UEG integra Comissão Estadual da Verdade
Goiás teve papel importante na resistência ao regime militar e, agora, é um dos estados com grupo responsável por investigar as violações aos direitos humanos ocorridos à época.
Professora da UEG faz parte da Comissão
Palco de diversos focos revolucionários durante o regime militar – alguns bastante conhecidos, como a Guerrilha do Araguaia – Goiás passou a integrar, no último dia 27 de março, o grupo de estados com Comissões Estaduais da Verdade.
A Comissão Estadual da Memória, Verdade e Justiça (CEMVJ) Deputado José Porfírio é composta por representantes de 18 instituições goianas que atuam nas áreas da educação, direitos humanos e justiça. A Universidade Estadual de Goiás (UEG) participa do grupo com a professora Cristhyan Martins Castro Milazzo, mestre em Ciências Penais e doutora em Ciências da Religião. O papel da Comissão é investigar as violações aos direitos humanos ocorridas no Estado durante a ditadura militar.
Elucidar o passado para garantir o futuro
No centro do país, Goiás teve um papel importante nas lutas de resistência ao regime militar. Em contrapartida, a repressão foi, também, muito forte. Oficialmente, o Estado possui 15 desaparecidos políticos, como o deputado José Porfírio, que nomeia a comissão goiana.
No dia 8 de abril, o Estado deu os primeiros passos rumo ao esclarecimento dos casos, com a reunião inaugural da CEMVJ. A Comissão será dividida em equipes, que investigarão as violações por região. Nas primeiras semanas, a CEMVJ irá receber materiais de investigações realizadas previamente por entidades, como a OAB-GO e o Sindicato dos Jornalistas. Investigações particulares – feita por políticos da época, anistiados e familiares de vítimas – também serão recebidas.
Para a professora Cristhyan, o surgimento das comissões da verdade é um marco, pois elucida um período sombrio do passado, com impactos no presente e no futuro do País. “É uma elucidação dos fatos ocorridos. É importante para servir de lição para que algo do gênero não volte a acontecer”, declara.
Pelo regulamento, a Comissão Estadual tem três objetivos: esclarecer os casos e circunstâncias das ocorrências; identificar locais de memória, centros de tortura, ocultação de cádaver e desaparecimento
forçado; além da identificação de torturadores e de sua “cadeira” de comando. O relatório final será apresentado em dezembro deste ano e será encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, que dará seguimento às investigações de forma unificada.
Para a professora Cristhyan Martins, o principal resultado das investigações será o suporte às famílias e o retorno à sociedade. “Sinceramente, acho que reparar os efeitos do ocorrido àquela época é impossível. Talvez podemos usar a expressão: ‘acalentar os corações destas famílias’. Afinal, apenas se pode tentar algum tipo de conforto, como encontrar elementos ou informações que possam elucidar o paradeiro do corpo das pessoas desaparecidas”, conclui.
(CGCom)