O auditório do Centro Cultural Ita e Alaor, em Pirenópolis, recebeu o palestrante Decio Coutinho para compor as atividades da Feira de Economia Criativa do Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat). Nesta quarta-feira, 27, Decio, administrador de empresas com mestrado em Antropologia, apresentou os conceitos fundamentais para se entender a economia criativa com o workshop “Do barro ao byte”.
Para colocar a discussão junto à proposta do Festival, Decio explorou a interface entre arte e mercado de forma a apresentar a economia criativa como possibilidade de valorização do setor econômico. “As manifestações de nível cultural sobrevivem a duras penas, tanto no Brasil quanto em outros países. Esses conceitos que eu trago, sobre economia criativa, podem facilitar bastante esse fazer cultural”, explica o palestrante.
A dinâmica da culturalização do setor econômico é algo recente e impõe um desafio àqueles que buscam explorar o negócio por um viés cultural. “Trabalhar com a cultura é um dos maiores desafios do empreendedor. O resultado pode ser a plastificação de uma tradição cultural e não é isso o que buscamos. A economia criativa tem que partir da cultura e não o contrário”, comenta Decio ao exemplificar a riqueza de se agregar valor cultural a um produto não cultural. “Uma cadeira sem identidade é só uma cadeira que pode ter sido feita em qualquer lugar do mundo. Se eu pego uma cadeira e conto a história de quando Mozart sentou nela, ela ganha um valor cultural e econômico que é único".
Partindo dessa ideia, Decio explica que cada vez mais é preciso saber contar histórias, com criatividade, para gerar o valor que se busca no empreendedorismo criativo. Para isso, o empreendedor precisa de uma personalidade criativa. Essa personalidade cria o processo de um trabalho intelectual que, por sua vez, gera valor econômico. “A criança tem o espírito da curiosidade necessário ao empreendedor. Quando crescemos tendemos a entrar no modo automático e esquecemos de perguntar os por quês”, revela o palestrante.
A ideia geral de “Do barro ao byte” é mostrar que simplicidade, criatividade e tecnologia aliadas formam uma base consistente para se atingir modelos de negócio de referência.
A diversidade é, segundo Decio, o fermento da economia criativa. E é por meio dela que se atinge um dos princípios básicos do empreendimento de destaque: a participação, a troca, o social. O grande desafio para quem quer se destacar é se posicionar no mercado com um produto autêntico. Ser relevante, no entanto, requer uma cabeça aberta a novas possibilidades. “O mundo exige que nosso intelecto seja mutável, principalmente para perceber as mudanças que estão à nossa volta”, argumenta.
Na plateia do workshop, pessoas de diferentes áreas puderam apreender a dinâmica da transformação de trabalhos criativos em expressão econômica. “É de extrema importância que um festival de artes tradicionais de nível internacional abrigue uma discussão dessas. Entender a economia criativa é parte da compreensão do mundo no qual estamos inseridos”, finaliza.
Crédito produtivo
Dentro das atividades da Feira de Economia Criativa, o Fifat trouxe o minicurso Plano de Negócios para Empreendedores. A iniciativa é uma parceria do Programa de Incubadoras da Universidade Estadual de Goiás (UEG) com a Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás (SIC). Mauro Divino dos Santos, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foi o responsável por apresentar as estratégias necessárias para a elaboração desse plano.
“O planejamento de negócios visa elencar todas as iniciativas de administração, voltadas tanto para empreendimentos que estão no início, quanto para os que queiram uma expansão. O curso fala da captação de clientes, da análise de mercado, até alcançarmos resultados em números para ver se aquele negócio vai ter resultado ou não”, explica. Essa parceria com a SIC, além do curso, também prevê um crédito produtivo ao empreendedor.
O foco do minicurso é fazer com os seus ouvintes utilizem esse crédito de forma planejada. Quem faz o curso apresenta todo esse planejamento que depois passa por uma análise da SIC. Toda a montagem do processo é tratada no minicurso. “Para ter esse crédito, você tem que participar desse curso. O objetivo é justamente que os empreendedores saibam como utilizá-lo”, finaliza o palestrante.
As atividades da Feira de Economia Criativa, que compõe a programação do Fifat, ocorrem até esta sexta-feira, 29.
(CGCom|UEG)