Rodas de conversa, apresentações culturais e exibição de documentários foram algumas das atividades que aconteceram no primeiro dia do Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat), em Pirenópolis. A temática da roda de conversa da tarde desta terça-feira, 26, foi “Influências históricas em cidades folclóricas: culinária, música, artesanato, dança folclórica e poesia”. Para realizar direcionar os debates foram convidados a professora Izabel Signorelli, presidente da Comissão Goiana de Folclore e integrante da equipe da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o presidente da Comissão Nacional de Folclore, Severino Vicente e o escritor goiano Bariani Ortêncio.
A roda foi composta por senhoras de algumas famílias tradicionais, além de moradores da cidade Pirenópolis. Em suas falas, todas as senhoras demonstraram preocupação com a manutenção da cultura pirenopolina. O primeiro tema abordado foi o das Bandas de Couro, um dos elementos que compõem a tradicional Festa do Divino. Componente das tradições escravas, a banda era parte das práticas religiosas da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de Pirenópolis. Com a demolição da igreja, que aconteceu em 1944, os negros escravos passaram a fazer parte da Festa do Divino, juntamente com a banda e seus instrumentos, chamados caixas de couro.
Releituras de tradições
No primeiro dia da novena da festa de pentecostes, essa banda, composta pelas caixas de couro, por algumas crianças e um instrumento de sopro, sai pelas ruas cidade, durante a madrugada, convidando a população a festejar. “Durante nove madrugadas, a Banda de Couro de Pirenópolis faz esse ritual”, conta a professora Aline Santana Lobos, do Colégio Estadual Comendador Cristóvam de Oliveira.
Marta Elisa Lobo é artesã, moradora de Pirenópolis e mãe da professora Aline. Ela foi uma das participantes da Roda de Conversas e conta que sua maior preocupação é com a preservação de aspectos muito particulares das expressões populares, ao mesmo tempo que respeita a miscigenação e as releituras que notou nas apresentações dos grupos folclóricos que fizeram parte da abertura oficial do Fifat. “Participar dessas discussões é bom porque eu vi várias opiniões. Nós estamos no momento da diversidade e é sempre necessário buscá-la devido ao enriquecimento trazido”, conta. Antigas práticas que eram realizadas pelas mães e avós, receitas tradicionais e casos vividos foram relembrados durante a tarde. A cada novo integrante que chegava ao salão paroquial da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, no Centro Histórico de Pirenópolis, a roda se abria para acolher novos pontos de vista e histórias a serem contadas.
Dentre as abordagens das discussões esteve o excesso de envolvimento de jovens e crianças com as novas tecnologias e as mídias sociais. Uma das participantes da roda de conversa defendeu a necessidade do olhar turístico sobre a cultura regional. Segundo ela, a curiosidade de turistas, que não conhecem a cultura local, colabora com a valorização de determinados aspectos que antes não recebiam atenção dos próprios moradores.
(Bárbara Zaiden|CGCom|UEG)