nacional “Saberes e Expressões Culturais no Cerrado”, que ocorre até a próxima sexta-feira, 29, no Câmpus da UEG na cidade de Pirenópolis. Durante a última quarta-feira, 27, mesas-redondas marcaram o primeiro dia de evento.
A temática da conferência de abertura foi “O carnaval e a cultura popular”. Os professores convidados foram Luiz Felipe Ferreira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Eliézer Cardoso, da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Uma das atividades do segundo dia de Simpósio foi a conferência com o professor Jadir de Moraes Pessoa, da Universidade Federal de Goiás (UFG), com mediação do professor João Guilherme Curado, da UEG. A temática abordada nesta quinta-feira, 28, foi “Expressões culturais no cerrado: devoção e festas na Folia”.
Turismo mercadológico
As discussões levantadas pelo professor Jadir dialogam com algumas temáticas que surgiram durante outras atividades do Fifat. A relação entre a preservação das manifestações culturais regionais e o turismo das cidades, por exemplo, foi um dos assuntos debatidos na abertura das Rodas de Conversa nesta terça-feira, 26. Durante o bate-papo no salão paroquial da Matriz Nossa Senhora do Rosário, o público presente levantou a discussão de que o olhar externo, do turista, pudesse contribuir para a manutenção das tradições culturais locais. (Leia aqui matéria sobre a abertura do Espaço Roda de Conversa)
Em sua fala, o professor Jadir abordou esse assunto com a visão de que os empreendimentos turísticos possuem duas vertentes: aquela que visa potencializar as manifestações culturais populares e aquela que se apropria destas manifestações, adaptando-as até que se transformem em mercadorias. Esse processo é chamado pelos estudiosos como “Espetacularização do Folclore”.
Tradição inovada
O grupo Bumba Meu Boi de Axixá é um dos doze que tem participado das atividades do Fifat. Leila Naiva é a diretora do grupo e conta sobre as dificuldades que enfrenta ao realizar mudanças na concepção do espetáculo sem que a identidade histórica do grupo seja perdida. “Os grupos começaram a contratar as bailarinas só por causa da beleza. Elas tinham que ter tantos centímetros de perna, de quadril, de seios. Eu sentia que isso era feito só para atrair a atenção. Eu acho que esse tipo de mudança acaba com a identidade dos grupos”, explica Leila.
O conflito entre as inovações e as tradições foi um dos principais temas tratados pelo professor Jadir durante sua palestra no Simpósio. Segundo ele, esses conflitos entre o velho e o novo, como ele mesmo define, são extremamente necessários, pois o processo histórico que dá novas linguagens e formas à vida depende dessa interação. Contudo, para que esse processo de troca resulte em memória e em aprendizado, o professor lembra que é necessário haver uma junção entre elementos do passado e do presente. “Se somente o velho der as coordenadas, a sociedade não se desenvolve. Mas, ao mesmo tempo, se só o novo se impõe, não existe memória e não há nada a aprender com o que aconteceu”, explica.
(CGCom|UEG)